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Auditor que barrou joias de Bolsonaro esteve em reality e ganha R$ 36 mil

Do UOL, em São Paulo

07/03/2023 21h06Atualizada em 08/03/2023 08h41

O nome de Mario de Marco Rodrigues de Sousa, delegado da Receita Federal, circulou nas redes sociais após a revelação de que o governo Bolsonaro tentou trazer joias da Arábia Saudita ilegalmente, em outubro de 2021.

Segundo mostrou o UOL, De Marco negou um pedido do então secretário da Receita, Julio Cesar Vieira Gomes, para liberar os itens no aeroporto de Guarulhos, por falta de previsão legal —à época, ele era chefe da Dibag (Divisão de Conferência de Bagagem) do aeroporto de Guarulhos, cargo que havia assumido em dezembro de 2017.

Auditor fiscal da Receita desde 2006, De Marco fez carreira na vigilância de bagagens no aeroporto. Em setembro do ano passado, ele assumiu o comando da alfândega do terminal.

Com o cargo de chefia, passou a receber um salário bruto de R$ 36.445,31, segundo o Portal da Transparência do governo federal. Em dezembro passado, devido aos adicionais de gratificação natalina e férias, seu salário líquido alcançou R$ 56.252,53.

"Matheus Solano da Receita"

Com a exposição do caso das joias, De Marco foi lembrado por ter participado do reality show "Aeroporto: área restrita", da Discovery. A série mostra a rotina de fiscais da Receita e agentes da Polícia Federal nos terminais.

Discreto e sem perfis nas redes sociais, o delegado foi chamado por internautas de "Matheus Solano da Receita", devido à semelhança física com o ator. O delegado aparece em alguns episódios da série, dando flagrantes em suspeitos de crimes como tráfico e contrabando.

Em uma das cenas, ele explica como a Receita escolhe os passageiros que terão as bagagens vistoriadas em Guarulhos:

A gente trabalha muito com inteligência. Então a gente pesquisa os passageiros que estão embarcando, desembarcando, pesquisa o histórico, pesquisa o voo."
Mario de Marco de Souza, delegado da Receita em Guarulhos, à série "Aeroporto: área restrita"

Atuação no caso das joias

Conforme revelou o UOL no último sábado (4), De Marco resistiu à pressão da cúpula da Receita para liberar as joias que seriam destinadas à ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, em outubro de 2021. O conjunto, avaliado em R$ 16,5 milhões, incluía um colar, um par de brincos de diamante e um relógio suíço.

As peças foram um presente do príncipe saudita, Mohammed bin Salman, entregue ao então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Na chegada ao Brasil, porém, os itens foram apreendidos na mochila do servidor Marcos André dos Santos Soeiro, um militar que estava na comitiva do ministro.

Segundo o UOL apurou, o então secretário da Receita Federal pediu a De Marco que liberasse as joias para serem devolvidas ao governo saudita.

O delegado teria negado o pedido porque as joias, do ponto de vista jurídico, foram apreendidas com um viajante brasileiro e não havia registro de que elas fossem um presente do país árabe ao governo brasileiro.

O UOL procurou a Receita Federal para saber a versão de De Marco sobre o episódio. Em resposta, o órgão enviou apenas duas notas oficiais, que tratam das regras gerais sobre declarações de bens e dos critérios das alfândegas para fazer a fiscalização. Alegando sigilo, todavia, a Receita não comentou o caso específico das joias.

Mario de Marco - Reprodução - Reprodução
Mario de Marco Rodrigues de Souza, auditor fiscal da Receita no aeroporto de Guarulhos
Imagem: Reprodução