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Moraes defende necessidade de coibir anonimato em redes ao cobrar regulação

1º.mar.2023 - O ministro Alexandre de Moraes, do STF, durante sessão plenária do tribunal - Carlos Moura/SCO/STF
1º.mar.2023 - O ministro Alexandre de Moraes, do STF, durante sessão plenária do tribunal Imagem: Carlos Moura/SCO/STF

Do UOL, em Brasília

20/06/2023 13h13

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), criticou o uso do anonimato nas redes sociais ao defender a necessidade de uma regulação das big techs. Para o magistrado, as plataformas ainda permitem que robôs —contas automatizadas— continuem existindo sem a necessidade de identificar os responsáveis pelos perfis.

O que disse Moraes

Ao defender medidas possíveis em uma eventual regulação das plataformas, Moraes apontou a necessidade de identificação do usuário nas redes sociais.

"Ora, por que quer o anonimato? Tem que ter coragem. Se tem coragem de ofender, de atacar, também tem que ter a coragem de se mostrar e ser identificado", afirmou.

Para o ministro, ainda há usuários que usam de contas anônimas para atacar outras pessoas e instituições democráticas.

A Constituição veda o anonimato. Não é possível que cada Twitter tenha um CPF? Tenha a pessoa responsável? Ah, mas a pessoa pode fraudar o CPF. Tudo bem, aí vamos combater a exceção. Hoje é a regra. E os robôs continuam existindo para ferir, para atacar, para desmoralizar pessoas e instituições, para tentar corroer os pilares da democracia.
Alexandre de Moraes, ministro do STF

Outra medida defendida por Moraes é a possibilidade de corresponsabilização das redes pelo conteúdo publicado pelos usuários, especialmente o que for monetizado ou impulsionado nas plataformas.

O ministro relembrou o ato golpista de 8 de janeiro e a sua reunião com representantes das plataformas, em janeiro. Na ocasião, Moraes afirmou que as redes foram instrumentalizadas durante a invasão às sedes dos três Poderes.

"Está mais que comprovada a necessidade de uma regulamentação minimalista que não vai atrapalhar a livre comunicação", afirmou.

Autofavorecimento e manipulação

Moraes afirmou ainda que houve autofavorecimento e manipulação de informações por parte das big techs durante a discussão do PL 2630, o chamado PL das Fake News.

Na ocasião, o Google disponibilizou um link na página inicial do buscador com críticas ao texto, e o Telegram disparou uma mensagem a todos os usuários afirmando que a proposta seria uma censura.

As iniciativas são investigadas no Supremo em inquérito aberto a pedido da Procuradoria-Geral da República e da Câmara dos Deputados.

Naquela oportunidade, o poder de manipulação foi utilizado para autofavorecimento. Em outro momento, pode ser instrumentalizado para o ataque à democracia, e amanhã pode ser utilizado contra vocês, individualmente.
Alexandre de Moraes, ministro do STF

Para o ministro, a regulamentação deve ser "minimalista" e sem retirar os direitos de manifestação legítima nas redes. Moraes registrou que há tanto o projeto de lei no Congresso quanto uma ação no Supremo que devem discutir o tema.

"A liberdade de expressão não pode ser utilizada como escudo protetivo para a prática de crimes", ressaltou.