Quem é Léo Índio, sobrinho de Bolsonaro alvo de ação sobre 8/1 pela 2ª vez

A Polícia Federal cumpre um mandado de busca e apreensão na casa de Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio, em operação contra suspeitos de participarem dos atos de vandalismo em Brasília em 8 de janeiro.

Quem é Leo Índio

É primo de três dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro. O alvo da PF é sobrinho de Rogéria Nantes Braga, primeira esposa e mãe de Flávio, Carlos e Eduardo, filhos mais velhos do político. Ele é mais próximo de Carlos, com quem já dividiu uma casa.

Morador do Rio, Léo se mudou para Brasília em 2019 após a posse de Bolsonaro. Nos primeiros 45 dias de mandato, ele visitou o Planalto, em média, uma vez por dia e até viajou na comitiva presidencial a Brumadinho (MG) à época do rompimento da barragem na cidade.

Carlos Bolsonaro tentou cargos no Planalto para o primo. No livro "Tormenta", a jornalista Thaís Oyama narra isso aconteceu em ao menos duas ocasiões: no governo de transição do pai, Carlos quis que Léo — que não é policial — chefiasse uma equipe de três policiais federais para fazer a segurança do então presidente e procurar ""infiltrados esquerdistas" no Planalto. Já no início do mandato de Bolsonaro, Carlos tentou um cargo com salário de R$ 13 mil para o primo na Secretaria de Governo, mas o general Santos Cruz, então titular da pasta, não aceitou contratá-lo.

Esta é a segunda vez que Léo é alvo da PF sobre o 8/1. No dia 27 de janeiro, ele já havia sido alvo de um mandado de busca e apreensão. Ele publicou no próprio Instagram uma foto sua no teto do Congresso, no dia da invasão. Com a repercussão, editou a legenda para justificar sua presença e atribuir à esquerda a destruição dos prédios dos três Poderes por apoiadores de Bolsonaro —não há qualquer evidência da existência de "infiltrados" nos atos de vandalismo. A reportagem entrou em contato com ele, mas não teve retorno até o momento.

Quem tem histórico de destruir patrimônio público é a esquerda. Focarão no vandalismo, certamente. Mas sabemos a verdade. Olhos vermelhos = gás lacrimogênio disparado pelas forças de segurança, que não focaram nos focos de destruição, jogaram em todos os manifestantes. Busquem os verdadeiros vândalos e também os covardes mascarados e fantasiados de patriotas. Léo Índio sobre participação nos atos golpistas de 8/1

Nas redes sociais, ele fazia postagens —por vezes, falsas— contra o presidente Lula e o PT. Em tom de deboche, ele expôs uma mensagem que o Instagram exibia, questionando se a pessoa tinha certeza se queria segui-lo, exatamente por divulgar tais informações.

Funcionário fantasma

Leo Índio, primo dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, e o senador Chico Rodrigues (DEM-RR)
Leo Índio, primo dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, e o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) Imagem: Reprodução/instagram
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Em abril de 2019, Léo Índio foi nomeado assessor do senador Chico Rodrigues (DEM-RR). Ele tinha salário bruto de R$ 22.943,73.

Ele permaneceu no cargo até outubro de 2020, quando Rodrigues foi flagrado pela PF com R$ 30 mil na cueca durante investigação sobre desvios de dinheiro da Saúde durante a pandemia. Léo foi orientado a pedir exoneração e permanecer em silêncio para que sua imagem não fosse ainda mais atrelada ao escândalo, como apurou o UOL na ocasião.

Em dezembro de 2021, Léo ocupou um cargo de auxiliar administrativo júnior na liderança do PL no Senado com salário de R$ 5.735,93. Ele foi exonerado do cargo em seis meses, após a colunista do UOL Juliana Dal Piva revelar que ele era funcionário fantasma.

Em 2022, tentou um mandato na Câmara Distrital do DF, mas com 1.801 votos, não se elegeu. Na ocasião, ele foi às urnas como Léo Índio Bolsonaro. A então primeira-dama Michelle Bolsonaro declarou na ocasião que seu irmão Eduardo Torres era o "nosso único" candidato ao cargo e chamou os demais de "alpinistas" que queriam subir na vida usando o sobrenome da família.

Rachadinha na Alerj

Em março de 2021, o UOL revelou que Mariana Mota, ex-chefe de gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj (Assembleia Legislativa do RJ), pagou o aluguel de uma quitinete no centro do Rio, onde Léo morava. Foram cinco pagamentos em torno de R$ 400 e R$ 500 ao longo de 2007.

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Léo Índio também teve seu sigilo bancário quebrado no âmbito da investigação do caso da "rachadinha". Entre os anos de 2006 e 2012, ele foi registrado como assessor de Flávio. De 2007 em diante, quando a quebra foi autorizada, o primo de Flávio recebeu R$ 427 mil líquidos da Alerj. Como outros funcionários investigados, Léo Índio também mantinha o padrão de sacar grandes quantias em dinheiro vivo. Nesse período, sacou mais de R$ 400 mil.

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