Os investigados por golpe e fraude de vacinas em inquérito contra Bolsonaro

Três personagens do núcleo duro de Jair Bolsonaro (PL) são investigados tanto no caso da fraude em cartões de vacinação quanto na suposta tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente no poder.

O que aconteceu

Os 3 envolvidos nos dois casos. O ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o ex-assessor Marcelo Câmara e o advogado e ex-major Ailton Gonçalves Barros, expulso do Exército, estão relacionados nos dois grandes escândalos que complicam a situação jurídica de Bolsonaro.

PF indiciou hoje Bolsonaro e mais 16 pessoas por fraude no cartão de vacina do ex-presidente. Esses três nomes também estão no inquérito sobre a tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito. A defesa do ex-presidente reclama de "vazamentos aos litros".

O tenente-coronel Mauro Cid fez delação premiada. Ele assumiu participação nos esquemas.

PF viu elo de fraude com golpe de Estado

PF viu elo entre os dois casos. A fraude do cartão de vacina pode ter sido realizada no escopo da tentativa de aplicar um golpe de Estado no país e impedir a posse de Lula (PT), aponta relatório da Polícia Federal.

O presente eixo [falsificação dos cartões] pode ter sido utilizado pelo grupo para permitir que seus integrantes, após a tentativa inicial de golpe de Estado, pudessem ter à disposição os documentos necessários para cumprir eventuais requisitos legais para entrada e permanência no exterior (cartão de vacina), aguardando a conclusão dos atos relacionados a nova tentativa de golpe de Estado que eclodiu no dia 8 de janeiro de 2023.
Trecho de relatório da PF

Segundo a PF, o grupo falsificou dados de vacinação do ex-presidente e da filha dele, Laura Bolsonaro, para que pudessem entrar nos Estados Unidos em dezembro de 2022, em seus últimos dias de governo.

Discussão sobre minuta de golpe. Como mostrou o UOL em setembro do ano passado, Mauro Cid disse em depoimento de delação premiada que, logo após a derrota no segundo turno da eleição, Bolsonaro discutiu com militares e ministros uma minuta de decreto para convocar novas eleições. Ela também incluía a prisão de adversários.

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Sem sigilo nos depoimentos. Na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito no Supremo Tribunal Federal, levantou sigilo dos depoimentos de pessoas que participaram dessas tratativas com Bolsonaro. As informações de Cid foram corroboradas por alguns dos ouvidos.

O papel de Marcelo Câmara

Acompanhamento dos passos de Moraes. Segundo investigação da PF sobre a tentativa de golpe, Câmara seria o "responsável por um núcleo de inteligência não oficial do presidente da República, atuando na coleta de informações sensíveis e estratégicas para a tomada de decisão de Jair Bolsonaro". Um dos monitorados foi o ministro do STF Alexandre de Moraes.

No caso da vacina, a PF considera que Câmara sabia da inserção fraudulenta dos dados no sistema do Ministério da Saúde. "Jair Bolsonaro, Mauro Cid e, possivelmente, Marcelo Câmara tinham plena ciência da inserção fraudulenta dos dados de vacinação, se quedando inertes em relação a tais fatos até o presente momento", informa o relatório.

Ailton Gonçalves Barros

O militar discutiu com Mauro Cid por WhatsApp um golpe de Estado. Também foi preso por intermediar a inserção de dados falsos de vacinação contra a covid.

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Silêncio na PF. Bolsonaro, Câmara e Barros não responderam às perguntas dos investigadores sobre a tentativa de golpe de Estado nos depoimentos à PF.

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