Dezesseis estados e DF usam PM para liberar bloqueios de bolsonaristas
Dezesseis estados e o Distrito Federal anunciaram o uso de equipes da Polícia Militar para ajudar a liberar rodovias bloqueadas por manifestantes bolsonaristas, que protestam contra a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas no domingo (30). Os primeiros a anunciar a medida foram os governadores Rodrigo Garcia (SP), Claudio Castro (RJ), Romeu Zema (MG), Ranolfo Vieira Júnior (RS), Ratinho Jr. (PR) e Paulo Câmara (PE)
A decisão acontece após o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes liberar a atuação dos agentes militares para auxiliar na desobstrução das vias, que começaram a ser bloqueadas por bolsonaristas após o resultado das eleições.
Na decisão, Moraes destacou que as polícias militares "possuem plenas atribuições constitucionais e legais para atuar em face desses ilícitos". O ministro impõe multa de R$ 100 mil por hora e prisão em flagrante delito aos que estiverem cometendo crimes contra o Estado Democrático de Direito.
São Paulo. O governador Rodrigo Garcia (PSDB) disse que, se necessário, a Polícia Militar empregará o uso de força para desobstruir vias bloqueadas por manifestantes bolsonaristas que não aceitam o resultado das eleições e fez um apelo para que os atos com pedidos antidemocráticos sejam encerrados.
"Procuramos dialogar e negociar com esses manifestantes para que as vias fossem desobstruídas. E hoje, agora pela manhã, em virtude da decisão do STF, as negociações se encerram e, a partir de agora, vamos aplicar aquilo que determina a decisão judicial iniciando com multas de R$ 100 mil por hora para cada veículo que esteja contribuindo com essa obstrução. A partir daí também fichando e eventualmente prendendo aqueles manifestantes que porventura resistirem a desobstruir as vias e, se necessário, o emprego de uso de força", disse Rodrigo em coletiva de imprensa.
Imagens exibidas pela GloboNews mostraram, no começo da tarde, a Tropa de Choque em atuação na rodovia Castello Branco.
Rio de Janeiro. O governador Claudio Castro (PL) ordenou ao Batalhão de Choque da PM que atue para liberar as vias do estado.
"É preciso respeitar o resultado das urnas. Quem foi vitorioso precisa ter a tranquilidade de reunir forças e trabalhar pelo Brasil", destacou.
Agentes da PRF liberaram por volta das 14h20 um trecho da rodovia BR-101, altura do Trevo de Manilha, em Itaboraí, na região metropolitana do Rio. Um grupo com cerca de 30 manifestantes com bandeiras do Brasil ocupava no horário o acostamento, acenando para caminhoneiros que passam pela via. Duas viaturas da PRF e duas da PM acompanham o protesto.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD-RJ), também anunciou o apoio da GM (Guarda Municipal) para manter "a livre circulação em nossa cidade, certamente com o apoio da PM".
"Protestar é um direito de todos. O que não pode é baderna e prejudicar o povo trabalhador em razão da ação de pequenos grupos claramente com fins políticos. Na cidade do Rio não iremos permitir", publicou Paes no Twitter.
Minas Gerais. Responsável pelo comando da PM mineira, Romeu Zema (Novo) afirmou em postagem nas redes que as forças de segurança do estado vão liberar as estradas interditadas.
"Já solicitei às nossas forças de segurança que tomem as medidas necessárias para desobstruir qualquer via ou qualquer estrada que esteja interditada por manifestação. A eleição já acabou e agora nós temos que garantir o direito das pessoas de ir e vir e também que as mercadorias cheguem onde precisam para não haver desabastecimento. Vamos cumprir a lei", disse Zema.
Paraná. Por meio de nota, o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), informou que a Polícia Militar "já está cumprindo" a decisão do STF.
"A Polícia Militar do Paraná já está cumprindo a decisão do Supremo Tribunal Federal de desbloqueio das rodovias federais, estaduais e dos trechos urbanos. O direito de livre circulação no território nacional é uma garantia do povo brasileiro. É momento de pacificar o Brasil. As eleições de 2022 ocorreram de maneira democrática e a decisão soberana das urnas precisa ser respeitada", diz a nota.
Pernambuco. Paulo Câmara (PSB) informou, por meio da SDS (Secretaria de Defesa Social) do estado, que atenderá decisão do STF e auxilia a PRF na desobstrução das vias. Segundo a SDS, não há registros de bloqueios nas rodovias estaduais.
"As operativas vinculadas à SDS, a exemplo da Polícia Militar, estão empregadas nos trabalhos. Não há registro, até o momento, de interdições em rodovias estaduais", comunicou.
Rio Grande do Sul. Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) criou ontem um gabinete de crise e hoje anunciou o emprego dos batalhões da Brigada Militar para conter as manifestações e liberar as rodovias bloqueadas.
"Determinei o emprego dos nossos batalhões para usar a força necessária para conter essas manifestações. A ideia inicial é tentar dissuadir as pessoas na base da conversa, mas se não houver resultado, vamos agir, autuando todos, identificando cada um e até mesmo empresas. Depois disso, vamos remeter tudo à Justiça, como manda a determinação do STF", disse.
Ranolfo ressaltou que manifestação pacífica "é algo natural, agora, quando ela se excede, o estado precisa agir". "Respeitamos qualquer protesto, mas desde que seja ordeiro e pacífico. O resultado das eleições já foi proclamado pelo Tribunal Superior Eleitoral e ganhar ou perder um pleito faz parte do jogo democrático", completou.
Maranhão. Carlos Brandão (PSB) comunicou em nota divulgada pela SSP (Secretaria de Segurança Pública) que a PM já foi acionada para auxiliar os agentes federais a desbloquear as vias interditadas.
Bahia. O governador Rui Costa (PT) acionou a PM, a Polícia Civil, a Polícia Técnica e o Corpo de Bombeiros para desbloquear as rodovias baianas que se encontram paralisadas por manifestantes.
Segundo o secretário de Segurança Pública, Ricardo Mandarino, o estado vai garantir a liberação das estradas.
"Não vamos permitir que alimentos, pessoas com enfermidades e trabalhadores sejam impedidos de se deslocar. O resultado democrático das urnas será respeitado. Aqui, na Bahia, o mais importante é o respeito à democracia", disse.
Santa Catarina. Nas redes, Carlos Moisés (União) escreveu que "todos os meios legais e necessários serão empregados para garantir a segurança das pessoas e o livre trânsito de pessoas e veículos".
"As forças de segurança estão atuando para desbloquear todos os pontos de interdição das rodovias", disse Moisés.
Goiás. O governador reeleito de Goiás, Ronaldo Caiado (União), enviou as tropas da PM para liberar as rodovias bloqueadas no estado.
Em nota à imprensa, o governo estadual informou "que a operação busca cumprir a decisão judicial de forma pacífica, priorizando o diálogo com os manifestantes".
Espírito Santo. Em nota, a Sesp (Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social) do Espírito Santo, sob gestão de Renato Casagrande (PSB), informou que a PM do estado só vai intervir nas manifestações se for realmente "necessário".
"A Sesp informa que, desde a data de ontem (31), as manifestações estão sendo monitoradas pela Subsecretaria de Estado de Inteligência, Polícia Militar e PRF. No momento, não há informação de nenhum ponto com interdição total nas vias do Espírito Santo. A PMES disponibilizou equipes que atuarão, se necessário, em conjunto com a PRF para realizar desinterdição de rodovias", diz a nota.
Tocantins. O governador Wanderlei Barbosa criou hoje um gabinete de crise com as forças de segurança do estado para resolver os problemas provocados pelos bloqueios nas vias do estado.
Em nota, a PM do Tocantins comunicou que está "monitorando todos os trechos interditados e seguindo os protocolos adequados para gerenciamento de crise, que está evoluindo nas negociações, sendo que neste momento não há nenhum ponto com bloqueio total, apenas parcial".
De acordo com a PM estadual, os responsáveis e os proprietários dos veículos que estão bloqueando as rodovias poderão ser multados em R$ 100 mil por hora, segundo determinado pelo STF.
Alagoas. Apesar da determinação do STF para que a Polícia Militar possa intervir para conter os manifestantes que bloqueiam as estradas, as forças de segurança de Alagoas informaram que seguem "monitorando" os atos.
O Ministério Público do estado criou um grupo de trabalho composto por sete promotores de Justiça para que, juntos, com o procurador-geral de Justiça, Márcio Roberto Tenório, investigue e monitore os bloqueios nas vias estaduais e urbanas do estado.
Mato Grosso. Em coletiva de imprensa, o secretário de Segurança Público do estado, Alexandre Bustamante, informou que, embora a PM ainda não tenha auxiliado no desbloqueio das rodovias, será feito o uso da força, se necessário.
"A fase de desocupação passa por um planejamento, um diagnóstico, para saber como está. A gente vai negociando com todo mundo, porque tem muita gente que vai sair das estradas com negociação. Tem pontos que são mais frágeis, tem pontos que são mais fortes. É um movimento de pessoas que a gente vai negociar para desobstruir. Usando, se for necessário, o que não acredito que vai ser, a força para poder fazer a desobstrução", declarou.
Amapá. A Sejusp (Secretaria da Justia e Segurança Pública) relatou que uma equipe já foi designada para auxiliar no desbloqueio das estradas "e fazer cumprir a decisão" de Alexandre de Moraes.
"Nós temos a intenção de darmos essas condições de desobstrução de maneira pacífica, que é o que tá ocorrendo até o momento nessa manifestação, e após isso, caso não seja acatada a determinação judicial, aí sim nós vamos lançar mão de outros recursos para fazer cumprir", comunicou.
Distrito Federal. O governador Ibaneis Rocha (MDB) disse em uma postagem no Twitter que está "acompanhando os movimentos junto às forças de segurança do DF, que estão autorizadas a usar todos os meios legais para resolver o problema e garantir o direito da maioria".
Paraíba. Por meio de uma rede social, o governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), citou a determinação do STF para informar que autorizou a PM a atuar "na desobstrução das rodovias do nosso estado".
"Nos manteremos sempre firmes e vigilantes na defesa da democracia e no direito das pessoas se locomoverem livremente neste país", completou.
Coletiva
Em coletiva, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) informou no início da tarde de hoje que há 267 pontos de interdição ativos nas estradas federais de todo o país, com apoiadores de Jair Bolsonaro contestando o resultado das eleições.
A corporação disse que o estado com mais interdições é Santa Catarina, seguido por Pará e Mato Grosso, e que a Polícia Federal, a Força Nacional e a Polícia Militar foram mobilizadas para ajudar a liberar as rodovias.
"Estamos em uma operação sinérgica para restabelecer a ordem o quanto antes, liberar o trânsito nas rodovias e resolver o mais rápido possível, para garantir o direito de ir e vir dos cidadãos e o escoamento de mercadorias e pessoas nas rodovias federais", disse o diretor-executivo, Marco Antonio Territo.
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