Privatização da Sabesp: PM usa spray de pimenta na Alesp antes de aprovação

A sessão da Alesp que aprovou o projeto de privatização da Sabesp foi marcada por um confusão entre manifestantes e polícia antes de a votação ser retomada sem público.

O que aconteceu

A polícia usou spray de pimenta e bateu nos manifestantes com cassetete no momento em que projeto ainda era discutido no fim da tarde. A Casa iniciou os trabalhos às 17h30. Por volta das 19h, depois da confusão foi feita uma varredura no local.

Ao menos uma pessoa foi retirada do auditório algemada. A sessão ficou interrompida por uma hora e meia e foi retomada por volta das 20h, com votação.

Os deputados da oposição decidiram não voltar ao plenário para votar e planejam entrar com ação de inconstitucionalidade. Parlamentares do PT e do PSOL alegam que o texto contraria a Constituição estadual — o que o governo Tarcísio nega.

A SSP (Secretaria da Segurança Pública de SP) informou que três pessoas foram presas. O deputado Paulo Fiorilo (PT) afirmou que cinco pessoas foram detidas.

A confusão começou quando manifestantes se levantaram e tentaram quebrar o vidro que separa os deputados e o público. Mais de 200 pessoas estavam no plenário — entre os deputados, situação e oposição discutiam nesse momento.

Cerca de 20 policiais foram convocados para conter a multidão, que chegou perto de quebrar a placa. Membros da base aliada classificaram o ato como vandalismo, enquanto a oposição tentava acalmar o público.

Manifestantes foram levados para a delegacia da Alesp e para o posto de saúde do prédio. Imagens que circulam nas redes sociais mostram pessoas feridas e sangrando ainda dentro do plenário.

Entre os manifestantes, estavam membros do partido Unidade Popular e outros grupos de esquerda, além de funcionários da Sabesp. Representantes dos trabalhadores exibiam cartazes contra a privatização e a favor de um plebiscito.

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O que disse o governo sobre a confusão

A Polícia Militar atuou nesta quarta-feira (6) para conter um ato de depredação do patrimônio da Assembleia Legislativa, durante a votação da proposta da desestatização da Sabesp. Três pessoas foram detidas e encaminhadas ao 27º DP (Campo Belo). Mais informações serão fornecidas após conclusão do BO.
SSP, por nota

Viabilidade depende de vereadores paulistanos

A Câmara de São Paulo é, por enquanto, contra privatização. Liderados por Milton Leite (União Brasil), os vereadores querem que a cidade seja mais beneficiada, já que é a maior fonte de receita da empresa. Para especialistas, a privatização se inviabiliza sem a capital paulista.

Petista e bolsonarista bateram boca por causa de lanche. Na terça, o deputado Lucas Bove (PL) comia um sanduíche perto da plateia, majoritariamente de esquerda. Ênio Tatto (PT) pensou se tratar de mortadela e leu a situação como provocação — mas Bove afirmou que o recheio era de peito de peru.

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Donato (PT) e Gil Diniz (PL) trocaram empurrões. Também ontem, os dois deputados estaduais se estranharam após Guto Zacarias (União Brasil) criticar o PT, e Emídio (PT) chamar o MBL de "lixo".

Alesp precisa votar ao menos mais dois textos até o fim do ano. Os projetos da Lei de Diretrizes Orçamentárias e do Orçamento para 2024 já foram enviados por Tarcísio à Casa, mas ainda não foram analisados pelas comissões. Sem a aprovação deles até o dia 31, o estado pode depender de créditos suplementares e outros instrumentos para operar nos próximos meses.

Recesso da Alesp começa no próximo dia 21. Caso os deputados não consigam aprovar a LDO e o Orçamento até essa data, André do Prado tem a prerrogativa de estender os trabalhos até quando for necessário.

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