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Ailton Barros recebeu R$ 10 mil do governo do RJ em mês que discutiu golpe

O major reformado do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros - Reprodução/Facebook
O major reformado do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, no Rio

04/05/2023 19h02

O advogado e major reformado do Exército Ailton Barros recebeu R$ 10 mil do governo Cláudio Castro (PL) em dezembro passado. Naquele mês, segundo áudio obtido pela CNN Brasil, Ailton discutiu por WhatsApp um golpe de Estado com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). Ambos estão presos por suspeita de envolvimento em falsificação de certificado de vacinação para o ex-presidente.

O que aconteceu

Ailton Barros foi nomeado em 22 de novembro pelo secretário estadual da Casa Civil, Nicola Miccione, para um cargo de assessor-chefe de gabinete da pasta —o equivalente a um auxiliar do chefe de gabinete. Ele permaneceu na função até o início de janeiro.

No mês de dezembro, quando estava no cargo, o ex-major trocou áudios com Mauro Cid a respeito de golpe de Estado, segundo investigação da Polícia Federal revelada pela CNN Brasil.

Ailton Barros mandou mensagens para Cid propondo um golpe. "O conceito da operação: entre hoje e amanhã, tem que continuar pressionando Freire Gomes [comandante do Exército] para que ele faça o que tem que fazer", diz ele em 15 de dezembro.

Ele ainda sugeriu a prisão do ministro do STF Alexandre de Moraes e um decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem). "Se for preciso, vai ser fora das quatro linhas", disse. "Nos decretos e nas portarias assinadas, tem que ser dada a missão de prender o Alexandre de Moraes no domingo, na casa dele, como ele faz com todo mundo. Na segunda-feira, assinar os decretos de Garantia da Lei e da Ordem e botar as Forças Armadas para agir, senão nunca mais vamos limpar o nome do Exército", justificou Ailton. De acordo com a emissora, não foi possível saber o que Mauro Cid respondeu.

Além da nomeação mais recente, o advogado já havia ganhado o mesmo cargo em março de 2021. Não há registro publicado em Diário Oficial de quando ele foi exonerado pela primeira vez. A Secretaria da Casa Civil ainda não se manifestou sobre as funções dele e se houve indicação política.

Assessoria, e não chefia. Procurada, a Casa Civil do governo do RJ afirmou que Ailton não faz parte do quadro de pessoal da pasta, tendo sido exonerado em 2 de janeiro. Segundo a pasta, ele ocupava um cargo de assessoramento e não desempenhava função de chefia. A reportagem não localizou a defesa de Ailton. O espaço segue aberto.

Quem é Ailton Barros?

Ailton Gonçalves Moraes Barros foi preso esta semana durante a Operação Venire, que investiga dados falsos sobre a vacinação da covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.

Nos áudios localizados pela PF, ele também disse saber quem era o mandante da morte da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018.

Em 2022, foi candidato pelo PL a deputado estadual pelo RJ e acabou eleito suplente. Durante a campanha, Ailton dizia nas redes sociais ser "o verdadeiro 01 do presidente Jair Bolsonaro no estado do RJ".

A relação com a política é antiga. A primeira tentativa de candidatura ocorreu em 2006, como deputado federal do RJ pelo então PFL (Partido da Frente Liberal).

"Militar e civil". Em suas redes sociais, apresenta-se como oficial da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), paraquedista militar e civil.

Advogado, ele é defensor da pena de morte. Em um vídeo publicado em seu canal do YouTube, afirma que é "partidário que nos crimes hediondos contra criança deve haver pena de morte".