Parentes de bolsonaristas criticam fala de Lula sobre pressionar deputados

Em compilado publicado hoje nas redes sociais, familiares do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de políticos que integram sua base de apoio criticaram a fala em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) insta apoiadores a "incomodar a tranquilidade" de parlamentares como forma de pressão política.

Mãe, mulher e filha do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) questionaram: "Lula, você acha que eu devo ser incomodada?", dizem. O bolsonarista é alvo de inquérito, referendado no STF (Supremo Tribunal Federal) depois de ele ter resistido à ordem da Corte para usar tornozeleira eletrônica. Após imposição de multa, o parlamentar passou a usar o equipamento, no último dia 31.

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O pai da deputada federal Bia Kicis (PL-DF) também se manifesta: "Você acha justo que agora, eu com 91 anos, diabético e com pressão alta... É justo me pressionar para obter ganhos políticos?", questiona.

Família de Bolsonaro aparece no vídeo

Heloísa, mulher do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) diz que as declarações de Lula incentivam que seus apoiadores persigam familiares de parlamentares. "Sabemos bem a mensagem que Lula quis passar à sua militância, convocando-os a se manifestares em frente às residências de parlamentares, com intuito de constranger esposas, mulheres e crianças", diz.

Avó dos três filhos políticos do presidente Jair Bolsonaro (PL), dona Aparecida questiona: "Lula, eu vi o vídeo em que você afirma que os parentes dos parlamentares precisam ser incomodados para perceberem o que o PT deseja. Você acha que eu devo ser incomodada pelo PT para influenciar meu neto?".

Antes delas, os próprios filhos de Bolsonaro haviam se manifestado. Eduardo disse que Lula "não está pensando em eleição num país cristão que respeita a propriedade privada". O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) publicou o vídeo da declaração e criticou suposta falta de cobertura da mídia sobre as declarações do petista. O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) seguiu os irmãos e questionou o posicionamento de ministros do STF e chefes das Casas Legislativas sobre o caso.

Lula é covarde, diz mulher do deputado que mostrou arma

A esposa do deputado federal Junio Amaral (PL-MG) afirma que a família de Lula não foi procurada por manifestantes de oposição durante o governo do petista. "Então as pessoas têm que vir no nosso endereço para perturbar nosso sossego sendo que isso não aconteceu nem com você nem com sua família, enquanto você roubava o nosso país? E agora, por divergência politica, isso tem que acontecer com nossa família?"

O congressista publicou vídeo em que reage às falas de Lula. Por suas redes sociais, o parlamentar aparece carregando uma arma com cartucho enquanto afirma estar pronto para receber o ex-presidente e seus apoiadores em sua casa. "Estarei pronto para uma bela e calorosa recepção. Sejam bem-vindos!", escreveu o congressista, em sua publicação.

Em contato com o UOL, o secretário nacional de comunicação do PT, Jilmar Tatto, afirmou que o setor jurídico do partido avalia quais medidas deve tomar sobre o caso.

Contexto: o que disse Lula sobre congressistas

Durante evento na CUT (Central Única dos Trabalhadores), no início desta semana, Lula afirmou que atos em frente ao Congresso Nacional "não movem uma pestana de um deputado" e sugeriu outras formas de pressionar os parlamentares.

"Quando a gente está dentro do Plenário, a gente não sabe se está chovendo lá fora... Então, se a gente mapeasse o endereço de cada deputado e fossem 50 pessoas para a casa desse deputado? Não é para xingar, não. É para conversar com ele, conversar com a mulher dele, conversar com o filho dele, incomodar a tranquilidade dele. Acho que surte mais efeito do que manifestação em Brasília", disse Lula.

Deputados querem Lula longe do Congresso Nacional

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) pediu hoje que o STF proíba o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de se aproximar da sede do Congresso Nacional, em Brasília. Em caráter de urgência, a bolsonarista solicita ainda a adoção da medida cautelar para que o petista mantenha distância mínima de 300 metros de qualquer deputado federal ou senador.

Endossada por mais nove políticos da base de apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL), a representação de Zambelli na Corte ocorre em reação a um discurso em que Lula incentivou apoiadores a irem até a casa de parlamentares para "incomodar a tranquilidade" deles.

"Lula incitou seus aliados a mapearem a residência dos parlamentares, inclusive indicando que as abordagens devem ser direcionadas aos familiares dos agentes políticos", diz a deputada. Para Zambelli, o acolhimento do pedido no STF é "medida de garantia da segurança e estabilidade do Poder Legislativo". Os autos foram distribuídos ao ministro Ricardo Lewandowski.

Sem dar detalhes, o deputado Daniel Freitas (PL-SC) afirmou que ingressará com ação contra a fala do petista no evento da CUT. "[Lula] quer tocar seu exército vermelho pra cima de nossas famílias", diz o parlamentar. O deputado Luiz Lima (PL-RJ) comparou Lula ao ex-presidente boliviano Evo Morales. Fora da base bolsonarista, o deputado Marcel van Hatten (Novo-RS) classificou a fala de Lula como "criminosa".