Líder do governo Lula diz que Câmara 'aprovou tudo' e critica Senado

O deputado federal José Guimarães (PT-CE) disse que "a Câmara deu tudo que o governo quis para governar" e elogiou a aliança com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Deixou as críticas para o Senado, onde apontou um cenário diferente. O Planalto tem negociado cargos e emendas para aprovar seus projetos no Congresso.

O que aconteceu

Até o fim do ano, o governo espera aprovar no Senado as indicações do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, ao STF, e de Paulo Gonet, à PGR. A equipe de articulação política de Lula tem buscado os senadores para evitar mal-entendidos e ampliar apoios.

Ainda precisa passar o orçamento e uma MP que daria mais R$ 35 bilhões aos cofres públicos.

Para Guimarães, é mais difícil construir a governabilidade na Câmara que no Senado, por serem 513 parlamentares com perfis distintos. O diferencial foi a "eficiente aliança" com Lira, disse o líder ao UOL.

Eu não tenho problema em receber críticas, mas o meu sentimento é de dever cumprido [na liderança do governo]. A Câmara deu tudo até agora que o governo quis para governar. Tudo! Inclusive, diferente do Senado.
Líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE)

As bancadas dos partidos do centrão que integram a Esplanada ainda resistem em se assumir como base governista. Contudo, segundo Guimarães, essa é uma "questão de preconceito", uma vez que os deputados têm entregado os votos necessários para o Planalto.

Guimarães citou apenas duas derrotas de Lula na Câmara. A primeira, no marco temporal da demarcação das terras indígenas. Passou no Congresso, e Lula teve de vetar. Esse veto ainda vai passar por análise dos parlamentares. Na avaliação dele, foi "uma questão mais política que de governo".

Já o segundo revés foi a aprovação de uma emenda que esvaziou o poder da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, logo na votação da MP de reestruturação da Esplanada. "São essas duas coisas que terminaram sendo resolvidas de outro jeito", completou.

As negociações em torno da MP desgastaram a imagem de Guimarães na liderança, que classificou o momento como "o auge da crise". Ele admitiu ter saído magoado do episódio, com fontes palacianas tentando deslegitimá-lo da função. Agradeceu o apoio de Lira, que saiu em defesa do deputado.

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Ninguém exerce liderança de governo, principalmente no Parlamento, com as nossas características, se não dialogar fortemente com o presidente da Câmara. E meu diálogo com o presidente Lira, alguns foram até criticados, mas eu me dou bem com ele.
José Guimarães, líder do governo, sobre apoio de Lira

Questionado se ele continuaria na função no ano que vem, Guimarães deixou em aberto. "Não é que eu gostaria, talvez o país precise de mim", disse.

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