De réu por tráfico a hacker da Vaza Jato: a história contada por Delgatti
Em depoimento à CPI dos atos golpistas de 8 de janeiro, o hacker Walter Delgatti Neto colocou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no centro do escândalo ao afirmar que receberia um indulto presidencial se invadisse as urnas eletrônicas.
Preso desde o último dia 2 pela Polícia Federal após invadir os computadores do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), ele ficou conhecido por hackear trocas de mensagens de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol.
"Hacker da Vaza Jato"
O nome de Delgatti começou a aparecer com frequência no noticiário político em 2019. Em depoimento à Polícia Federal em 2019, Walter Delgatti contou como chegou às mensagens trocadas pela força-tarefa da Lava Jato. Delgatti disse que, primeiro, hackeou o promotor de Justiça Marcel Zanin. Ele tinha atuado em um processo em que Delgatti era réu por tráfico de drogas.
Na época, Delgatti foi preso na Operação Spoofing e admitiu ter hackeado o celular de diversas autoridades brasileiras — entre elas: Moro, Dallagnol e outros procuradores da Operação Lava Jato.
Na ocasião, ele também afirmou que repassou o conteúdo das supostas mensagens entre Moro e Dallagnol ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil — sem ter recebido dinheiro por isso. Assim surgiu a expressão "Vaza Jato" e ele ficou conhecido como o "hacker da Vaza Jato" e também o "hacker de Araraquara", cidade onde morava.
Em 2020, ele foi colocado em regime semiaberto, com tornozeleira eletrônica e restrição ao uso de internet.
Em entrevista à CNN Brasil, Delgatti afirmou que, inicialmente, não tinha foco na Operação Lava Jato. "Se eu tivesse foco na Lava Jato, teria conseguido antes. A Lava Jato é o último lugar em que imaginei que encontraria irregularidades", disse.
Já em conversa com o UOL TAB em agosto do ano passado, ele contou que estava estudando direito em uma faculdade particular — na época, estava a um ano e meio de se graduar e esperava passar no exame da Ordem dos Advogados do Brasil para obter o registro profissional.
Procurado por políticos da direita
Dois anos depois, já em agosto de 2022, ele teria se reunido com o então presidente Bolsonaro no Palácio da Alvorada por intermédio de Carla Zambelli. Segundo o hacker, ele foi questionado sobre detalhes do sistema das urnas eletrônicas durante o encontro.
Procurado para grampear Moraes. Em fevereiro de 2023, Delgatti afirmou em entrevista ao Brazilian Report que teria sido procurado para invadir o celular do ministro Alexandre de Moraes.
Já em junho deste ano, Delgatti foi preso novamente por descumprir uma medida da Justiça que o proibia de acessar a internet. No entanto, ele foi colocado em liberdade novamente.
Então, no último dia 2 de agosto, ele foi preso mais uma vez. Agora, Delgatti é acusado de participar de um ataque contra o sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para emitir um falso pedido de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.
Segundo o advogado dele, Ariovaldo Moreira, o hacker teria recebido R$ 40 mil da deputada Carla Zambelli (PL-SP) em pagamentos pelos serviços de hacker. A parlamentar teria feito depósitos que chegam a R$ 14 mil e o restante do valor foi feito em espécie. Ela nega as acusações.
Antes da "fama"
Antes de ficar conhecido como o "hacker da Vaza Jato", ele teve uma passagem pela polícia por falsidade ideológica em 2015. Na ocasião, ele estava com armas no carro e mentiu ser um delegado. As informações são da GloboNews.
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Quero receberDois anos depois, em 2017, Delgatti teve outra passagem por estelionato e também foi investigado por falsificação de documentos, ainda de acordo com o canal.
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