Ex-deputada Manuela d'Ávila anuncia saída do PCdoB após 23 anos
Manuela d'Ávila deixou o PCdoB após 23 anos de filiação. A informação foi confirmada pela própria ex-deputada federal na última quarta-feira (16), em evento do ICL sobre o futuro da esquerda.
O que aconteceu
Manuela afirmou que deixou o PCdoB e não se filiou a outra sigla de esquerda "por falta de opção". "Depois de [quase] 25 anos num único partido, eu não sou uma mulher sem partido por opção, eu sou por falta de opção, por falta de condições de qual caminho seguir", disse ela ao ser questionada sobre a necessidade de novos partidos de esquerda. "Esta é minha reflexão individual e coletiva daqueles que militam comigo. Hoje sou uma mulher sem partido, por isso posso criticar todos eles." A reportagem procurou Manuela e o PCdoB nesta terça-feira (22), mas não teve retorno.
A ex-deputada falou da dificuldade de discutir a esquerda após a ascensão do bolsonarismo. "Sinto certa obstrução. Cada vez que a gente abre uma mesa sobre como avançar na esquerda, a gente escuta: 'Opa, estão ajudando o Bolsonaro.' Eu não estou. Quem nós nos tornamos nesse mundo em crise? Nos tornamos defensores de uma certa institucionalidade que nós, originalmente, deveríamos enfrentar."
Sua insatisfação com a esquerda não é recente. Em 2022, desistiu de se candidatar ao Senado em razão da "desunião da esquerda" no Rio Grande do Sul.
Vice de Haddad em 2018
Manuela, 43, iniciou a carreira política da UNE (União Nacional dos Estudantes). Ela se filiou ao PCdoB em 2001. Em 2004, aos 23 anos, foi eleita a vereadora mais jovem de Porto Alegre. Em 2006, foi eleita deputada federal, cargo para o qual foi reeleita na eleição seguinte. Depois, conquistou uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
A também jornalista e empresária foi candidata a vice-presidente em 2018 na chapa encabeçada por Fernando Haddad (PT). Naquele ano, Lula (PT) estava preso após condenação na Lava Jato e teve a candidatura barrada pelo TSE. Jair Bolsonaro (então PSL, hoje PL) foi eleito, e a chapa Haddad-Manuela ficou em segundo lugar na disputa.
Manuela perdeu as três vezes em que tentou se eleger prefeita de Porto Alegre. Em 2020 foi mais longe: chegou ao segundo turno contra o atual prefeito, Sebastião Melo (MDB). Naquela eleição, foi vítima de violência política, quando sua filha, Laura, recebeu ameaças. Em 2022, desabafou após nova perseguição. "Ser uma mulher pública no Brasil é ser ameaçada permanentemente. É conviver com a ameaça de estupro como correção pela coragem, com a ameaça de morte como silenciador", escreveu em uma rede social.
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