Bolsonaro gastou R$ 1,2 milhão com cartão corporativo em 28 dias de férias

Levantamento foi feito pelo UOL em planilhas que se tornaram públicas após o fim do mandato do ex-presidente e considerou despesas feitas em cidades onde ele passou os recessos de fim de ano em 2019, 2020 e 2021. Em todo o mandato, foram gastos R$ 27,6 milhões.

Há gastos com hospedagens —a maior fatia do que foi comprado com o cartão— alimentação e postos de combustível.

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Não é possível saber o que exatamente foi comprado nos estabelecimentos, mas em um posto em São Francisco do Sul (SC) foram gastos R$ 71.407,37 numa única vez, em janeiro de 2022. O presidente fez passeios de jet ski durante o período em que passou no litoral catarinense.

As despesas foram publicadas em resposta a um pedido feito pela agência Fiquem Sabendo por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação). Enquanto era presidente, Bolsonaro argumentava que deixaria os valores em sigilo até o fim do mandato, seguindo um trecho da própria lei.

As planilhas mostram que Bolsonaro pagou R$ 1,4 milhão em estadias no Ferraretto Hotel, no Guarujá (SP). Essa quantia não foi gasta apenas durante os períodos de recesso do presidente, mas sim ao longo dos quatro anos em que ele ocupou o Palácio do Planalto.

2019

O então presidente viajou para a Bahia em 27 de dezembro, com previsão de retorno a Brasília em 5 de janeiro. No dia 31 de dezembro, no entanto, ele encurtou o recesso e voltou à capital federal para passar o Réveillon ao lado da esposa, Michelle, que se recuperava de uma cirurgia.

Gastos:

• Livraria de aeroporto: R$ 17
• Hospedagem: R$ 54.771,85
• Alimentação: R$ 12.224,27

2020

Bolsonaro foi ao Guarujá (SP) passar o Réveillon com familiares, já durante a pandemia de covid-19. Ele chegou na cidade em 28 de dezembro e retornou a Brasília em 4 de janeiro.

Gastos:

• Hospedagem: R$ 493.057,56
• Alimentação: R$ 22.279,50
• Combustível: R$ 17.479,77

2021

As planilhas mostram que o então presidente gastou mais de R$ 600 mil no período em que passou descansando no litoral de São Paulo e de Santa Catarina entre o fim de 2021 e o início de 2022.

No Guarujá, Bolsonaro ficou entre os dias 17 e 23 de dezembro. Na época, repercutiu nas redes sociais um vídeo em que o então presidente passeava de lancha e dançava um funk com letra machista que compara mulheres de esquerda a cadelas.

Nesta primeira parte das férias, foram gastos:

• Combustível: R$ 48.162,50
• Alimentação: 47.625,67

O presidente ficou em São Francisco do Sul entre 27 de dezembro e a madrugada de 3 de janeiro, quando foi levado às pressas a São Paulo após passar mal.

Na ocasião, Bolsonaro foi sido criticado nas redes sociais por tirar folga enquanto a Bahia enfrentava fortes chuvas —que deixaram mais de 20 mortos.

Neste período, foram gastos:

• Hospedagem: R$ 314.494
• Combustível: R$ 115.076,85
• Alimentação: R$ 104.011,60

'Nunca tirei um centavo'

Bolsonaro disse no ano passado nunca ter feito uso pessoal de um de seus três cartões corporativos. A declaração ocorreu após reportagem revelar que os gastos no cartão corporativo durante o governo Bolsonaro superavam os quatro anos da gestão anterior, de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).

O meu cartão, que eu posso sacar até R$ 25 mil por mês e tomar em tubaína com coca-cola, nunca tirei um centavo."

Em 2021, o então presidente citou as emas do Palácio da Alvorada para justificar o alto gasto no cartão bancado por impostos.