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De transfobia a menção a Satanás: 7 ofensas de Nikolas Ferreira na política

Nikolas Ferreira (PL-MG) na cerimônia de posse na Câmara dos Deputados - Reprodução/Redes Sociais
Nikolas Ferreira (PL-MG) na cerimônia de posse na Câmara dos Deputados Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Do UOL, em São Paulo

09/03/2023 11h49Atualizada em 10/03/2023 09h09

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi ontem à tribuna da Câmara para um discurso pelo Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março. Em uma atitude transfóbica, ele colocou uma peruca loira e, em tom de deboche, disse que "se sentia mulher", declarando que as "mulheres estão perdendo espaço para homens que se sentem mulheres", reforçando o tom preconceituoso.

O MPF pediu que o discurso seja investigado por "suposta violação ética", mas essa não foi a primeira vez que o político teve falas preconceituosas e caluniosas denunciadas — ele já responde por injúria após ofender a deputada Duda Salabert, uma mulher trans, e chegou a ter seus perfis nas redes retirados do ar pela postagem de notícias falsas.

Confira abaixo uma lista de controvérsias do político, de 26 anos:

Caso 1: Transfobia contra Duda Salabert

  • O deputado responde por injúria racial após chamar a deputada Duda Salabert (PDT-MG), uma mulher trans, de "ele".
  • "Ele é homem. É isso o que está na certidão dele, independentemente do que ele acha que é", afirmou Ferreira em entrevista em dezembro de 2020, quando ambos eram vereadores de Belo Horizonte.
  • Duda Salabert comemorou a decisão da Justiça de acatar a queixa-crime.

Caso 2: Gordofobia contra influenciadora

  • O deputado federal ironizou um post da influenciadora Thais Carla, que se caracterizou como Globeleza semanas antes do Carnaval deste ano.
  • "Tiraram a beleza e ficou só o Globo", disse Nikolas.
  • A dançarina afirmou que iria entrar com uma ação, pedindo uma indenização de R$ 52 mil, após ser alvo do comentário preconceituoso.
  • Em resposta, o deputado gravou um pedido irônico de desculpas, afirmando que deu apenas sua "opinião".

Caso 3: Apoio a discurso golpista

  • Nikolas teve as redes retidas pelo Supremo Tribunal após compartilhar notícias falsas sobre as eleições e os atos golpistas de 8 de janeiro.
  • Em uma live assistida por 415 mil pessoas, ele divulgou um dossiê repleto de informações não comprovadas sobre supostas fraudes no pleito -- o mesmo em que ele foi eleito.
  • Seu Facebook, Instagram, TikTok, Twitter e YouTube ficaram retidos entre 13 e 26 de janeiro, mas foram restabelecidos após decisão do ministro Alexandre de Moraes.
  • Moraes afirmou que o desbloqueio depende de Nikolas, que não deve mais compartilhar conteúdos inverídicos, sob pena de multa.

Caso 4: Oferecer comida é "de Satanás"

  • Logo após as eleições do ano passado, Nikolas publicou nas redes sociais que oferecer comida é "estratégia de Satanás".
  • Ele não esclareceu ao que se referia, mas, horas antes, mencionou a promessa do presidente Lula (PT) de levar picanha para a população.
  • "A estratégia de oferecer comida é de Satanás. Foi assim com Jesus no deserto", escreveu.
  • A tentação de Cristo é um episódio relatado pela Bíblia, em que Jesus jejuou por quarenta dias no deserto. O texto não diz que o diabo teria oferecido comida a ele.

Caso 5: Explicação para armamentismo na Bíblia

  • Em debate com o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), Nikolas afirmou que a Bíblia seria prova que Jesus não concorda com o desarmamento.
  • Ele afirmou que o filho de Deus não veio ao mundo para "acabar com a desigualdade ou a pobreza" e que, no livro de Lucas, ele mandou seus discípulos "venderem sua capa e comprarem uma espada".
  • Segundo especialistas no Livro Sagrado, a interpretação da passagem foi errada, já que Jesus deu a ordem apenas para o cumprimento de uma profecia específica.
  • A declaração foi após Boulos dizer que Jesus não aprovaria o gosto dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por armas.

Caso 6: Lula incentivaria crianças a usarem drogas

  • Logo após o primeiro turno, o TSE determinou a exclusão de um vídeo em que Nikolas insinuava que Lula, então candidato à Presidência, incentivaria crianças e adolescentes a usarem drogas.
  • O ministro Paulo de Tarso Vieira Sanseverino avaliou que o conteúdo era "inverídico, odioso e perigoso", ofendendo a "honra" do petista.
  • O deputado também insinuou que o candidato do PT fecharia igrejas, perseguiria padres e prenderia opositores.
  • Advogados de Lula definiram o vídeo como um "compilado de estigmas inverídicos".

Caso 7: Barrado no Cristo

  • Antivacina, Nikolas Ferreira foi impedido de visitar o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, por não apresentar comprovante de vacinação contra a covid-19.
  • O caso aconteceu em 2021. Meses depois. o então vereador admitiu ter tomado a 1ª dose da vacina, mesmo após a campanha ferrenha contra o imunizante.
  • Segundo o parlamentar, ele foi imunizado para poder viajar à Europa.