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Eduardo Bolsonaro: Assessor falou que joias eram de Michelle 'por intuição'

Eduardo Bolsonaro falou sobre as joias dadas pelo governo saudita para Michelle Bolsonaro - Reprodução
Eduardo Bolsonaro falou sobre as joias dadas pelo governo saudita para Michelle Bolsonaro Imagem: Reprodução

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/04/2023 15h46

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse que o assessor parado na alfândega com joias de R$ 16,5 milhões dadas pela Arábia Saudita ao governo de Jair Bolsonaro (PL) falou que as peças de diamantes eram para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro "por intuição".

O que aconteceu:

Eduardo Bolsonaro afirmou que os presentes foram enviados pelo governo saudita por meio do então ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque. Na volta ao Brasil, Albuquerque estava "com pressa para pegar uma conexão" e mandou seu assessor passar pela Receita Federal. As declarações foram dadas no podcast Cara a Tapa.

O assessor foi passar as malas pela alfândega e um funcionário da Receita Federal perguntou o que tinha dentro, mas o funcionário do governo Bolsonaro não soube responder. Após abrirem, viram as joias de diamantes e, "intuitivamente", o assessor teria dito que "deve ser para a primeira-dama", referindo-se à Michelle. Eduardo disse que Bento teria oficiado a Secretaria de Patrimônio Público, mas "o negócio ficou por isso". As joias foram retidas pela Receita.

Conforme o deputado, Bolsonaro só soube das joias um ano depois, em outubro de 2022, quando "um sujeito" falou para ele sobre os diamantes "travados lá em Guarulhos". "Aí o meu pai, espontâneo, o que ele faz, chega pro assessor mais próximo, devia ser o ajudante de ordens, coronel Mauro Cid, e diz: 'vê isso aí, resolve pra mim'", disse o parlamentar.

Eduardo Bolsonaro admitiu que o ex-presidente recebeu "um relógio, abotoadura, sei lá o que", mas que a defesa de seu pai "mandou devolver, porque ele não faz questão". Na realidade, as joias que ficaram de posse de Bolsonaro só foram devolvidas ao patrimônio público após decisão do TCU (Tribunal de Contas da União), que obrigou o ex-presidente devolver os presentes de luxo.

Ainda, o deputado disse que "fica um negócio deselegante" devolver os presentes dados pelo governo saudita, "porque os árabes querem mostrar essa deferência toda, então mais caro é o presente" — a mesma justificativa foi dada pelo ex-ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, que disse ser "deselegante" devolver um relógio de luxo que ele ganhou do governo Qatar em 2019.

Relembre o caso

O governo Bolsonaro tentou trazer ilegalmente um conjunto de joias avaliado em R$ 16,5 milhões dado de presente pela Arábia Saudita à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo.

As peças de diamantes estavam na comitiva do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque e foram retidas na Receita Federal do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). Próximo ao fim de seu mandato, Bolsonaro mobilizou alguns ministérios para tentar reaver as joias, mas não conseguiu.

Depois, foi revelado que Bolsonaro e alguns de seus ministros receberam outros presentes caros. O ex-presidente chegou a devolver um segundo conjunto de joias e armas, após determinação do TCU. Posteriormente, um terceiro kit, este avaliado em R$ 500 mil, também foi devolvido.

A defesa de Bolsonaro nega irregularidades no caso e diz que o ex-presidente agiu conforme as leis. Michelle, por sua vez, ironizou o conjunto de R$ 16,5 milhões que seria dado de presente a ela.

Em depoimento à Polícia Federal, Jair Bolsonaro admitiu que pediu para o chefe da Receita Federal, Júlio César Vieira, atuar pessoalmente para ajudá-lo a reaver as joias. Em meio ao escândalo, Júlio César pediu demissão, mas sua exoneração foi barrada.

No depoimento, o ex-presidente reafirmou que só tomou conhecimento das joias um ano depois. Porém, segundo o Estadão, documentos do governo mostram que houve três tentativas para pegar as peças de luxo ainda em 2021, sendo que uma delas partiu do gabinete presidencial.