Ex-ministro de Bolsonaro voltou dos EUA, mas deixou 'telefone lá', diz Lula
O presidente Lula (PT) afirmou acreditar que o ex-ministro Anderson Torres tinha conhecimento de que os ataques terroristas aos prédios públicos em Brasília seriam realizados.
"Ele sabia o que ia acontecer. Foi embora [para os Estados Unidos, onde passava férias] e quando voltou [ao Brasil], deixou o celular lá", afirmou em entrevista à GloboNews. Segundo o presidente, essa atitude é uma tentativa de prejudicar as investigações.
Anderson Torres foi preso por omissão e conivência com atos golpistas em Brasília. Na decisão que autorizou a prisão preventiva, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que o ex-secretário deveria ter tomado medidas para prevenir a ocorrência dos crimes. A omissão ficou demonstrada com:
- A ausência de policiamento, em especial do Comando de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal;
- A autorização para mais de cem ônibus ingressarem livremente em Brasília sem qualquer acompanhamento policial, mesmo sendo fato notório que praticam atos violentos;
- Total inércia no encerramento do acampamento na frente do quartel-general do Exército, mesmo quando patente que o local "estava infestado de terroristas".
Segundo Moraes, houve falta de preparação da Secretaria de Segurança Pública para prevenir os atos terroristas.
A decisão de Moraes foi referendada pela maioria do tribunal — por 9 votos a 2, o plenário validou a prisão do ex-ministro. As únicas divergências ficaram com Nunes Marques e André Mendonça, ambos indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Durante buscas, PF encontrou rascunho de decreto golpista na casa de Torres. O texto buscava instaurar um estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral, medida que seria inconstitucional.
A apreensão da minuta foi revelada pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmada pelo UOL. Se posto em vigor, a medida criaria uma comissão composta majoritariamente por militares e quebraria o sigilo de integrantes da Corte.
Investigações sobre atos
Lula disse que a apuração dos atos golpistas será feita "da forma mais correta possível". E reforçou que todas as pessoas envolvidas nos ataques, que invadiram e de alguma forma depredaram o Palácio, Congresso e a Suprema Corte devem ser condenadas para que a democracia seja protegida.
"A democracia é o único regime político que dá o direito de você discordar, que dá o direito de você fazer oposição, que dá o direito de você se expressar livremente, desde que você não ultrapasse o limite dos outros", declarou.
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