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Sakamoto: Moraes estaria prevaricando se não ameaçasse X de suspensão

Alexandre de Moraes teria cometido o crime de prevaricação caso aguardasse e não intimasse Elon Musk sobre o X (antigo Twitter) agora, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News desta quinta (29).

Na noite de ontem, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) intimou Musk para apontar um representante do X no Brasil e ameaçou suspender a rede social no país caso a decisão não seja cumprida. O bilionário ironizou Moraes e postou montagens do ministro como vilão de Star Wars.

Por mais que saibamos que o STF é uma corte política, não só jurídica, não cabe a um ministro definir quais decisões tomará simplesmente pensando no impacto eleitoral. Diante de uma empresa que sistematicamente se nega a cumprir uma decisão judicial e se coloca acima do bem e do mal, não há muito o que fazer. Qual seria a alternativa? Esperar até o fim das eleições? Aí ele poderia ser até acusado de não cumprir com seu dever.

Se Moraes não tomasse uma decisão, estaria cometendo um crime para beneficiar o X de Elon Musk. Não estamos falando de uma decisão do nada; é uma organização que não está cumprindo uma decisão judicial, enquanto as outras empresas similares estão. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Sakamoto destacou que a extrema direita se aproveitará do novo capítulo do embate entre Moraes e Musk para evocar a tese da censura, mas perderá uma importante ferramenta de comunicação caso o X efetivamente saia do ar no Brasil.

É uma questão que está dada. Ele não tem outra alternativa a não ser cumprir. É claro que Musk sabia disso. A extrema direita também e vai utilizar isso como censura, mas perderá uma importante plataforma de comunicação. Com a chegada do Musk, o X se tornou um lugar bastante tóxico e propício para a propagação de mentiras.

O X se tornou uma plataforma bastante interessante para uma parte da extrema direita, que terá esse discurso do 'Moraes tirou o X'. O STF será atacado, mas por outro lado parte da extrema direita perde um canal importantíssimo de contato com o restante da sociedade. Há uma perda para eles, não apenas para o campo democrático. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Josias: Moraes corre risco de desmoralização em cruzada contra Musk e X

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Alexandre de Moraes tomou uma decisão arriscada em relação ao X e a Elon Musk, mas o caso pode lhe causar grande desgaste, avaliou o colunista Josias de Souza.

É uma decisão muito arriscada. Ela é inevitável, porque não se pode permitir que o Brasil seja tratado como um país sem leis. Mas Moraes, que sempre foi visto como uma raposa no STF, agora está lidando com um porco-espinho.

Moraes tenta repetir com o X o que fez com outro conglomerado digital. Em 2022, cercado por Moraes, Pavel Durov, fundador do Telegram, executou um recuo com aparência de derrota. Musk faz o contrário: aposta no desrespeito a ordens judiciais e, fustigado com a ameaça de ter sua rede retirada do ar, dobra a aposta.

Essa demora na punição de Bolsonaro e a repetição com o X do que aconteceu com o Telegram dão uma impressão de déjà vu. Moraes continuará sua cruzada cotra o X, com risco grande de desmoralização porque quem briga com um porco-espinho pode ser arrastado por ele para a lama. Josias de Souza, colunista do UOL

Análise: Moraes usa estratégia inteligente ao intimar Musk pela rede social

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Alexandre de Moraes adotou uma tática inteligente ao utilizar o próprio X (antigo Twitter) para intimar Elon Musk, dono da rede social, afirmou Fernando Neisser, professor de Direito da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas).

A estratégia adotada pelo STF e por Moraes foi muito inteligente. Em uma notificação, o que importa é a ciência da pessoa a quem ela foi destinada. Se essa ciência é dada e reconhecida, ela cumpriu sua necessidade, tornou-se eficaz e é válida. O uso da tecnologia para acelerar esses atos judiciais é algo admitido. O importante é que a parte tenha conhecimento.

A questão do Musk é o que chamamos de uma desculpa ideológica para picaretagem. Todo mundo sabe, no meio publicitário, que o Twitter nunca pegou no Brasil do ponto de vista de receita publicitária, que foi dividida em sua maior parte entre Google e Meta por aqui. O Twitter sempre foi deficitário.

Desde a aquisição do Twitter pelo Musk, havia a vontade de reduzir e tirar as atividades da empresa no Brasil porque sempre deram prejuízo. Em um primeiro momento, ele reduziu brutalmente a equipe que trabalhava no país e arrumou uma forma de encerrar as atividades dando um discurso de 'defensor da liberdade'. Não podemos entender isso fora desse movimento. Fernando Neisser, professor de Direito da FGV-SP

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