Conteúdo publicado há 10 meses

Sem citar joias, Michelle Bolsonaro diz que justiça de 'Deus é certa'

Em meio à investigação do caso das joias, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) disse hoje que "a justiça do homem pode não acontecer", mas "a de Deus é certa". A fala ocorreu durante evento do PL em Brasília.

O que aconteceu

Michelle e o seu marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), são investigados pelo destino de joias e presentes recebidos durante o mandato de Bolsonaro na Presidência (2019-2022). Os dois foram convocados para prestar depoimento na Polícia Federal na última quinta (31), mas ficaram em silêncio.

A PF apura agora se o dinheiro da venda dos objetos teve como destino final a conta do ex-presidente ou a de sua mulher. O ex-secretário de Comunicação e advogado Fábio Wajngarten também ficou em silêncio.

Michelle criticou a imprensa e disse orar pela justiça divina, sem citar o caso diretamente em momento algum. "Desde 2018, quando meu marido sofreu um atentado pela extrema esquerda, temos sequelas até hoje, e para alguns veiculos nós estamos nos vitimizando. Mas não tem problema, não", afirmou.

Aquele que é grande tá vendo tudo, ele fará justiça, a justiça do homem pode até não acontecer, mas a de Deus é certa e eu confio piamente, porque eu sei quem eu sou em Cristo Jesus, eu sei a mulher que eu sou.
Michelle Bolsonaro, em evento do PL Mulher

Uma das investigações da PF apontou que alguns dos presentes foram vendidos e os valores obtidos eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados.

Além de Michelle e Bolsonaro, o general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Mauro Cid, e o advogado Frederick Wassef são investigados.

O evento de hoje empossou as presidentes regionais do PL Mulher no Distrito Federal, comandado pela deputada bolsonarista Bia Kicis (PL-DF). A vice-governadora Celina Leão (PP) também participou do ato.

Tom religioso e críticas à imprensa

Embora o evento seja do PL Mulher, o nome mais citado e aplaudido — depois de Deus — foi o do ex-presidente Bolsonaro. Ele chegou no meio da fala de uma das participantes.

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As falas de Michelle e Kicis foram críticas à esquerda e a imprensa. Segundo a ex-primeira-dama, ela chegou a sofrer depressão em 2019, primeiro ano de governo do marido, pelas "pedradas do mal" de "veículos de desinformação". Michelle também disse que há os "filhos adotivos do pai da mentira" — pai da mentira é um termo usado pelas igrejas evangélicas para se referir ao diabo.

Pensei em morrer por tantos ataques que sofri da mídia, e eu cheguei só querendo fazer o bem, como muitos aqui fazem o bem e sofrem.
Michelle Bolsonaro

Os jornalistas foram barrados na entrada do evento, embora este tenha sido divulgado pela assessoria de imprensa de Michelle. A organização fez um credenciamento dos profissionais da imprensa antes do encontro.

A reportagem identificou que pelo menos dois jornalistas foram retirados do interior do salão de eventos, na Asa Sul da capital federal, sob a alegação de que "jornalista não pode". O UOL conseguiu entrar ao não se identificar como imprensa nem exibir crachá.

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