Senador do Podemos pede expulsão de Arthur Do Val do partido: 'Inaceitável'
O senador Flávio Arns (Podemos-PR) disse hoje que apoia que o deputado Athur Do Val (SP) seja expulso do partido e tenha seu mandato cassado. O deputado, também conhecido como Mamãe Falei e um dos líderes do MBL (Movimento Brasil Livre), teve áudios vazados na sexta-feira (04), nos quais chama as mulheres da Ucrânia de "fáceis" e "pobres".
Arns falou que do Val envergonha não só o partido, mas o país. "O que ele realizou é inaceitável sob qualquer ponto de vista: das mulheres ucranianas e qualquer mulher. Menosprezar, desconsiderar, diminuir e se aproveitar, isso envergonha", afirmou na sessão da Comissão de Direitos Humanos do Senado.
O senador disse que o discurso do deputado é uma forma de violência contra as mulheres e o "correto" seria o Podemos expulsar do Val ainda hoje, "antes do Dia Internacional da Mulher", que ocorre amanhã. Para ele, a cassação do mandato "é o que deve acontecer".
No sábado, do Val pediu desculpas. "Foi errado o que eu falei, não é isso o que eu penso, o que eu falei foi um erro num momento de empolgação e pronto", disse ao ser questionado pela imprensa.
Convocação ao Senado
O presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Humberto Costa (PT-PE), propôs hoje um requerimento de convocação de do Val para que ele explique as falas de cunho machista.
No entanto, o pedido para convocar o deputado não foi votado, porque não houve senadores suficientes marcando presença na reunião de hoje da comissão. Apenas 7 dos 18 atuais titulares do colegiado registraram presença, fora uma senadora dos 15 atuais suplentes. Havia a possibilidade de que a presença fosse apenas virtual.
O mínimo necessário para que houvesse votação era de 10 senadores. Nenhuma outra pauta foi votada também. As análises ficarão para as próximas reuniões da comissão.
Desistência
Em São Paulo, o deputado seria candidato ao governo estadual, o que garantiria um palanque paulista para o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, presidenciável do Podemos.
Moro repudiou as falas de "Mamãe Falei" e disse que não mais dividiria palanque com ele. No sábado (5), o deputado anunciou que desistiu de participar da disputa pelo governo paulista.
Entenda o caso
Em uma série de áudios gravados e enviados a um grupo de amigos no WhatsApp, o deputado estadual descreve suas impressões sobre as mulheres da Ucrânia e, em um dos trechos, afirma que elas "são fáceis, porque são pobres".
"Eu estou mal, eu passei agora por quatro barreiras alfandegárias, são duas casinhas em cada país. Eu juro para vocês, eu contei, foram 12 policiais deusas, que você casa e faz tudo o que ela quiser (...)", afirma o deputado nos áudios, que foram revelados pelo site Metrópoles, e aos quais o UOL também teve acesso.
Em seguida, o parlamentar afirma: "Detalhe, hein. Elas olham e, vou te dizer, elas são fáceis, porque são pobres. E aqui, a minha conta do Instagram, cheio de inscritos, funciona demais. Não peguei ninguém, porque a gente não tinha tempo, mas colei em dois grupos de 'minas' e é inacreditável a facilidade. Essas 'minas' em São Paulo, você dá bom dia e ela [sic] ia cuspir na sua cara e aqui elas são supersimpáticas e supergente boa, é inacreditável", prossegue o deputado. Segundo ele, nas "cidades mais pobres, elas são as melhores".
Depois da divulgação dos áudios, o pré-candidato à Presidência da República Sergio Moro (Podemos) disse ter rompido com do Val, seu aliado político. O deputado também desistiu da pré-candidatura ao governo de São Paulo.
O Podemos classificou como "gravíssima e inaceitável" a conduta e anunciou a abertura de um procedimento disciplinar para investigar as falas sexistas dele.
A namorada de do Val, Giulia Blagitz, terminou o relacionamento com o deputado, segundo a coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. "Gostaria de deixar claro que seguiremos caminhos diferentes", registrou Giulia em um perfil redes sociais, que foi desativado.
O parlamentar disse que os áudios foram mandados em um grupo privado para amigos e que se dedicou apenas ao que chamou de "missão" no período em que esteve na Ucrânia. Em uma postagem nas redes sociais, ele afirmou que estava fazendo coquetéis molotov para o exército ucraniano. "Fui para fazer uma coisa, mandei um áudio infeliz, e a impressão que passou é que fui fazer outra coisa."
"Você quer falar que os áudios são escrotos? São. São machistas? São. Eu poderia resumir: aquilo é um moleque, eu estou sendo moleque, esta não é a postura que as pessoas esperam de mim. Quero que você separe as ações das palavras. Eu aceito ser julgado pelo que eu falei, mas não aceito ser julgado pelo que eu não fiz", disse ele em um vídeo.
Suposto assédio contra estudante
Em 2016, Arthur do Val foi acusado de cometer assédio sexual contra uma adolescente de 16 anos, depois de entrar em um colégio em Curitiba (PR) para entrevistar estudantes, que ocuparam o local para realizar um protesto. Na ocasião, Mamãe Falei acabou sendo agredido por esses alunos.
Uma jovem alegou que ele teria passado a mão nela durante a confusão. Os dois assinaram um Termo Circunstanciado e foram liberados pela polícia logo na sequência, segundo informou o "Tribuna Paraná", parceiro do UOL.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.