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Defesa diz que Bolsonaro 'jamais participou de conversa sobre golpe'

1º.jan.2023 - O ex-presidente Jair Bolsonaro recebe apoiadores em condomínio na região de Orlando (EUA) - Thiago Amâncio/Folhapress
1º.jan.2023 - O ex-presidente Jair Bolsonaro recebe apoiadores em condomínio na região de Orlando (EUA) Imagem: Thiago Amâncio/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

16/06/2023 15h55Atualizada em 16/06/2023 16h26

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) emitiu nota na tarde de hoje e afirmou que o político "jamais participou de qualquer conversa sobre um suposto golpe de Estado".

O que aconteceu:

O texto foi divulgado após a revista Veja expor mensagens encontradas pela Polícia Federal no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que demonstram que um golpe de Estado foi encorajado e que houve a elaboração de um roteiro para a ação.

A defesa de Bolsonaro disse que o ajudante de ordens Mauro Cid, "pela função exercida", recebia as demandas (pedidos de agendamento, recados, entre outros) que deveriam chegar ao conhecimento do presidente da República.

A nota ainda discorre que o celular de Cid "por diversas ocasiões se transformou em uma simples caixa de correspondência que registrava as mais diversas lamentações". O documento obtido pelo UOL é assinado pelos advogados Paulo Amador da Cunha Bueno, Daniel Bettamio Tesser e Fábio Wajngarten.

O que dizem as mensagens?

No material obtido, Cid foi cobrado por membros das Forças Armadas para convencer Bolsonaro a seguir com um golpe de Estado, após a vitória de Lula nas eleições do ano passado. Cid está preso desde o mês passado e se negou a falar quando depôs à Polícia Federal.

A maioria das mensagens reveladas foi escrita pelo coronel Jean Lawand Junior, subchefe do Estado-Maior do Exército, ao longo de dezembro do ano passado.

Algumas vieram de um grupo de militares da ativa em aplicativo de mensagens e outras foram trocadas entre Gabriela Cid, esposa do tenente-coronel, e Adriana Villas Bôas, filha do general Eduardo Villas Bôas.

As repostas de Cid foram vagas, com um "infelizmente" quando Lawand reconheceu que um golpe não aconteceria e "muita coisa acontecendo" ao ser estimulado a mobilizar Bolsonaro para cometer o ato antidemocrático.

Também foi encontrado um roteiro para a implementação do golpe de Estado.

"Por respeito ao Supremo Tribunal Federal, todas as manifestações defensivas serão feitas apenas nos autos do processo", informou ao UOL a defesa de Mauro Cid, representada pelos advogados Bernardo Fenelon e Bruno Buonicore.

Objetivo de grupo bolsonarista era promover novas eleições

O roteiro passado para Cid tinha tem três páginas e foi batizado de "Forças Armadas como poder moderador".

O golpe resultaria, na fase final, em novas eleições e seria aplicado com base em uma tese de que, quando há conflito entre os Poderes, as Forças Armadas poderiam ser chamadas para intervir.

O primeiro passo seria nomear um interventor "que coordenará as medidas de restabelecimento da ordem constitucional" e um prazo para estabelecer esse cenário. Com isso, Forças Armadas e instituições de segurança, como Polícia Federal, ficariam sob comando do interventor.

Depois, entraria na mira o Judiciário, para decidir quais atos deveriam ser suspensos e até o "afastamento preventivo daqueles que praticaram atos em violação direta da Constituição Federal". Os afastados seriam investigados, podendo ir a julgamento no Senado.

Novas vagas seriam criadas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), alvo frequente de bolsonaristas nas últimas eleições. Para a substituição, eram cotados os ministros indicados por Bolsonaro, Nunes Marques e André Mendonça, além de Dias Toffoli.

Novas eleições, então, poderiam ser convocadas após o reconhecimento do desacordo do TSE com a Constituição.

Mensagens mostram que entusiastas esperavam por ação de Bolsonaro

Convença o 01 a salvar esse país!"
Jean Lawand Junior, em referência a Bolsonaro

Cid, pelo amor de Deus, o homem [Bolsonaro] tem que dar a ordem. Se a cúpula do EB [Exército Brasileiro] não está com ele, da divisão para baixo está. Assessore e dê-lhe coragem".
Jean Lawand Junior

Pelo amor de Deus, Cidão. Pelo amor de Deus, faz alguma coisa, cara. Convence ele a fazer. Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder. Ele vai ser preso. O presidente vai ser preso. E, pior, na Papuda, cara".
Jean Lawand Junior

De moto [sic] próprio o EB nada vai fazer porque será visto como golpe. Então, está nas mãos do PR [presidente]".
Mensagem encaminhada por Lawand, supostamente escrita por um amigo do Exército

Estamos diante de um momento tenso onde temos que pressionar o Congresso".
Gabriela Cid

Ou isso ou a queda do [ministro Alexandre de] Moraes".
Ticiana Villas Bôas em resposta a Gabriela Cid

Vai ter careca [Moraes] sendo arrastado por blindado em Brasília?"
Grupo de militares

Estejamos prontos? A ruptura institucional já ocorreu".
Grupo de militares