Jornal: Do Val diz à PF que não fez contato com 'inteligência americana'

O senador afirmou a Silveira que o relato à "inteligência americana" foi necessário devido à "outra função" que exercia. Do Val afirma que já foi instrutor da Swat, grupo de elite da polícia norte-americana.

"É possível que do Val tenha dito tal afirmação apenas como um "blefe", diz um trecho do relatório da PF ao qual o jornal teve acesso. A troca de mensagens entre Do Val e Silveira aconteceu nos dias 13 e 14 de dezembro do ano passado.

"Ato contínuo a reunião com o Ministro, contatou Daniel [Silveira] por mensagem, informando-o que não aceitaria a 'missão' porque isso prejudicaria suas relações com a Inteligência Americana. Essa justificativa, no entanto, foi apenas para afastar as novas tentativas de contato de Daniel [Silveira]; e, indagado se houve alguma orientação de órgão de inteligência externa para tomada de sua decisão e se isso a influenciou, respondeu que não, reiterando que quando referiu 'Inteligência Americana' falou dessa forma apenas como justificativa para ter tempo de reportar ao Ministro Alexandre [de Moraes] os fatos", disse em um trecho do depoimento.

O senador disse à PF ter feito "acusações infundadas", em um "momento de raiva", sobre o suposto envolvimento de Bolsonaro em uma "trama golpista". Ontem, o senador prestou novo depoimento à PF sobre o suposto plano de tentar gravar o ministro Alexandre de Moraes e comprometer as eleições de 2022.

Do Val afirmou ter ficado claro que Silveira estava tentando convencer tanto ele quanto ao ex-presidente. Além disso, afirmou que "pela expressão de surpresa do ex-presidente, acredita que apenas Daniel Silveira sabia do que seria tratado na reunião".

Do Val é investigado por tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta de governo legalmente constituído, associação criminosa e divulgação irregular de informações confidenciais.

Envolvimento 'Cinco Estrelas'

Marcos do Val voltou a reforçar que comente ele, Bolsonaro e Daniel Silveira estavam na reunião que supostamente trataria de uma trama golpista. No entanto, ele garantiu que o ex-deputado pretendia envolver mais gente.

Sobre a colaboração de outras pessoas, do Val disse que Silveira não falou sobre isso durante a reunião, mas teria enviado mensagem por WhatsApp dizendo: "Irmão, essa missão está restrita a três pessoas e só irá ficar, provavelmente, com mais cinco após concluída. Cinco estrelas". O senador, porém, disse não saber o que o ex-deputado quis dizer e afirmou que não quis perguntar.

Além disso, ele explicou que Silveira afirmou "já possuir equipamentos de escuta e transmissão e um carro para captar áudio, mas não referiu de onde viriam esses equipamentos".

Senador é investigado por plano de golpe e declarações complicam até Bolsonaro

A investigação está relacionada aos relatos do senador sobre um suposto plano golpista que envolveria o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ).

Desde que afirmou ter sido coagido a tentar incriminar Alexandre de Moraes, o parlamentar mudou de versão várias vezes. No dia primeiro de junho, o senador pediu para que o ministro fosse convocado para a CPMI do 8/1.

O senador chegou a dizer que forjou a história para tentar afastar Alexandre de Moraes da investigação contra Bolsonaro: "Não tinha golpe de Estado, nem nada. Tinha falado: 'Bolsonaro, vou usar aquela reunião para fazer uma ação para te blindar porque ele [Moraes] quer te prender'", disse o senador a apoiadores em vídeo gravado pelo portal Metrópoles.

Ontem, o senador fez uma publicação no Twitter na qual diz que as ações do ministro são inconstitucionais: "É notório em todos os meios jurídicos e entre e entre os magistrados, por todo o Brasil, as ações anticonstitucionais do ministro Alexandre de Moraes".