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'Não adianta mais chorar', diz Mourão sobre vitória de Lula

Do UOL, em São Paulo

02/11/2022 08h12Atualizada em 02/11/2022 12h52

O vice-presidente e senador eleito General Hamilton Mourão (Republicanos-RS) disse que "não há o que reclamar" sobre a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições presidenciais.

Em entrevista ao jornal O Globo, Mourão refutou a possibilidade de fraude no processo eleitoral —que também o elegeu — e disse que manifestantes bolsonaristas que fecham estradas em todo o Brasil devem "baixar a bola".

"Nós concordamos em participar de um jogo em que o outro jogador [Lula] não deveria estar jogando. Mas, se a gente concordou, não há mais do que reclamar. A partir daí, não adianta mais chorar, nós perdemos o jogo", reconheceu o senador eleito.

Sobre os manifestantes bolsonaristas que fazem atos antidemocráticos pedindo novas eleições e intervenção militar, Mourão diz que eles deveriam ter protestado quando Lula recuperou seus direitos políticos.

"Deveria ter sido realizado quando o jogador que não deveria jogar foi [autorizado a jogar]. Ali deveriam ter ido para a rua, buzina. Mas não fizeram. Existem 58 milhões de pessoas inconformadas, mas aceitaram participar do jogo. Então tem que baixar a bola."

Ele acrescentou que não considera que houve fraude na eleição. Ao longo da campanha eleitoral, o presidente Bolsonaro colocou em dúvida a lisura do processo eleitoral diversas vezes. A urna eletrônica é utilizada no Brasil desde 1996 sem nenhuma comprovação de fraude ou adulteração de resultado desde então.

A votação eletrônica foi, na verdade, uma forma de combater fraudes e evitar a manipulação das cédulas em papel.

Ontem, em conversa com jornalistas, Mourão afirmou que tem "quase certeza" que Bolsonaro irá à posse e passará a faixa presidencial para Lula.

Discurso de Bolsonaro e ida ao STF. Após 44 horas em silêncio voluntário, Bolsonaro falou por apenas 2 minutos e 3 segundos e chamou de "movimentos populares" os protestos de bolsonaristas que não aceitam o revés nas urnas. Para o presidente, os atos, em que os manifestantes defendem um golpe de Estado, são "fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral".

Após o discurso, coube ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), anunciar o início do processo de transição de governo. Os trabalhos serão coordenados pelo vice-presidente eleito, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB).

Depois de se pronunciar no Alvorada, Bolsonaro foi ao Supremo Tribunal Federal — dos 11 magistrados, 9 estavam presentes. Apenas Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski se ausentaram, por estarem fora de Brasília.

Por meio de nota, o STF destacou a "importância do pronunciamento do presidente da República em garantir o direito de ir e vir em relação aos bloqueios" nas estradas.

A Corte também observou que o atual governo determinou início da transição, assim reconhecendo o "resultado final das eleições".