Lira critica Lava Jato e julgamento da mídia e defende semipresidencialismo
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), criticou as condenações midiáticas, como no caso dos kits de robótica comprados em Alagoas e as realizadas pela operação Lava Jato, além de defender a adoção do semipresidencialismo no Brasil, durante participação no programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira.
O que disse Lira:
Lira criticou a prática de condenação midiática, e citou casos como os da Lava Jato e o de Aécio Neves. A fala vem num momento turbulento, em que o nome do próprio presidente da Câmara foi vinculado a investigações, que vão desde o financiamento de kits de robótica para municípios de Alagoas, sob investigação, a supostas agressões à sua ex-esposa.
Lira negou que tenha relação com qualquer transação ilegal envolvendo os kits de robótica. A Polícia Federal apura suspeita de desvios em contratos da empresa Megalic com municípios alagoanos para fornecimento de kits de robótica, com dinheiro proveniente do FNDE. "Tudo meu está declarado", afirma.
O presidente da Câmara esclareceu que é amigo do ex-assessor Luciano Cavalcante, um dos principais alvos da operação. "Luciano é meu amigo, temos convivência política há muitos anos, nunca neguei a minha amizade com ele. O que eu não posso, nem ninguém pode é ser responsável por isso ou por aquilo de outro CPF", declarou.
Ele argumentou que o inquérito não teria surgido para investigar desvios de kits de robótica, mas sim "para investigar Arthur Lira". E que "em mais de 12 mil páginas do inquérito", não teria o seu nome.
Sobre o documento vazado em seu nome, Lira rebateu a pergunta do jornalista Fado Serapião, da Folha de S.Paulo, e questionou se ele seria "defensor de vazamentos". "Você pode afirmar que são pagamentos? Está escrito que foi pago? Eu recebi a notícia desse vazamento no dia do meu aniversário. Isso não é humano, ético e sem respeito", declarou.
O que sempre digo, e reafirmo, é que minhas atividades pessoais e minha vida como pessoa politicamente exposta estão tranquilamente fiscalizadas pelo COAF. Tudo meu está no imposto de renda. Tenho renda para qualquer despesa.
Arthur Lira, no Roda Viva
Lava Jato
O parlamentar também classificou as práticas da Lava Jato como "abusivas" e "injustas" ao prender o presidente Lula (PT) por um ano e meio até ter os processos anulados.
Lira também citou Aécio Neves (PSDB-MG), recentemente inocentado por corrupção passiva, após indiciamento proveniente de uma gravação do empresário Joesley Batista, da J&F: "Então, o que está em discussão e em segredo de justiça no STF (Supremo Tribunal Federal), todos os jornalistas vão ter acesso às desvirtuações presentes nesse inquérito".
Modelo de gestão de estado
Lira argumentou que o semipresidencialismo traria mudanças "estruturantes" ao país.
Ele diz que a estrutura política brasileira, hoje, é alvo de reclamações generalizadas e o modelo seria uma alternativa eficiente, em sua opinião. Num sistema como o do Brasil, de uma constituição parlamentarista e de um sistema presidencialista, o sistema de coalizão por todos vocês recebem críticas.
Imperador do Japão não manda em nada, quem manda no Japão é o primeiro-ministro. Eu sempre defendi o semipresidencialismo porque fazendo uma autocrítica - da minha Casa - a minha Casa muitas vezes vota em matérias que dão apoio e aplausos, muitas vezes, a gente vota em matérias, como foi alguns pisos e algumas situações, e não tem a grandeza e a dificuldade do impacto que isso vai gerar, só tem responsabilidade absoluta na gestão quem gere.
Arthur Lira, no Roda Viva
Kits sob suspeita
A PF detectou indícios de envolvimento do ex-assessor da liderança do PP na Câmara Luciano Ferreira Cavalcante depois de filmarem entregas em dinheiro vivo para Wanderson, seu motorista. A suspeita é que os recursos tiveram origem nos contratos dos kits de robótica. A investigação teve início após reportagem do jornal Folha de S.Paulo.
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Quero receberNo despacho que enviou o caso ao STF, o juiz federal Roney Otílio, da 2ª Vara Federal de Alagoas, cita as anotações e documentos obtidos pela Polícia Federal que fazem referência ao nome de Arthur Lira.
Alguns documentos foram apreendidos com um ex-assessor de Lira, Luciano Cavalcante, alvo da operação. Outros foram obtidos com o motorista de Luciano, Wanderson Ribeiro.
Documentos apreendidos na investigação:
- "Três documentos envolvendo os nomes das pessoas de Luciano Ferreira Cavalcante e Arthur César Pereira de Lira, tratando-se de: um recibo de lavagens de veículo; um termo de autorização de entrega de veículo; um formulário de autorização de viagem outorgado por Arthur César Pereira de Lira em favor de Luciano Ferreira Cavalcante, a respeito de adolescente filho do primeiro", escreveu o magistrado.
- "Documento apreendido em posse de Wanderson (motorista de Luciano Cavalcante) com manuscritos diversos descrevendo possível controle de despesas pessoais (...). Na agenda referida constam anotações de possíveis despesas de Arthur Lira, de seus familiares e de pessoas de sua relação", citou no despacho.
- As anotações encontradas com Wanderson indicavam pagamentos de cerca de R$ 265 mil vinculados ao nome de "Arthur", conforme revelado por reportagem da revista "Piauí". A PF também apreendeu planilhas com Luciano Cavalcante com anotações de pagamentos no valor total de R$ 650 mil ao nome Arthur, de acordo com reportagem do jornal "Folha de S.Paulo".
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