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Fake news, ditador, liberdade de expressão: o que Bolsonaro disse no JN

Do UOL, em Brasília

22/08/2022 23h56

O presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), foi o primeiro concorrente ao Palácio do Planalto a ser entrevistado pelo Jornal Nacional, da TV Globo, na noite de hoje (22).

Em 40 minutos de entrevista a William Bonner e Renata Vasconcellos, Bolsonaro falou sobre os ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal), pandemia, centrão e meio ambiente, entre outros assuntos. Ele mentiu ao negar ter xingado ministros do STF — em setembro do ano passado, xingou Alexandre de Moraes, do STF, de canalha— e questionou a transparência das urnas eletrônicas.

O UOL separou sete frases do presidente Jair Bolsonaro que chamaram atenção do público durante a entrevista:

Fake news: Logo no começo da sabatina, Bonner questionou Bolsonaro sobre os xingamentos contra ministros do STF, e o presidente mentiu dizendo que era "fake news".

O apresentador da TV Globo o desmentiu, citando o episódio em que Bolsonaro xingou Alexandre de Moraes, ministro do STF, de "canalha", em setembro do ano passado. Neste trecho, inclusive, apoiadores de Bolsonaro interpretaram a reação de Bonner como irônica.

Primeiro: você não está falando a verdade quando fala 'xingar ministros'. Não existe. Isso não existe, é um fake news da sua parte."

Liberdade de expressão: Bonner questionou Jair Bolsonaro sobre seus apoiadores que defendem pautas anticonstitucionais, como o fechamento do Congresso e do STF. O presidente retrucou dizendo que defender pautas golpistas, como o fechamento do Congresso, seria "liberdade de expressão".

Quando alguns falam em fechar o Congresso é liberdade de expressão deles, eu não levo para esse lado; e, para mim, isso daí faz parte da democracia."

Fechar o Congresso é inconstitucional —isso aconteceu em abril de 1977, durante a ditadura militar, quando o presidente Ernesto Geisel fechou o Congresso Nacional com base no AI-5 (Ato Institucional nº5) —também defendido por apoiadores de Bolsonaro.

Figura de linguagem: Renata Vasconcellos questionou Bolsonaro sobre comentários que ele fez em relação à vacina contra covid-19. Ela lembrou do atraso na compra de doses e também que o próprio presidente disse que quem se vacinasse poderia virar jacaré. Ele afirmou que usou uma figura de linguagem.

Outra coisa, a Pfizer não apresentou quais seriam os possíveis efeitos colaterais. Eu usei uma figura de linguagem: jacaré."

No ano passado, associações que trabalham com indígenas informaram ao UOL que a vacinação contra covid foi baixa em aldeias por causa da divulgação de fake news sobre as vacinas. Médicos e profissionais de saúde afirmam que o problema também ocorreu com outros grupos.

Imitando falta de ar: Ainda sobre a pandemia, Bolsonaro foi indagado por Renata sobre seu comportamento nos períodos de maior crise —o presidente chegou a imitar uma pessoa com falta de ar. Ele não só se negou a pedir desculpas como cobrou que a TV Globo colocasse o vídeo no ar, em tom de contestação. A cena, de fato, ocorreu.

Eu queria que você botasse no ar eu imitando falta de ar."

Ditador: Quando Bonner perguntou sobre a sua relação com o centrão, no Congresso, o presidente retrucou com uma frase que surpreendeu o apresentador.

Você está me estimulando a ser ditador."

Em sua campanha, em 2018, Bolsonaro prometeu não seguir a política tradicional —apesar de ter sido deputado federal por quase 30 anos. No JN, nesta segunda, disse que o centrão engloba "300 candidatos" e que precisa deles para governar —caso contrário, seria um ditador.

Não foi uma canetada: Nas declarações finais, Bolsonaro falou sobre um assunto sensível em sua campanha —o preço da gasolina, que subiu nos últimos meses e foi alvo de críticas. Ele negou ter mudado o preço da gasolina numa "canetada".

Hoje, você nota [que] o preço do combustível caiu assustadoramente, nada de canetada, um trabalho nosso junto ao Parlamento brasileiro."

Na verdade, o governo adotou medidas pra amenizar o preço do combustível —chegou a trocar a presidência da Petrobras, contou com a base no Congresso para reduzir impostos e lançar o auxílio aos caminhoneiros.

Eleições limpas e transparentes: Bonner perguntou sobre a presença das Forças Armadas no processo eleitoral —algo defendido por Bolsonaro e apoiadores. E também tentou arrancar o chefe do Executivo o compromisso de que ele aceitaria o resultado das urnas.

O presidente insinuou que teve de "provocar" os militares para que eles verificassem o processo eleitoral e frisou que respeitaria o resultado —desde que elas fossem "limpas". Mas ele não explicou o que queria dizer com este termo.

Serão respeitadas as urnas desde que as eleições sejam limpas e transparentes. (...) Pode ter certeza de que vão ter eleições limpas e transparentes este ano."

Leia neste link a íntegra da entrevista.