Governo Lula debate recriar Ministério da Segurança após ataques no Rio

O fatiamento do Ministério da Justiça e Segurança Pública voltou a ganhar força dentro do governo Lula após os ataques a ônibus no Rio de Janeiro ontem (23).

Fatiar ou não?

A ideia é defendida pelo presidente Lula (PT) desde o governo de transição, mas tem resistência do ministro Flávio Dino, que comanda a pasta. Este deverá ser um dos assuntos debatidos em uma reunião na Casa Civil, com Dino e José Múcio, da Defesa, amanhã (25).

De acordo com o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, o assunto está sendo debatido, mas não há ainda consenso em como a pasta seria criada nem com que atribuições. A principal pauta do encontro é como conseguir ajudar na segurança sem ter de recorrer à intervenção federal, já descartada por Lula.

Nós estamos discutindo outras medidas [voltadas à segurança], e as que ficarem definidas nos próximos dias serão divulgadas. A criação do ministério [de Segurança Pública] depende dessas discussões que nós faremos, sobre, eventualmente, qual seria o conteúdo, a proposta, o alcance, para o presidente tomar a decisão.
Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil

O petista citou a possibilidade pela primeira vez em meses em entrevista nesta manhã. Para Lula, ter uma pasta voltada exclusivamente ao assunto ajudaria na interlocução com os estados.

Quando fiz a campanha, eu ia criar o Ministério da Segurança Pública. Ainda estou pensando em criar, pensando quais são as condições que você vai criar, como é que vai interagir com os estados. Porque o problema da segurança é estadual. O que nós queremos é compartilhar com os estados as soluções dos problemas.
Lula, na live "Conversa com o Presidente"

Os ministérios sempre foram unidos durante os governos petistas, acabaram separados na gestão Michel Temer (MDB) e reunidos por Jair Bolsonaro (PL).

Dino não comentou a possível separação. Durante o governo de transição, em dezembro do ano passado, ele se posicionou publicamente contra, após ser anunciado ministro.

Ação conjunta, sem intervenção federal

Nesta manhã, o presidente disse ainda que o governo federal vai ajudar o estado do Rio de Janeiro a "combater milicianos" com as Forças Armadas, mas descartou intervenção federal, como houve em 2018. Nesta madrugada, o governo já enviou a Força Nacional à cidade.

Continua após a publicidade

A morte de um miliciano desencadeou uma onda de ataques ao transporte público na zona oeste do Rio. A região teve pelo menos 35 ônibus e um trem incendiados ontem, além de vias interditadas.

Não queremos lavar as mãos. Vamos ver como podemos entrar e participar. Não queremos pirotecnia. Não queremos intervenção no Rio, que não ajudou em nada [em 2018]. Não queremos tirar autoridade do governador ou do prefeito. Queremos compartilhar uma saída.
Lula, na live "Conversa com o Presidente"

Deixe seu comentário

Só para assinantes