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Ex-diretora do ministério apagou mapa das eleições enviado a Torres, diz TV

Anderson Torres prestou duas horas de depoimento ontem na sede da PF em Brasília - Marcelo Camargo / Agência Brasil
Anderson Torres prestou duas horas de depoimento ontem na sede da PF em Brasília Imagem: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

09/05/2023 21h07Atualizada em 09/05/2023 21h37

A ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça Marília Alencar apagou do seu celular mensagens com um mapa das eleições do ano passado, enviadas ao ex-ministro da Justiça Anderson Torres. As informações foram obtidas pela CNN.

O que aconteceu:

Fontes da Polícia Federal afirmam que o documento enviado ao então ministro Anderson Torres mostrava as cidades onde Lula (PT) teve mais votos que Bolsonaro (PL), no primeiro turno das eleições. Apesar de ter tentado apagar as mensagens, os dados foram recuperados pela PF, disse a CNN.

A investigação informou que o mapa tinha os registros dos locais onde Lula teve mais votos. Com isso, a PRF (Polícia Rodoviária Federal), com autorização do governo federal, teria coordenado operações de bloqueios nas estradas, com o intuito de evitar que eleitores chegassem aos locais de votação.

De acordo com a CNN, a PF teria descoberto uma viagem de Torres à Bahia, em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), dias antes do segundo turno das eleições. O objetivo seria pressionar o então superintendente regional, Leandro Almada, a atuar na operação no dia do pleito, dando apoio à PRF.

Anderson Torres prestou duas horas de depoimento ontem na sede da PF em Brasília. O ex-ministro negou ter havido determinação do ministério para atuação conjunta da PRF e da Polícia Federal nas operações rodoviárias com eleitores, segundo o UOL apurou.

O ex-ministro disse também que jamais interferiu em planejamentos operacionais das corporações, como blitze e abordagens. Torres afirmou que recebeu da então diretora de inteligência da pasta, Marília Alencar, o mapeamento feito no Ministério da Justiça — com a relação de cidades nas quais Lula (PT) venceu Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno. Ele negou, porém, que compartilhou o documento com a PRF ou com a PF na Bahia.

Nordeste teve 4 em cada 10 ônibus abordados

O ministro da Justiça, Flávio Dino, apontou "desvios de padrão" de atuação da PRF durante o segundo turno das eleições no ano passado, direcionando mais fiscalização para o Nordeste, que concentrou 47% do total das abordagens a ônibus no Brasil. As evidências foram apresentadas hoje em um relatório da PRF.

A pasta encaminhou um relatório com dados da PRF à CGU (Controladoria Geral da União) no qual mostra que a corporação fiscalizou 2.185 ônibus no Nordeste, região onde o então candidato Lula (PT) venceu no primeiro turno e tinha favoritismo para o segundo. Nas demais regiões, foram: 893 (Centro-Oeste), 310 (Norte), 571 (Sudeste), 632 (Sul).