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Bolsonaro diz estar conversando com Terra sobre covid-19: 'Ele entende'

Fátima Meira/Futura Press/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: Fátima Meira/Futura Press/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

08/04/2020 18h42Atualizada em 08/04/2020 18h57

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse estar em constante contato com o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) para tratar da pandemia do novo coronavírus. Segundo ele, o ex-ministro da Cidadania "entende do assunto" por já ter passado pela epidemia de H1N1, em 2009, como secretário de Saúde do Rio Grande do Sul.

"Ele [Terra] fala que não é isso tudo. De qualquer forma, vai infectar o mesmo número de pessoas. O que se busca é fazer com que nós tenhamos meios para atender as pessoas infectadas. Algumas vão perder a vida, lamentavelmente, mas nós vamos fazer o possível para que isso não aconteça", disse o presidente em entrevista ao "Brasil Urgente", da TV Bandeirantes.

Bolsonaro também voltou a defender o uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19. Ele, que não é médico, disse "conversar com muita gente" sobre o medicamento, que ainda está sendo estudado por pesquisadores no mundo todo e não teve sua eficácia comprovada.

"Aproveitamos essa oportunidade [pronunciamento em rede nacional, a ser feito às 20h30] para mostrar a possibilidade de eficácia desse medicamento que há mais de 50 anos é usado no Brasil. Sei que não sou médico, mas eu converso com muita gente, com médicos, pesquisadores", justificou, sem citar mais evidências.

O presidente ainda usou a vitamina D para defender o fim das medidas de distanciamento social. "Como é que vai conseguir vitamina D se não caminhar no calçadão de Copacabana, da Barra da Tijuca, sem camisa? Tem que fazer isso aí, não pode como se tiver vivendo num clima de guerra", afirmou, também sem apresentar provas.

Especialistas não têm respostas

Não é a primeira vez que Bolsonaro defende —sem comprovações— o uso da cloroquina e da vitamina D para o combate ao coronavírus. Recentemente, ele prometeu zerar impostos para ambos, além do zinco.

Até o momento, não há consenso científico sobre o emprego específico dessas substâncias em pacientes com a covid-19. Também não é recomendado que as pessoas façam suplementação de vitamina D e zinco sem orientação médica.

"O sistema imune de uma pessoa saudável e em condições ideais já é robusto o suficiente para enfrentar qualquer desafio. Inclusive, uma infecção como essa", explicou ao UOL a doutora Ana Maria Caetano, pesquisadora de imunologia e nutrição na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e integrante da SBI (Sociedade Brasileira de Imunologia).

O próprio Ministério da Saúde reforça: "Até o momento, não há nenhum medicamento específico ou vacina que possa prevenir a infecção pelo novo coronavírus."