Conteúdo publicado há 9 meses

Sakamoto: Silêncio de militares foi cúmplice; deveriam dar voz de prisão

O silêncio dos ex-comandantes do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos Baptista Júnior também é cúmplice da tentativa de golpe do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News da manhã desta quinta-feira (15).

A Polícia Federal investiga se a atuação dos ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica pode configurar crime por omissão.

Esse silêncio deles foi cúmplice. Tornam-se cúmplices em uma tentativa de golpe de Estado, da mesma forma que os ministros que estavam naquela reunião de 5 de junho de 2022, em que se discutiu como se faria o golpe, também são cúmplices.

Em ambos os casos, não houve denúncia à Polícia Federal, não houve denúncia a tribunais internacionais, não houve denúncia à sociedade do que havia acontecido. O pessoal ficou em silêncio, seja porque concorda, seja porque se omitiu, porque não se importa, é bunda mole. O pessoal ficou em silêncio diante de uma ameaça de golpe de Estado.

Não importa se só o almirante Garnier pulou de cabeça e topou, os outros dois deveriam ter levantado e dado voz de prisão ou ter feito um comunicado ao STF, junto com a PGR. Aquilo era muito grave. Se eles tivessem comunicado o que aconteceu, mesmo que não tivesse gerado uma ação imediata naquele momento, agora seria muito mais fácil responsabilizar os envolvidos.

O que aconteceu

Os indícios colhidos até o momento na investigação apontam que o general Freire Gomes e o brigadeiro Baptista Júnior se posicionaram contra a tentativa de golpe. A PF, no entanto, diz que eles tinham a função de "agentes garantidores" e por isso também podem ter cometido crimes pela omissão, já que deveriam ter agido para impedir as tratativas golpistas.

As suspeitas foram apresentadas ao STF quando a PF pediu autorização para a operação Tempus Veritatis. A operação realizou busca e apreensão contra Bolsonaro e diversos militares, além de prender preventivamente quatro alvos e outras medidas cautelares.

A PF fez a ressalva de que diversos militares agiram de forma ativa no plano golpista, incluindo o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, que colocou suas tropas à disposição. Mas a omissão também pode configurar crime.

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A PF ainda cita que essa omissão resultou, por exemplo, na permanência, em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília, de um acampamento que defendia atos antidemocráticos e foi um dos focos de mobilização do 8 de Janeiro.

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