Bolsonaro sugere ação do governo por anistia e diz buscar 'apaziguamento'
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a defender uma anistia a condenados e investigados pelo 8 de Janeiro e sugeriu que ela poderia vir do próprio Executivo —ou seja, do governo Lula (PT).
O que aconteceu
Bolsonaro disse achar "difícil" que Executivo sugira anistia. Em entrevista à Revista Oeste, veículo de viés conservador, Bolsonaro retomou sua declaração no ato do domingo (25) e disse que sua intenção era fechar a manifestação com um "apaziguamento".
No entanto, Bolsonaro não vê maioria nem no Congresso para um projeto do gênero. O ex-presidente disse acreditar que é possível convencer políticos do centrão, que estejam alinhados em votações com o governo, a apoiar a anistia.
Outros atos de apoio não estão previstos. Questionado sobre possibilidade de mais manifestações para demonstrar força política, Bolsonaro negou que haja alguma programação em planejamento.
Um texto sobre anistia já tramita na Comissão de Constituição e Justiça, mas sob relatoria da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP). Aliada do governo Lula, a parlamentar deu parecer contrário à sugestão. O voto trata as invasões como "atrocidades" e argumenta que perdoar crimes reverteria decisões judiciais.
Ex-presidente também comentou de inquérito da PF sobre importunação de baleias. Em depoimento prestado hoje, o ex-presidente confirmou ser a pessoa identificada no vídeo e acusou o ministério de Marina Silva, a pasta do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, por ter apontado ao Ministério Público Federal possíveis crimes ambientais no caso. Bolsonaro disse esperar que o caso seja arquivado.
Eu dei um fechamento e fui para cima de um apaziguamento, uma anistia. E isso tem que vir mais do lado de lá. Sei que o Parlamento é o ente que decide essa questão, mas partindo do Executivo, seria muito bem-vindo. Acho difícil, e falei uma coisa que acho que toca muita gente: temos órfãos de pais vivos.
Jair Bolsonaro sobre ato do domingo (25)
"Lula se alinha a ditaduras", acusa Bolsonaro
Em crítica mais dura, o ex-presidente chamou de "inacreditável" a declaração de Lula sobre os ataques israelenses na Faixa de Gaza. "Ele que fala tanto em paz, humanismo, não moveu uma palha para libertar os brasileiros presos pelo Hamas", declarou —no entanto, Lula conversou no ano passado com familiares de um brasileiro que foi mantido refém pelo Hamas.
A presença de bandeiras de Israel no ato de domingo preocupou organizações judaicas. O Instituto Brasil-Israel, por exemplo, apontou "instrumentalização da imagem de Israel pela extrema-direita brasileira, baseada na perspectiva imaginária de um país conservador, branco e cristão".
Ele é uma pessoa que se alinha a ditaduras. Fui proibido pelo TSE de a associar Lula a Maduro, da Venezuela, a Ortega, da Nicarágua. Está no DNA do Lula esse tipo de gente ao seu lado.
Jair Bolsonaro
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