Após ação da PF, Malafaia ataca Moraes: 'Quem vai parar esse desgraçado?'
O líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, pastor Silas Malafaia, fez duras críticas ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, que autorizou a operação da PF (Polícia Federal) contra empresários bolsonaristas, suspeitos de defender um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença as eleições, em um grupo no WhatsApp.
No vídeo com pouco mais de dois minutos de duração e publicado nas redes sociais, o pastor aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL) xinga Moraes de "desgraçado" e o acusa de "rasgar" a Constituição Federal.
Esse desgraçado é, ao mesmo tempo, vítima, delegado, promotor e juiz. Nem na Inquisição se fez isso. É uma aberração que mancha o judiciário brasileiro. Ele rasga a Constituição. O Ministério Público é o senhor, é o privativo da ação penal. Silas Malafaia, na gravação
"Quem vai parar esse desgraçado? Ele rasga a cláusula pétrea da Constituição. Você não pode ser cerceado, é livre a manifestação do pensamento", acrescentou.
Convocação para o 7 de Setembro em tom de confronto com STF
Malafaia também fez uma convocação às manifestações no 7 de Setembro e usou o termo "revolta popular". Em sua fala, o pastor adotou um tom de confronto com o STF e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
"Só temos o direito de recorrer a duas instâncias: o povo, que é o supremo poder de uma nação. Quando um povo se revolta ninguém segura, o povo brasileiro vai dar resposta; e Deus, que é o supremo juiz do universo", diz o pastor no vídeo.
Na semana passada, Bolsonaro afirmou que apoiadores realizarão uma motociata em favor do governo durante as comemorações de 7 de setembro, no Rio de Janeiro. Segundo o candidato à reeleição, não ocorrerá um desfile militar em celebração ao feriado do bicentenário da Independência, mas "haverá um palanque" na zona sul carioca, do qual devem ecoar discursos pró-Bolsonaro.
No ano passado, os atos dos quais Bolsonaro e seus apoiadores participaram, no feriado da Independência, tiveram pautas antidemocráticas. Faixas exibiam pedidos considerados golpistas e medidas inconstitucionais utilizadas para chegar ou se manter no poder de um estado democrático.
Operação da PF contra empresários foi autorizada por Moraes
As medidas contra os empresários foram pedidas pela PF e autorizadas por Moraes, dentro do chamado inquérito das milícias digitais, e envolveu 35 policiais federais. As buscas ocorreram na última terça-feira, em endereços em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará.
A ação cumpriu mandados de busca e apreensão após mensagens reveladas pelo colunista Guilherme Amado, do site Metrópoles. Entre os envolvidos estão Luciano Hang, da Havan; José Isaac Peres, da rede de shopping Multiplan; Ivan Wrobel, da Construtora W3; José Koury, do Barra World Shopping; Luiz André Tissot, do Grupo Sierra; yer Nigri, da Tecnisa; Marco Aurélio Raimundo, da Mormaii; e Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu.
Além dos mandados de busca e apreensão, Moraes também determinou a quebra dos sigilos bancários e telemáticos dos alvos, além do bloqueio de contas em redes sociais.
PGR diz que não foi intimado sobre operação
A PGR (Procuradoria-Geral da República) divulgou nota informando que não foi intimada sobre a operação contra empresários.
Em comunicado, o procurador-geral da República, Augusto Aras, disse que somente na segunda tomou conhecimento da petição que tramitava no STF e da decisão que deflagrou a operação da PF.
Aras afirmou, ainda, que os autos do processo não foram enviados à PGR para ciência formal da decisão de Moraes, assinada na sexta-feira (19). Segundo o jornal Folha de São Paulo, Aras se irritou com a operação.
Em esclarecimento divulgado pela CNN Brasil, o gabinete do ministro do STF e presidente do TSE, Alexandre de Moraes, rebateu a declaração de Aras — afirmando que a Procuradoria-Geral foi "intimada pessoalmente" da decisão referente à petição 10.453.
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