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Doria e Ciro criticam Braga Netto por celebrar ditadura: 'Inaceitável'

General Braga Netto é cotado para ser vice na chapa presidencial de Bolsonaro - Marcelo Camargo/Agência Brasil
General Braga Netto é cotado para ser vice na chapa presidencial de Bolsonaro Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo*

31/03/2022 09h56Atualizada em 31/03/2022 10h13

Os presidenciáveis João Doria (PSDB) e Ciro Gomes (PDT) criticaram hoje o ministro da Defesa, general Braga Netto, pela divulgação de uma ordem do dia celebrando o golpe que deu início à ditadura militar no Brasil.

Em uma publicação no Twitter, o governador paulista disse que a mensagem publicada pela pasta é "inaceitável". "Inacreditável a afirmação do Ministro da Defesa que o Golpe de 64 fortaleceu a democracia. Esse foi o período mais sombrio e antidemocrático da nossa história!", escreveu o tucano.

Ciro também usou as redes sociais para comentar a ordem do dia do Ministério da Defesa, afirmando que "a sociedade brasileira não precisa deste tipo de alerta nem se amedrontará com ele".

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar o sistema eleitoral brasileiro em visita ao Rio Grande do Norte ontem. Suas falas foram ovacionadas por apoiadores. Ele afirmou que os votos da disputa deste ano "serão contados" e que "não serão dois ou três que decidirão como serão contados esses votos". As declarações foram dadas durante uma cerimônia em Parnamirim (RN), na região de Natal.

No dia em que marca os 58 anos do golpe militar, Braga Netto vai dizer que a data "fortaleceu a democracia" e foi "um marco histórico da evolução da política brasileira". O texto será lido hoje.

Mas, ao contrário do que prega o texto do ministro, o Brasil viveu os momentos mais duros da sua história recente na época da ditadura militar, que durou 21 anos, entre 1964 e 1985. O período foi marcado por torturas e ausência de direitos humanos, censura e ataque à imprensa, baixa representação política e sindical, precarização do trabalho, além de uma saúde pública fragilizada, corrupção e falta de transparência.

As menções sobre o golpe voltaram a acontecer no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) após nove anos. Antes disso, entre o início da redemocratização no Brasil e o fim do segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2010, os militares nunca deixaram de lembrar a data. Logo no início de seu primeiro mandato, em 2011, Dilma Rousseff (PT) determinou que o dia em questão não fosse mais "comemorado".

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores, inclusive, já trataram da possibilidade de uma nova intervenção militar, justificando as falas com o artigo 142 da Constituição de 1988 - que não dá às Forças Armadas a função de atuar como moderador dos outros Poderes. Recentemente, o presidente voltou a elogiar o coronel Carlos Brilhante Ustra, que atuou na ditadura militar, depois foi declarado torturador pela Justiça e morreu em 2015.

O ministro da Defesa é cotado para ser o vice na chapa presidencial de Bolsonaro. Em entrevista à Jovem Pan, há 10 dias, o presidente disse que já tinha escolhido seu vice e que o nome era de alguém de Belo Horizonte com formação militar. Braga Netto é natural da capital mineira e se formou pela Academia Militar de Agulhas Negras.

* Com informações da Agência Estado