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Mortes pelo coronavírus se aproximam de 500; mais cidades são confinadas

04.fev.2020 - Familiar se despede de time médico que partiu para Wuhan, epicentro do coronavírus na China - Du Zheyu/Xinhua
04.fev.2020 - Familiar se despede de time médico que partiu para Wuhan, epicentro do coronavírus na China Imagem: Du Zheyu/Xinhua

Do UOL, em São Paulo

05/02/2020 06h57

Milhões de habitantes da China receberam a ordem hoje de permanecer confinados em suas casas, em cidades com as ruas cercadas, enquanto as autoridades lutam contra a epidemia de coronavírus que já matou 490 pessoas.

A preocupação mundial aumenta, à medida que mais países registram casos que não foram importados da China. Dez pessoas deram resultado positivo para o vírus em um navio de cruzeiro que foi colocado em quarentena no Japão.

Com mais de 24 mil casos apenas na China, um número crescente de cidades adotou restrições nos últimos dias em áreas afastadas da província de Hubei (centro), o epicentro da epidemia, em uma tentativa de frear o novo coronavírus.

Quase 56 milhões de pessoas da província de Hubei, que tem a cidade de Wuhan como capital, estão praticamente confinadas desde a semana passada.

Em Hangzhou, a apenas 175 km de Xangai, barreiras verdes bloqueiam as ruas que levam à sede da gigante de tecnologia chinesa Alibaba, enquanto um avião de combate sobrevoa a região em círculos. Revendedores foram autorizados a entrar na zona para assegurar o abastecimento.

Alibaba fica em um dos três distritos nos quais três milhões de cidadãos passaram a viver sob condições rígidas esta semana: apenas uma pessoa por residência pode sair a cada dois dias para comprar artigos de primeira necessidade.

"Por favor não saiam! Não saiam!", afirma uma voz no sistema de alto-falantes, que também recomenda o uso de máscara, lavar as mãos regularmente e informar sobre a presença de qualquer pessoa procedente de Hubei, ante o temor de que os moradores desta província possam infectar outros.

O ambiente, no entanto, parecia relaxado e muitas pessoas estavam nas ruas.

Mais três cidades da província de Zhejiang - Taizhou, Wenzhou e partes de Ningbo - adotaram as mesmas medidas, o que afeta 18 milhões de pessoas.

As autoridades anunciaram políticas similares em duas cidades na província mais ao nordeste da China, Heilongjiang, e em outras localidades ao longo da costa leste.

Na província de Henan, que tem limite com Hubei, um distrito da cidade de Zhumadian decidiu que apenas uma pessoa pode sair de casa a cada cinco dias. Os moradores receberam a promessa de recompensa em dinheiro caso denunciem a presença de pessoas de Hubei.

Cruzeiro no Japão

Cientistas acreditam que a doença surgiu em dezembro em um mercado de Wuhan, capital de Hubei, que vendia animais selvagens e se propagou rapidamente por ocasião das viagens pelas férias do Ano Novo Lunar em janeiro.

O número de mortes aumenta diariamente e subiu para 490 na China, depois que Hubei informou 65 óbitos nas últimas 24 horas.

A maioria das mortes aconteceu nesta província. As autoridades destacam que a taxa de mortalidade, ao redor de 2%, está abaixo da registrada durante a epidemia de Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave), outro coronavírus que matou quase 800 pessoas em 2002 e 2003.

A epidemia levou a OMS (Organização Mundial da Saúde) a declarar emergência de saúde mundial. Vários governos estabeleceram restrições de viagens e companhias aéreas suspenderam voos para e a partir da China.

O Brasil enviará hoje à China dois aviões para repatriar pelo menos 29 cidadãos ou seus cônjuges confinados em Wuhan.

Hoje, as autoridades japonesas anunciaram que 10 passageiros de um cruzeiro que transporta 3.711 pessoas têm o vírus.

Tóquio determinou uma quarentena para o cruzeiro depois que um passageiro que desembarcou em Hong Kong foi diagnosticado com a doença.

O Reino Unido recomendou na terça-feira aos britânicos que abandonem a China, se possível, para minimizar o risco de exposição ao vírus.

'Oportunidade'

A OMS considera que as medidas drásticas adotadas pela China ofereceram a oportunidade para deter a transmissão.

O diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que acusou os países ricos de não cumprir com seus deveres de compartilhar dados, destacou que a grande maioria dos casos se encontra na China.

"Isto não significa que não vai piorar. Mas com certeza temos uma oportunidade para agir", afirmou.

Singapura, Malásia e Tailândia anunciaram na terça-feira novos casos de infecção não importados da China.

Duas mortes foram registradas fora da China continental, uma em Hong Kong e outra nas Filipinas.

*Com AFP

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