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Michelle viaja para os EUA e ameaça planos de megaevento do PL

Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro - Divulgação/PL
Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro Imagem: Divulgação/PL

Carla Araújo e Juliana Dal Piva

Do UOL, em Brasília

13/03/2023 18h24Atualizada em 14/03/2023 08h33

Em meio às investigações sobre as joias sauditas, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro embarcou para Orlando, nos EUA, nesta terça-feira (13) de manhã em voo comercial para se encontrar com o marido, que está fora do país desde o fim de 2022.

Inicialmente, o UOL apurou que ela ficaria cerca de 15 dias fora do país, fato que pegou boa parte da cúpula do PL de surpresa já que o partido prepara um grande evento com diversos quadros da legenda para o próximo dia 21. O principal objetivo era justamente anunciar Michelle como presidente do PL Mulher.

Na manhã desta quarta-feira, porém, integrantes do PL informaram que a ex-primeira-dama disse à sigla que ficaria nos Estados Unidos apenas cinco dias e voltaria a tempo para o evento.

Acontece que ainda há um clima de desconfiança no ar. Primeiro, porque Michelle não avisou o partido com antecedência que iria viajar. Segundo, porque o ex-presidente Jair Bolsonaro já deu algumas dadas de retorno e nunca cumpriu.

Além disso, o aniversário de Bolsonaro, no dia 21 de março, e o de Michelle, no dia seguinte, seriam algumas das razões dadas para justificar a viagem. Se ela ficasse nos Estados Unidos para comemorar as datas com o marido, não haveria tempo de voltar para o evento.

Na tarde de terça-feira, a cúpula do PL realizou reuniões internas e o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, afirmou que pretendia manter o evento, mesmo sem a presença de Michelle. Obviamente, se essa for a opção do partido, integrantes da sigla admitem que a ausência da principal aposta política do PL representa um desgaste.

Além do evento, o partido preparava para Michelle uma agenda de viagens pelo país a partir de maio e que deveria começar pelos lugares em que Bolsonaro foi mais bem votado no Sul e no Centro-Oeste.

O UOL apurou que a viagem foi decidida nos últimos dias, após a escalada do caso das joias retidas pela Receita Federal — que seriam destinadas à ex-primeira-dama, o que ela afirma desconhecer, e envolve integrantes do governo Bolsonaro.

Interlocutores negam que a viagem seja motivada pelo episódio e relatam que o casal não se vê há 45 dias.

No círculo íntimo do clã Bolsonaro, porém, é difícil imaginar que os dois não tratem da questão das joias. Também é conhecida a mágoa que Michelle possui com episódios anteriores. O mais conhecido ocorreu quando ela se sentiu envolvida nas investigações sobre rachadinha no gabinete do senador Flávio Bolsonaro por conta dos cheques de R$ 89 mil depositados por Fabrício Queiroz.

Interlocutores da família dizem que a viagem também está relacionada a uma tentativa de acalmar os planos políticos do PL para Michelle. Na cúpula do partido, existe a intenção de prepará-la para as eleições de 2026. Michelle, porém, negou interesse em ser candidata embora tenha manifestado em reunião da bancada de mulheres do PL que quer ajudar o partido crescer para defender sua agenda conservadora.

Desde que ela retornou dos EUA, sozinha, interlocutores da família dizem que o senador Flávio Bolsonaro (PL) se sentiu "apagado" com a presença dela nos eventos do partido. Um episódio que é contado entre integrantes do partido ocorreu no jantar dos parlamentares do partido com Valdemar Costa Neto, pouco antes da eleição para a presidência do Senado. O evento era um apoio ao senador Rogério Marinho que disputava o comando da Casa.

Quem levou Michelle ao jantar foi o ex-ministro e ex-candidato a vice-presidente Walter Braga Netto. Ao ver a madrasta no jantar e ouvir os comentários sobre uma possível candidatura de Michelle, Flávio disse, em tom de desdém, na mesa em que estava que ela "nunca será" candidata. Pouco depois, ele deixou o jantar.