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PMs do DF, que escoltaram terroristas, recebem maior salário do país

Do UOL, em São Paulo

10/01/2023 04h00Atualizada em 10/01/2023 10h32

Segundo levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no Anuário de 2022, cada soldado da Polícia Militar do Distrito Federal ganha salário líquido de R$ 7.171,65, quase o dobro da média nacional: R$ 4.486,04.

A diferença na remuneração seria justificada pela necessidade de proteção às sedes dos Três Poderes da República. Agentes da corporação, contudo, foram flagrados escoltando militantes bolsonaristas no ataque terrorista ao Planalto, Congresso e do STF no último domingo (8).

A diferença salarial em relação ao restante do país também ocorre nas demais patentes da PM (sargento, tenente e capitão) no DF. Um cabo, por exemplo, ganha R$ 8.346,77 líquidos na capital federal, enquanto, nacionalmente, o salário médio é de R$ 4.878,34.

Depois do Distrito federal, o estado que paga mais para policiais militares é Mato Grosso, em que soldados recebem R$ 6.205,94 líquidos mensais. Na sequência vem Goiás, com a remuneração de R$ 6.105,71 líquidos mensais para soldados.

O Rio Grande do Norte é a unidade da federação que paga menos: cada soldado da PM recebe R$ 2.682,95 líquidos.

Quem paga os salários no DF?

  • Os salários são pagos por um fundo milionário, chamado de FCDF (Fundo Constitucional do Distrito Federal), que é abastecido com verbas federais;
  • Ou seja, todos os brasileiros pagam os salários dos policiais militares do Distrito Federal;
  • O fundo concentra recursos enviados para as áreas de Segurança Pública, Saúde e Educação do Distrito Federal;
  • Em 2022, segundo dados do Portal da Transparência e Lei Orçamentária Anual, o governo distrital recebeu R$ 16,3 bilhões: R$ 7 bilhões para segurança, R$ 4,1 bilhões para saúde e R$ 2,9 bilhões para educação,
  • Para 2023, a previsão é de R$ 23 bilhões --a segurança deve receber R$ 10,2 bilhões.
O fundo foi criado na Assembleia Constituinte de 1988, entrando em vigor em dezembro de 2002, no final da gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), com o entendimento de que o DF deve receber recursos federais por abrigar a sede do Executivo, Legislativo e Judiciário.

Intervenção no DF

Quase três horas e meia após os ataques às instituições e ao patrimônio público em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou intervenção federal na segurança do DF até 31 de janeiro.

Vamos descobrir quem são os financiadores desses vândalos que foram a Brasília e todos eles pagarão com a força da lei"
Lula em um pronunciamento à imprensa

Afastado por ordem do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou em nota que "não esperava jamais que a situação chegasse àquele ponto". Em sua determinação, Moraes considerou que o governo do DF foi "omisso" em relação às investidas golpistas.

O ministro também criticou a atuação de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro, que até o domingo ocupava o cargo de secretário de Segurança Público do DF. Após os atos, ele foi demitido.