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OMS reafirma ineficácia da cloroquina após Brasil lançar protocolo

Cloroquina é usada em casos graves de covid-19 no Brasil, mas ainda não provou eficácia em estudos - Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
Cloroquina é usada em casos graves de covid-19 no Brasil, mas ainda não provou eficácia em estudos Imagem: Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Do UOL, em São Paulo

20/05/2020 12h51

O diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, afirmou hoje que "nesse momento a cloroquina e a hidroxicloroquina não foram identificadas como eficazes para o tratamento da covid-19". A resposta veio quando ele foi questionado sobre o que pensava a respeito da mudança no protocolo de uso dos respectivos medicamentos no Brasil.

A declaração de Ryan acontece no mesmo dia em que o Ministério da Saúde adotou um novo protocolo para o uso da droga, liberando-a em todos os casos e estágios da infecção, inclusive nos casos mais leves.

Ryan considerou que "cada nação é soberana" para "aconselhar seus cidadãos sobre qualquer tipo de medicamento".

Segundo o diretor executivo, é preciso ter em conta os "efeitos colaterais que podem vir a acontecer" e que as "autoridades sanitárias devem avaliar os riscos" do tratamento com cloroquina e hidroxicloroquina durante a infecção pelo coronavírus.

Maria Van Kerkhove, que também faz parte do Programa de Emergência em Saúde da OMS, lembrou que alguns países já estão inscrevendo pacientes no estudo "Solidarity", que é coordenado pela organização.

O ensaio clínico "Solidarity" ("Solidariedade", em português) é uma conjugação de esforços de todo o mundo em busca de chegar a uma resposta rápida sobre quais medicamentos são eficazes no tratamento da covid-19, além de quais são ineficazes e não devem ser utilizados.

No Brasil, o estudo que investiga quatro possíveis tratamentos para a doença é liderado pela Fiocruz.

Resultados da Assembleia Mundial da Saúde

Em seu discurso inicial, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, comentou os resultados da Assembleia Mundial da Saúde, finalizada ontem com o intuito de discutir lições, desafios e próximos passos coletivos para enfrentar a pandemia do novo coronavírus.

Ghebreyesus agradeceu aos chefes de governo que participaram da reunião e assinaram uma resolução de consenso sobre o tema. Bolsonaro não esteve presente na discussão.

A resolução, que estabelece um roteiro de ações críticas que devem ser tomadas no combate ao vírus, atribui responsabilidades à OMS e, de acordo com a fala do diretor-geral, "se implementada, garantiria uma resposta mais coerente, coordenada e mais justa que salvasse vidas e meios de subsistência". Segundo o diretor-geral, ela ainda será revisada antes de ser divulgada.

Entre os pontos críticos do acordo, Ghebreyesus reforçou a existência de uma prioridade global para garantir a distribuição justa de todas as tecnologias essenciais de saúde para combater a pandemia.

"As vacinas para a covid-19 devem ser classificadas como um bem público global para a saúde, a fim de pôr fim à pandemia", disse.

Enquanto isso, a OMS segue apoiando os Estados Membros para garantir que os suprimentos médicos cheguem aos profissionais de saúde e pacientes infectados pela covid-19.

Tedros Ghebreyesus finalizou seu discurso afirmando que a pandemia ensinou que "saúde não é um custo, é um investimento". "Viver em um mundo seguro, garantir saúde de qualidade para todos não é apenas a escolha certa; é a escolha inteligente", finalizou.

Carta de Donald Trump

Em carta enviada ontem, o presidente norte-americano Donald Trump alertou que se não houver uma reforma imediata da OMS e um processo iniciado nos próximos 30 dias, haverá um congelamento dos repasses do país para a entidade.

Questionado sobre a escolha do governo dos Estados Unidos, Tedros Ghebreyesus preferiu não se estender no assunto e disse apenas que a entidade está analisando a carta.