Rio: 7 de Setembro tem caixão do STF, cortejo de jet-ski e pedidos de golpe
Jet-skis em meio a navios da Marinha do Brasil, manifestantes com um caixão com fotos de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), pedidos de golpe de Estado e tom eleitoral.
A comemoração do 7 de Setembro em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, atrai apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que começaram a tomar a avenida Atlântica, entre os postos 5 e 6 no meio da manhã. Ele deverá participar à tarde de uma apresentação militar e, depois, discursar em caminhão de som do pastor Silas Malafaia.
Como esperado, o ato —convocado pelo presidente até em propaganda eleitoral— que oficialmente comemora o Bicentenário da Independência do Brasil ganhou a feição de um comício pró-Bolsonaro.
Pró-golpe: Manifestantes ostentam mensagens golpistas exigindo a intervenção nas eleições deste ano. "Presidente Balsonaro [sic], acione as Forças Armadas para as eleições limpas", lia-se em uma delas.
Um cartaz em meio a trios elétricos que se dispõem pela avenida diz: "Presidente, acione as Forças Armadas para eleições transparentes. Supremo é o povo".
Na altura do posto 5, dois guindastes ergueram bandeiras do Brasil na altura do topo dos prédios em Copacabana. Um carro de som reproduzia uma versão do funk "Baile de Favela" adaptada com versos machistas. Em um deles, dizia: "Maria do Rosário não sabe lavar panela".
Um carro de som onde se espera que Bolsonaro discurse foi cercado por grades e o acesso de manifestantes só é permitido após scanner corporal.
Atração duvidosa: Um caixão do STF com fotos dos ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin virou ponto de fotos de apoiadores de Bolsonaro em Copacabana.
Principal alvo do bolsonarismo e das críticas dos manifestantes presentes, Moraes é chamado de "ditador", que deveria ser "deposto", segundo os críticos. O ministro, atual presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), determinou a prisão de apoiadores do presidente no inquérito das fake news.
Barroso, chamado de "esquerdista" e "maconhista", também virou alvo em especial de um grupo de enfermeiras presentes, que o criticou por ter suspendido o piso salarial da categoria na última semana.
Jet-skiciata: Dezenas de jet-skis e lanchas rondam a praia de Copacabana, em frente ao posto 6, onde acontece a concentração militar. Como a motocicleta, o veículo é um dos símbolos de Bolsonaro, que costuma pilotá-los quando está em férias e durante feriados.
Ao fundo, navios da Marinha do Brasil fazem uma parada naval. Com 22 embarcações, o comboio saiu do Recreio dos Bandeirantes no início da manhã e segue por toda a orla carioca até a praia do Leme.
Pró-armas: "Venha e pegue", diz, em inglês, uma bandeira com um fuzil no sexto andar de um prédio à beira-mar. O homem dança ao som de Capitão do Povo, jingle de Bolsonaro, que toca no trio à frente.
Promoção: Ambulantes vendem toalhas de Bolsonaro e bandeiras do Brasil, Brasil Império e Israel na praia, ao lado de bandeiras de times de futebol do Rio e camisas de bandas de rock "por causa do Rock in Rio", que acontece neste mês.
Segundo o ambulante Carlos Santos, 28, a do Brasil está em promoção, por R$ 20. As de time são mais caras (R$ 25) —só a do Flamengo que está R$ 30 "porque tem jogo hoje".
Brincando com fogo: Em Copacabana, o psicólogo Lucas Otávio, 26, pendurou duas toalhas com o rosto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na janela e chamou os amigos para acompanhar o ato. Seu apartamento fica no térreo, em frente à avenida Atlântica, onde os trios já estão estacionados.
"Fiz para irritar bolsominions mesmo. Eles passam, xingam, falam da 'mamata' e a gente responde com o dedo do meio", conta. "Espero que não aconteça nada. A polícia está ali, na teoria", diz ele, sobre possibilidade de agressão.
Em campanha: Políticos ligados ao presidente que pretendem se reeleger ou alçar cargos mais altos também participam do ato no Rio.
O deputado estadual Rodrigo Amorim (PTB-RJ), que ficou conhecido ao rasgar com o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) uma placa com o nome da vereadora Marielle Franco (PSOL), chegou acompanhado por cerca de dez seguranças.
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