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Carta pela democracia: nome de Bolsonaro 'aparece' na lista e é retirado

Presidente Jair Bolsonaro (PL) - Ettore Chiereguini/Agil/Estadão Conteúdo
Presidente Jair Bolsonaro (PL) Imagem: Ettore Chiereguini/Agil/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

29/07/2022 15h59Atualizada em 29/07/2022 22h46

O nome do presidente Jair Bolsonaro (PL) foi adicionado à lista de assinaturas da carta em defesa da democracia lançada na última terça-feira (26) por juristas e pela Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo). O manifesto já passa de 400 mil adesões, com nomes de representantes de vários setores da sociedade civil.

A "assinatura" de Bolsonaro, que aparecia identificado também como "ditador supremo", no entanto, foi logo retirada da relação. Isso porque, segundo Thiago Pinheiro Lima, um dos organizadores do texto, tratava-se de uma fraude.

"Não foi ataque hacker. Foi alguém que usou os dados corretos do Presidente da República, mas [o nome] já foi excluído do sistema", explicou.

Em nota divulgada hoje, a Faculdade de Direito da USP informou que, apenas no período da manhã desta sexta-feira (29), foram 2.400 tentativas de ataques ao site que reúne as assinaturas. Todas elas, no entanto, foram frustradas, e "estão sendo monitoradas pela equipe técnica da USP, bem como pela equipe técnica responsável pela coleta de assinaturas".

"Foram estabelecidas diversas camadas de proteção nesses portais e monitoramento constante, identificando quem está promovendo essas tentativas, que serão levadas às autoridades competentes", diz a nota.

Entre os signatários do texto estão empresários, associações que reúnem bancos e porta-vozes do setor industrial, e algumas das maiores centrais sindicais do país, como a CUT (Central Única de Trabalhadores) e a Força Sindical. No empresariado, a carta conta com o apoio de nomes como os de Luiza Trajano (Magazine Luiza), Fábio Barbosa (Natura), Pedro Moreira Salles (Itaú Unibanco), Eduardo Vassimon (Votorantim) e Walter Schalka (Suzano Papel e Celulose).

As 100 mil primeiras assinaturas foram atingidas em 24 horas após a publicação do manifesto, que é inspirado em uma Carta pela Democracia de 1977, na época um texto de repúdio ao regime militar redigido pelo jurista Goffredo Silva Telles.

Bolsonaro ironiza carta e divulga manifesto curto

Mais de uma vez nesta semana, o presidente Bolsonaro ironizou a carta. Na quarta-feira (27), durante participação na convenção do PP, ele disse que não precisa de nenhuma "cartinha" para expor respeito aos valores democráticos e que quer, "cada vez mais, cumprir e respeitar a Constituição".

Ontem, Bolsonaro afirmou que não oferece ameaça à democracia. Além disso, sem apresentar elementos que corroborem a sua tese, disse a apoiadores que o manifesto estaria vinculado a interesses de grandes bancos e instituições financeiras.

"Você pode ver esse negócio de carta aos brasileiros, democracia... Os banqueiros estão patrocinando. É o Pix, que eu dei na... Uma paulada neles... Os bancos digitais também, que nós facilitamos. Estamos acabando com o monopólio dos bancos", disse Bolsonaro a fãs e militantes que o aguardavam na saída do Palácio da Alvorada.

Depois, durante sua live semanal, o presidente voltou a comentar sobre a Carta pela Democracia, criticou outro texto semelhante, encabeçado pela Fiesp, e disse não entender a motivação para os documentos.

"Não consigo entender, estão com medo do quê? Se eu estou três anos e meio no governo e nunca teve uma palavra minha, ação ou gesto... Nunca falei contra alarmismo, em controlar mídias sociais, em democratizar imprensa, nada. É uma nota política, eleitoral", afirmou e reforçou que nunca teria ameaçado a democracia brasileira.

No fim da noite de ontem, em publicação nas redes sociais, Bolsonaro disse que é "a favor da democracia". Em um breve texto, o mandatário escreveu o que seria uma carta assinada por ele com o título "Carta de manifesto em favor da democracia". O comunicado tem uma frase: "Por meio desta, manifesto que sou a favor da democracia".