Sakamoto: Bolsonaro muda tom, mas não vai elogiar Barroso no cercadinho
O colunista do UOL Leonardo Sakamoto criticou hoje a mudança de discurso do presidente Jair Bolsonaro (PL), que elogiou Luís Roberto Barroso, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e ex-chefe do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
"O presidente tem comportamentos e discursos diferentes para públicos diferentes. No cercadinho, ele faz, arrebenta e acontece. Em locais onde a institucionalidade é demandada, ele adapta", apontou Sakamoto. "Tenta ver se ele vai elogiar Barroso no cercadinho."
Bolsonaro já acusou Barroso de "ter candidato" e, sem provas, de favorecer o principal adversário no pleito, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O tom pacífico adotado por Bolsonaro hoje contrasta com o longo histórico de gestos do presidente com o intuito de questionar a segurança do sistema eleitoral no país e contestar a legitimidade e a confiabilidade do voto eletrônico.
Para Sakamoto, o presidente Bolsonaro usa uma tática militar: "Ele avança, morde a instituição, deixa sangrando e volta. Toda vez que ele avança, ele avança sob a democracia e vai deixando sua marca".
No caso do TSE, a consequência é tirar a credibilidade junto ao eleitorado. No final do ano, se ele perder a eleição ou se for punido por irregularidade, ele pode acusar o TSE de favorecer outro candidato.
Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Recentemente, Bolsonaro chegou a afirmar que, caso seja derrotado por Lula nas urnas, em outubro, isso só ocorreria por ocasião de uma fraude. No ano passado, Bolsonaro liderou um movimento em favor do que ficou conhecido como projeto do voto impresso —a proposição, no entanto, foi derrotada no Congresso.
'Muita gente esquece quem é o Mourão'
Durante o UOL News, Sakamoto criticou o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), que debochou ontem da possibilidade de se investigar torturas cometidas por militares durante a ditadura.
Para Sakamoto, Mourão entregou os pontos porque está em campanha. Ele deve disputar o Senado nas eleições de outubro.
Mourão que se esforçou tanto para parecer democrático, um contraponto ao presidente, agora entrega os pontos porque está em campanha. Lembra muito o presidente que ri de 600 mil cadáveres da covid.
Colunista Leonardo Sakamoto no UOL News
Sakatomo diz que Mourão usa uma tática bolsonarista para se pautar na mídia por "polêmicas absurdas".
"Muita gente esquece quem é o general Hamilton Mourão. Em setembro de 2017, ele afirmou que uma intervenção militar, um golpe, poderia ser adotado se o judiciário não resolvesse a corrupção no país."
"Durante as eleições, ele defendeu que a Constituição poderia ser substituída, escrita por notáveis. Quem são esses notáveis?", questionou Sakamoto.
Ele relembrou que Mourão já chamou de "herói" o coronel Carlos Brilhante Ustra, que atuou na ditadura militar, depois foi declarado torturador pela Justiça e morreu em 2015. "Ele justificou falando que heróis matam sim".
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