Ato é último sopro de um bolsonarismo que vai desidratar, diz advogado
O ato de ontem na Paulista foi um dos últimos respiros do bolsonarismo, que deve perder força à medida que avançam as investigações contra Jair Bolsonaro, afirmou o advogado e doutor em direito pela USP Renato Ribeiro de Almeida em entrevista ao UOL News nesta segunda (26).
O ato de ontem é político, previsto na Constituição. Mas foi o último sopro de um bolsonarismo que vai desidratar. Não politicamente, mas pela própria degradação da situação judicial do ex-presidente, naquela situação em que se organizava uma tentativa de golpe.
Tivemos um ato grande. Não dá para negar a fotografia. Só que nada vai mudar a atitude de nenhum ministro. As provas estão ali. No fim das contas, o que fará diferença é o julgamento que ele terá nas turmas do STF ou pelo próprio Plenário. Mas, a essa altura, já é dado como certo que ele será responsabilizado e corre risco de ter uma pena superior a dez anos de encarceramento. Renato Ribeiro de Almeida, advogado e doutor em Direito pela USP
Almeida chamou a atenção para o comedimento de Bolsonaro em seu discurso, exceto ao mencionar a minuta do golpe. Esta fala pode comprometê-lo, na visão do advogado, que também estranhou o pedido de anistia feito pelo ex-presidente aos presos pelos atos golpistas de 8/1.
O que se viu foi um Bolsonaro muito mais comedido e acuado. Não houve aquela verborragia típica. Aquele Bolsonaro que dizia ser 'imbrochável' do alto de um trio elétrico está bem diferente hoje. Ele foi muito mais cuidadoso e cauteloso com suas palavras.
A fala sobre a minuta compromete. Ele teve acesso e conhecimento. Bolsonaro tem problemas pelo que já foi encontrado. A anistia só ocorre quando alguém cometeu um crime e daí existe um perdão. Nesse caso, está bastante claro que ninguém vai anistiar quem tentou dar um golpe de Estado. Não faz nenhum sentido. Renato Ribeiro de Almeida, advogado e doutor em Direito pela USP
Tales: Bolsonaro planeja negar na Justiça envolvimento com minuta do golpe
Após sugerir durante o ato de domingo na Paulista que sabia da existência da minuta golpista, Jair Bolsonaro pretende negar qualquer envolvimento com este documento, disse o colunista Tales Faria.
Bolsonaro e seus advogados ainda planejam negar na Justiça o envolvimento com a minuta do golpe, citada por ele ontem. De fato, aumenta a força da acusação contra ele. Mas o Bolsonaro é da turma daqueles machistas cínicos, que têm como lema negar, negar e negar. Essa é a síntese da estratégia do Bolsonaro em relação ao golpe, repetida até na Avenida Paulista neste domingo. Ele negou, negou e negou o golpe. E nos acusa a todos de estarmos vendo coisas. Tales Faria, colunista do UOL
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