Conteúdo publicado há 8 meses

Lula lança Brasil sem Fome e critica gestão anterior: 'Batalha não é fácil'

O presidente Lula (PT) lançou hoje o plano Brasil sem Fome, em Teresina. Durante o evento, o petista alfinetou a gestão de Jair Bolsonaro (PL) e declarou que a tarefa do seu governo é "reconstruir" o país.

Como foi o evento

O presidente retomou os momentos da campanha, no ano passado, disse que recebeu em 1º de janeiro um país "destruído". A questão orçamentária tem sido o principal desafio do governo — tanto para cumprir as promessas quanto para ter apoio no Congresso — e Lula tem procurado atribuir as dificuldades à gestão anterior.

O presidente também afirmou que não havia orçamento para o Bolsa Família e que a gestão anterior deixou mais de 14 mil obras "paradas". "A gente pegou esse país com 14 mil obras paradas, quatro mil creches paradas, 286 mil casas paradas, desde o tempo que eu era presidente e desde o tempo da Dilma. Nossa tarefa é reconstruir esse país e dar decência às pessoas".

Nós estamos em uma batalha que não é fácil. Nós pegamos esse país destruído [...], recebemos o Brasil no dia 1º de janeiro e nem orçamento tinha, se não fosse o Marcelo Castro [senador], a gente não tinha dinheiro para começar esse ano.
Lula, em Teresina

Lula foi ao Piauí para lançar também obras do PAC (Programa de Aceleração ao Crescimento), em evento pela manhã. Ele aproveitou os eventos para reforçar seu apoio ao ministro Wellington Dias (Desenvolvimento Social), ex-governador do estado, alvo do centrão durante a reforma ministerial.

O petista disse ainda que o governo anterior estava mais preocupado em comprar armas do que comida. "Esse governo que deixou o país gostava de arma, 'vamos comprar pistola, vamos comprar fuzil, vamos comprar bala', pois eu quero é que o povo compre comida, compre livro, que o povo possa ter uma vida melhor, isso é o Brasil sem fome", disse, em referência ao plano lançado hoje.

Ele também falou que o Bolsa Família não é uma solução definitiva, mas uma medida "quase de urgência" para atender pessoas mais necessitadas até "arrumar definitivamente a casa".

Lula voltou a questionar a fome no país e disse que não há explicação para o brasileiro passar fome. "O Brasil é terceiro produtor de grãos do mundo, primeiro produtor de proteína animal do mundo. Qual a explicação de um país que produz tudo como a gente ter 33 milhões de pessoas passando fome?", questionou.

O problema não é falta de comida, não é falta de plantar. O problema é que o povo não tem dinheiro para ter acesso à comida. A gente só vai acabar com a fome de verdade ao garantir que todo trabalhador tenha emprego e salário, para comprar o que quiser.
Lula, em Teresina

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Plano Brasil Sem Fome

O plano integra um conjunto de 80 ações e políticas públicas de 24 ministérios para alcançar cerca de 100 metas traçadas, com o objetivo de tirar novamente o Brasil do mapa da fome. Ao menos 33 milhões passaram fome no país em 2022, segundo o Inquérito Nacional Sobre Segurança Alimentar no Contexto da pandemia da covid-19 no Brasil.

São três eixos: acesso à renda, redução da pobreza e promoção da cidadania; segurança alimentar e nutricional e mobilização para o combate à fome.

A iniciativa é comandada pelo MDS (Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), mas prevê mais 23 pastas do governo Lula atuando em conjunto, incluindo a ação do SUS (Sistema Único de Saúde) e a produção de um mapa da fome.

O que muda

O novo plano traz inovações em comparação aos programas anteriores do PT sobre o tema: o Fome Zero e o Brasil Sem Miséria.

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Será feito um mapa de insegurança alimentar de todos os municípios do país. O levantamento ficará a cargo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Haverá um monitoramento mensal e a publicação anual de uma pesquisa sobre o tema, que vão direcionar ações federais para ajudar a minimizar o problema. Hoje, os dados sobre fome no Brasil são produzidos por entidades externas ao governo, a exemplo de FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) e Pensann (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional).

Será criado também um protocolo para atendimentos nas unidades de saúde e de assistência social para identificar pessoas com fome.

Para isso, serão integrados os sistemas de assistência social e de saúde. Uma portaria interministerial de MDS e Saúde será publicada criando as regras para colocar a medida em prática.

A ideia é que uma criança ao chegar desnutrida a um posto de saúde, por exemplo, seja avaliada se o problema é gerado pela fome. Nesse caso, a família deverá ser direcionada a serviços de combate à insegurança alimentar.

Outra iniciativa é um programa de compra de alimentos para serem doados a cozinhas solidárias pelo país. Eles serão adquiridos junto à agricultura familiar, como forma de ajudar as pessoas no campo.

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Para mobilizar o país, o governo também promete realizar caravanas e visitar estados e cidades nas regiões que mais sofrem com a fome para fazer pactuações com prefeitos e governadores para articular ações de segurança alimentar. Não há data para início e ainda não há valor definido de quanto vão custar as ações do plano.

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