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Lula lamenta morte de ex-prefeito de Campinas: "Anos e anos de luta juntos"

Jacó Bittar (de camisa clara), então presidente do Sindicato dos Petroleiros de Campinas e Paulínia; Wagner Benevides, então presidente dos petroleiros de Belo Horizonte; e o ex-presidente Lula, no ato de fundação do PT, no colégio Sion, em São Paulo, em 1980 - Felicio Safadi/Folhapres
Jacó Bittar (de camisa clara), então presidente do Sindicato dos Petroleiros de Campinas e Paulínia; Wagner Benevides, então presidente dos petroleiros de Belo Horizonte; e o ex-presidente Lula, no ato de fundação do PT, no colégio Sion, em São Paulo, em 1980 Imagem: Felicio Safadi/Folhapres

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

26/05/2022 17h07

O ex-presidente Lula (PT) lamentou a morte do ex-prefeito de Campinas e fundador do PT Jacó Bittar (PSB), 81, hoje. Amigo de Lula havia décadas, o ex-sindicalista morreu em sua casa, no interior paulista, na madrugada desta quinta (26).

Bittar morava na cidade que administrou entre 1989 e 1992, ainda no PT, e tinha mal de Parkinson. O velório ocorreu nesta tarde em Campinas e o enterro seria em Souzas (SP). Não houve confirmação oficial, mas a presença do ex-presidente era esperada.

Nascido em 1940, em Maduri (SP), Bittar era amigo de Lula desde os anos 1970, época em que os dois eram sindicalistas. Ele ajudou a fundar o PT, em 1980; a CUT (Central Única dos Trabalhadores), em 1983; e o antigo Sindicato dos Petroleiros de Campinas e Paulinia.

"Foram anos e anos de luta juntos por um país melhor e mais justo, e de uma convivência querida e carinhosa, uma grande amizade entre nossas famílias e filhos. Jacó deu uma contribuição imensa para os petroleiros, a classe trabalhadora, Campinas e o Brasil", declarou Lula, por meio de nota divulgada nesta manhã.

Bittar participou da primeira grande leva de prefeitos de PT no estado durante a redemocratização. Ele foi eleito prefeito de Campinas, maior cidade do interior, em 1988, quando Luiza Erundina (hoje PSOL) e Telma de Souza (PT) ganharam na capital e em Santos, respectivamente.

O ex-prefeito de Campinas e sindicalista ficou no partido até 1991, em meio a desavenças com o vice, Toninho, que se tornaria prefeito da mesma cidade em 2001 e foi assassinado no cargo. Bittar se mudou para o PSB, mas a amizade com antigos companheiros seguiu.

Ele era o dono formal do sítio de Atibaia, frequentado pelo ex-presidente e que gerou uma das condenações de Lula na Lava Jato em 2018, anulada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), em 2021.

À época, seu nome e do seu filho, Fernando, chegaram a ser sondados pela operação comandada pelo ex-juiz Sergio Moro (União Brasil). Bittar afirmou que o sítio era dele e que Lula tentou comprá-lo, mas a propriedade não foi vendida.

"A partir de 2014, o Lula teve algumas conversas comigo e com o Fernando dizendo que queria comprar o sítio porque o usava mais do que nós e se sentia constrangido com a situação. Eu sempre fui contra a venda e disse que eles poderiam usar o quanto quisessem e que isso me deixava feliz", declarou Bittar em nota divulgada em 2018.

Desde aquela época, Bittar defendia Lula no processo e relatou a amizade, no documento.

"Tenho os filhos do Lula como se fossem meus próprios filhos e sei que ele tem o mesmo sentimento e relação com meus filhos", contou o ex-prefeito na manifestação anexada ao processo.

Lula o visitou em sua casa neste mês. "Emocionei-me em ver meu amigo sem saber que seria pela última vez", diz o ex-presidente, na nota.

"Jacó Bittar liderou com Lula e [o ex-governador gaúcho] Olivio Dutra uma geração de jovens dirigentes sindicais que resistiram à ditadura militar e escreveram páginas decisivas na história da democracia brasileira", diz a nota do PT, partido pelo qual concorreu ao Senado —e perdeu— em 1982 e 1986.

Seu corpo foi velado na Câmara Municipal de Campinas, onde é esperada a presença de Lula, e o enterro foi marcado para as 16h30 em Souzas (SP). Ele deixa três filhos.