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Recorde de mortes no dia aproxima Brasil do grupo dos dez mais afetados

06.04.2020 - Homens carregam corpo de paciente morta por covid-19 no Cemitério Santo Antônio, em Sorocaba (SP) - Cadu Rolim/Fotoarena/Estadão Conteúdo
06.04.2020 - Homens carregam corpo de paciente morta por covid-19 no Cemitério Santo Antônio, em Sorocaba (SP) Imagem: Cadu Rolim/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

08/04/2020 01h30

O registro de 114 mortes entre segunda e terça em decorrência da covid-19 colocou o Brasil em um perigoso ranking: o dos países mais afetados pela pandemia do novo coronavírus. Segundo o Ministério da Saúde, o país já registra 667 óbitos em decorrência da doença e um total de 13.717 casos oficiais confirmados. De todos os estados, o único que não contabiliza nenhuma morte é o Tocantins.

O que preocupa na aproximação do Brasil desses países é a confirmação de que a crise gerada pelo novo coronavírus está em curva de crescimento. O Ministério da Saúde anunciou que estima que o Brasil entre daqui um mês na fase de aceleração descontrolada de casos do novo coronavírus — o início desta etapa está previsto para a 19ª semana do ano, ou seja, entre 4 e 10 de maio.

A partir da fase de aceleração, o país deve começar a caminhar rumo ao pico de casos, previsto para o início de junho. A quantidade de casos da doença covid-19 deve começar a desacelerar a partir de meados de junho, na 25ª semana.

A projeção torna ainda mais urgente a preocupação com a escassez de leitos de UTI, equipamentos, a sobrecarga do sistema de saúde como um todo, além dos impactos da pandemia na economia. E, nesse cenário, o Brasil ainda se vê às voltas com debates sobre a eficácia do isolamento social, que é orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), e tem de enfrentar a incerteza sobre a permanência de Luiz Henrique Mandetta como ministro da Saúde.

As próximas três a seis semanas serão desafiadoras não só para o Brasil, mas para toda a América Latina, afirmou a diretora da Organização Pan Americana da Saúde (OPAS), ressaltando que tudo dependerá do cumprimento das medidas para evitar os contágios e dos recursos disponíveis. "A situação vai piorar antes de melhorar, e todos precisamos estar preparados para as próximas semanas que serão ainda mais difíceis", afirmou Carissa Etienne, titular do escritório da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em todo o mundo, o avanço da pandemia preocupa pelo volume de vidas perdidas. Liderando o ranking de países mais afetados, a Itália já registrou 16.523 mortes em decorrência da doença, segundo o último balanço do Ministério da Saúde brasileiro. A primeira morte foi registrada no dia 22 de fevereiro e, desde o início de março, o crescimento disparou. O país atingiu o pico no dia 28 de março quando somou, em 24 horas, mais de 900 mortes. Desde então, o país tem visto a desaceleração dessa taxa.

A Espanha, segundo país com o maior número de óbitos, tem 13.798 mortes. O primeiro óbito foi registrado no dia 5 de março, e os casos dispararam na segunda metade de março. O pico foi entre 3 e 4 de abril, quando mais de 900 mortes foram contabilizadas em cada um dos dias. Desde então, o país também vê desaceleração.

Em um cenário preocupante, os Estados Unidos contabilizam 10.943 mortes até o momento, mas a expectativa é que o país ultrapasse os números da Itália em um futuro próximo. Os EUA já são considerados o novo epicentro da pandemia, pois concentram o mais número de casos confirmados, e o pico é esperado para os próximos dias. Hoje, o país bateu um recorde, com quase 2 mil mortes em 24 horas.

A França contabiliza 8.911 casos, mas tem enfrentado problemas com essas contabilizações, pois há atraso no envio dos dados ao governo. Em um único dia, o país europeu reportou mais de 800 mortes, mas ressaltou que não eram óbitos ocorridos dentro das 24 horas, e sim atraso nos dados. Segundo o Ministério da Saúde, o pico ainda não foi atingido lá.

Os dados do gráfico acima, extraídos do Ministério da Saúde brasileiro, vale ressaltar, servem de base de comparação, mas divergem daqueles divulgados pela Organização Mundial da Saúde. Isso porque a OMS contabiliza os casos enviados pelos governos nacionais e pode haver atraso. Além disso, os próprios governos apontam subnotificação nessas contagens, pois não há capacidade para testar todos os casos suspeitos, como deveria ser feito.

O governo brasileiro tem utilizado os dados contabilizados pela Universidade John Hopkins. Na última atualização foram utilizados dados de ontem até as 16h, porém já houve atualização na plataforma e em alguns números, como nos casos dos EUA e França.