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Processo de cassação contra Delegado Olim é negado; Isa Penna vê machismo

Delegado Olim afirma que se expressou mal ao dizer que Isa Penna teve sorte de ter sido assediada - Reprodução/Alesp
Delegado Olim afirma que se expressou mal ao dizer que Isa Penna teve sorte de ter sido assediada Imagem: Reprodução/Alesp

Do UOL, em São Paulo*

10/05/2022 15h54Atualizada em 10/05/2022 16h09

O Conselho de Ética da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) negou levar adiante a representação contra o deputado Delegado Olim (PP), por quebra de decoro parlamentar. Olim disse, em entrevista a um podcast no dia 20 de abril, que a deputada Isa Penna (PCdoB) tinha sorte de ter sido assediada pelo deputado Fernando Cury (União Brasil), pois o episódio teria a deixado em evidência e ela seria reeleita por isso.

Cury foi afastado de suas funções por 180 dias pelo ocorrido, o deputado foi flagrado apalpando os seios dela, que logo fez a denúncia.

Desta vez, no entanto, a Assembleia decidiu por não punir Olim. Ele minimizou o que tinha dito e afirmou que Isa Penna ganharia "mais 5 minutos de fama", desta vez no caso dele.

O Delegado recebeu as denúncias no final do mês passado, pouco depois de suas falas. Uma delas foi feita pelo próprio gabinete da deputada do PC do B e outra por Renato Battista, aliado e ex-chefe de gabinete de Arthur do Val. Olim foi o relator do processo de Arthur do Val (União Brasil) no Conselho da Alesp e responsável pelo parecer que pediu a cassação do ex-deputado pelos áudios com falas sexistas sobre mulheres ucranianas.

Foram 6 votos a 4 contra a representação, sendo que votaram não os deputados Adalberto de Freitas (PSDB); Barros Munhoz (PSDB); Wellington Moura (Republicanos); Professor Kenny (PP) - que substituiu o próprio Delegado Olim no Conselho de Ética; Campos Machado (Avante); e Alex de Madureira (PL).

Votaram sim: Enio Tatto (PT), único homem a votar pela representação; Marina Helou (Rede); Erica Malunguinho (PSOL); e a presidente da comissão, Maria Lúcia Amary (PSDB).

Adalberto de Freitas defendeu Olim, disse que o deputado "foi infeliz de proferir as palavras", mas afirmou que "é comum" cometer um equívoco em uma fala improvisada em um programa de TV.

Já a deputada Erica Malunguinho apontou contradição do colegiado. "O argumento que usa para acusar e punir um é o mesmo que usa para aliviar para outro, o nome disso é corporativismo" afirmou, em alusão a processo semelhante contra o ex-deputado Arthur do Val, que teve aprovação unânime no conselho. "A mesma coisa aconteceu com o Arthur do Val, vieram testemunhas falar da postura ilibada dele. Não estamos discutindo sobre mérito, é sobre admissibilidade", defendeu.

Em nota, a deputada Isa Penna disse que a decisão do Conselho de Ética da Alesp em relação ao pedido de afastamento protocolado contra o deputado delegado Olim em razão de suas falas em entrevista a um podcast seria mais um obstáculo que enfrentava na luta pelo fim da cultura machista que impera na Casa Legislativa.

Ela ainda disse que sua equipe jurídica estaria estudando a decisão para recorrer e ingressar com novo pedido para que o deputado seja responsabilizado por suas falas e ações.

"Não causa espanto, mas muita indignação, que os seis votos sejam justamente de colegas homens que mais uma vez agiram de forma corporativista em defesa de mais um parlamentar que manifesta publicamente seu machismo. É por esse tipo de comportamento que já propus um Projeto de Resolução para instituir a paridade de gênero na composição do Conselho de Ética.

"A Casa e seus parlamentares mais uma vez mostram desprezo pela luta contra a violência de gênero. Não vou aceitar calada mais uma tentativa de silenciamento e propagação do machismo nesta casa de poder! É hora de os deputados entenderem que nenhuma violência contra qualquer mulher será tolerada e que, mais do que falas vazias que prometem compromisso com nossa luta, queremos ações efetivas em seus mandatos e decisões!", a nota ainda afirma.

*Com informações do Estadão Conteúdo