Coronavírus: Últimas notícias e o que sabemos até esta segunda-feira (1)
Manifestações pró e contra o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) tomaram as manchetes do domingo, deixando em segundo plano um momento simbólico importante nesta pandemia do coronavírus: o Brasil confirmou mais uma vez seu papel como epicentro da covid-19 ao passar de 500 mil casos oficiais registrados pelo Ministério da Saúde.
O Brasil registrou o maior número de novos casos da covid-19 e de mortes no mundo nos últimos sete dias. Dados da Organização Mundial da Saúde revelam que o Brasil somou 6821 mortes na última semana, contra 6777 nos EUA.
Em termos de novos casos, o Brasil também liderou. Foram 151 mil casos no período avaliado, contra 141,4 mil nos EUA.
Já em termos diários, o Brasil também é o líder. No dia 31 de maio, todos os países da UE somaram, juntos, 20 mil novos casos da covid-19. No Brasil, foram 33 mil. No mundo, foram 119 mil.
Nos dados das últimas 24 horas, que tradicionalmente são aquém dos outros dias da semana aos domingos, por conta do fim de semana, foram novos 16.409 diagnósticos em 24 horas, totalizando 514.849 pessoas infectadas pelo coronavírus.
Covid-19 cresce cerca de 5 vezes em um mês
Com a confirmação de 623 novas mortes contabilizadas pelo Ministério da Saúde hoje, o Brasil viu o número de óbitos crescer quase cinco vezes em um mês: em 1º de maio, o total era de 6.329. Hoje, já são 29.937.
Segundo o balanço mais recente do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 12.247 novos diagnósticos nas últimas 24 horas e agora soma 526.447 casos confirmados de covid-19 em todo o território — um crescimento de mais de cinco vezes, já que, em 1º de maio, o número de pacientes infectados era de 91.589.
Ainda segundo a pasta, 285.430 casos seguem em acompanhamento. Cerca de 211 mil pacientes já se recuperaram da doença.
América Latina em alerta
Apesar de tudo, não é só o Brasil que acende os sinais de alerta. A América Latina, como um todo, já passa de um milhão de casos.
Com 120 milhões de habitantes, o México tem mais de 90.000 casos declarados e se aproxima de 10.000 mortes. O Peru, de 33 milhões de habitantes, registra quase 4.500 vítimas fatais, mas é o segundo país latino-americano em número de casos de covid-19, com 164.476 infectados.
Ontem, o Chile superou a marca de 1.000 óbitos e se aproxima de 100.000 contágios. O país, de 18 milhões de habitantes, registrou uma brusca mudança de cenário da doença nas últimas duas semanas.
Hoje, Michael Ryan, chefe de operações de emergências da OMS, alertou que não há ainda como prever quando a América do Sul atingirá o pico de transmissão do coronavírus. A agência deixou claro que o mundo precisa mostrar solidariedade à região e confirmou os dados revelados mais cedo pelo UOL em que coloca o Brasil como maior número de casos no mundo, nas últimas 24 horas.
[A região] se transformou na zona de antena transmissão do vírus neste momento. Países estão tendo de trabalhar muito para entender a escala da transmissão"
Por que as mortes em casa aumentaram?
Em um único plantão, uma médica do Samu (Serviço do Atendimento Móvel de Urgência) em Manaus chegou a atestar cinco mortes por covid-19 de pessoas que morreram em suas próprias casas.
Enquanto a situação é dramática em boa parte da rede de saúde brasileira em meio à pandemia, há pacientes como esses, em estado grave, que nem estão tendo a chance de receber atendimento médico: estão morrendo fora dos hospitais, muitas vezes de uma piora rápida e inesperada da covid-19 ou com medo de ir ao médico e pegar a doença.
No Brasil, as mortes em casa totalizaram 27,2 mil entre 16 de março e 30 de abril. Isso representa um aumento de 10,4% em relação ao mesmo período no ano passado, segundo dados divulgados em 7 de maio pelos cartórios no Portal da Transparência do Registro Civil.
Em alguns estados esse aumento foi muito maior: o Amazonas teve 149%, o Rio de Janeiro, 40% a mais e São Paulo, 14,5%.
Amazonas e Pará superam Lombardia
Com mais de 500 mil casos do novo coronavírus, o Brasil já tem dois estados com taxas de incidência do Sars-CoV-2 superiores às de todas as regiões da Itália, incluindo a Lombardia, epicentro da pandemia no país.
De acordo com os dados divulgados neste domingo (31) pelo Ministério da Saúde, Amapá e Amazonas têm, respectivamente, 11.353 e 9.984 casos para cada 1 milhão de habitantes, sem levar em conta a subnotificação.
Na Itália, de acordo com a Defesa Civil, a região com maior incidência do novo coronavírus é o Vale de Aosta, a menos populosa do país, com 9.422 casos para cada 1 milhão de habitantes. A Lombardia, que lidera em número absoluto de contágios (88.968), aparece na segunda posição, com 8.843/1 milhão de hab.
Reabertura em SP: shoppings reabrirão por 4h
Os shopping centers e o comércio de rua receberam do governo do estado de São Paulo um protocolo para voltar a funcionar nas cidades paulistas que estão na fase 2, laranja, como a da capital. A exigência, no entanto, é que o funcionamento se dê por apenas 4 horas e sem cinema e praça de alimentação.
O anúncio foi feito hoje pela secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen. De acordo com ela, as lojas só poderão atender 20% de sua capacidade, com um horário de abertura de quatro horas por dia. As cidades poderão vetar a medida.
Elaboramos protocolos e cada município vai ter que fazer decretos acatando e podendo ser mais restritivos em relação a horário e dias de funcionamento. A definição vai para os municípios, desde que respeitem critérios."
Em São Paulo, já houve reabertura do comércio, mesmo ainda havendo ordem vetando estas atividades.
Covid afeta tratamento de outras doenças
Os serviços de prevenção e tratamento de doenças não transmissíveis têm sido severamente interrompidos desde o início da pandemia. Uma pesquisa publicada nesta segunda-feira pela OMS revela como, em dezenas de países, pacientes tiveram o acesso a serviços médicos abalados, para tratamento de câncer, doenças cardíacas e diabete, entre outras.
A pesquisa foi realizada em 155 países durante um período de 3 semanas. A constatação é de que o impacto é global, mas que os países de baixa renda são os mais afetados. Diz a OMS:
Esta situação é de grande preocupação porque as pessoas que vivem com doenças não-transmissíveis estão em maior risco de doenças graves relacionadas à COVID-19 e de morte"
Rio prorroga decreto da quarentena
As medidas de isolamento social no Estado do Rio de Janeiro para conter o avanço do coronavírus serão prorrogadas por toda esta semana, informou o governo estadual, que já discute medidas de afrouxamento a serem adotadas ainda neste mês.
O decreto da quarentena venceu no domingo, mas será prorrogado até o fim da semana.
Hoje, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), anunciou hoje que a capital iniciará a partir de amanhã (2) um plano de flexibilização gradual da quarentena. A reabertura das atividades econômicas será dividida em seis etapas "lentas, graduais e com segurança", de acordo com o prefeito.
Segundo Crivella, o município não registra filas por leitos em UTIs destinadas à covid-19 neste momento —apesar dos recordes de mortes pelo coronavírus no estado— o que permite pensar na reabertura.
O afastamento social, na medida que vai se prolongando, vai causando efeitos piores, que não compensam as suas vantagens. Há aumento de suicídios, depressão e alcoolismo, além de mortes por outras comorbidades"
Fiocruz trabalha em vacina brasileira
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos oito dos 200 estudos de vacinas já iniciaram a fase clínica de testes, feitos em seres humanos. Uma equipe brasileira para tentar descobrir uma vacina é composta por 15 pessoas e reúne pesquisadores da Fiocruz, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Instituto Butantã, a Universidade de São Paulo (USP) e a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.
Alexandre Vieira de Machado, da Fiocruz, explica que o trabalho de sua equipe está sendo feito a partir de algum conhecimento acumulado com o Sars-CoV-1 e usa como base o vírus influenza recombinante, outra doença com sintomas respiratórios e mais grave em idosos, assim como a covid-19.
Nós modificamos geneticamente o vírus da gripe, que é o vírus influenza, para que ele produza tanto as proteínas do vírus da gripe quanto uma proteína que nós chamamos de imunogênica, uma proteína que induz resposta imune, no caso ao Sars-CoV-2. Esperamos que uma pessoa vacinada com esse vírus tenha uma proteção contra a covid-19 e também à influenza"
Nos Estados Unidos, a farmacêutica americana Eli Lilly and Company divulgou que vai iniciar o primeiro teste em humanos de um novo tratamento para a covid-19 utilizando anticorpos produzidos em laboratório para combater a doença.
Wuhan pode ter erradicado covid após testes
Autoridades de Wuhan disseram que não identificaram novos casos de "transmissores silenciosos" pela primeira vez em quase dois meses, depois do amplo esforço da cidade para testar toda a população.
Das 60 mil pessoas testadas no domingo, não foram encontrados casos de infecções assintomáticas, disse a comissão municipal de saúde de Wuhan na segunda-feira. Em um ambicioso plano para evitar uma segunda onda de casos, Wuhan tem testado toda a população de 11 milhões e registrou cerca de 200 casos assintomáticos nas últimas duas semanas.
Novas medidas para comunidades e favelas no Brasil
O Ministério da Saúde publicou no Diário Oficial da União (DOU) portaria que institui centros comunitários de referência para enfrentamento do novo coronavírus, espaços que serão estruturados por prefeituras municipais em comunidades e favelas para ações de identificação precoce de casos de síndrome gripal ou covid-19, além de acompanhamento de casos suspeitos ou confirmados.
Segundo a portaria, os centros comunitários devem funcionar em locais de fácil acesso à população, atuar de modo complementar às equipes que atuam na Atenção Primária à Saúde e enviar informações das atividades assistenciais ao Sistema de Informação em Saúde da Atenção Básica (Sisab) no nível federal.
Pela portaria, o Ministério da Saúde ainda institui dois incentivos financeiros voltados para os novos centros.
Podcast: Guajajara explica como covid pode levar a genocídio indígena
Quilombolas e agricultores familiares doam alimentos a periferias
Enquanto as políticas públicas não chegam, ou chegam lentamente, agricultores familiares, quilombolas e caiçaras em todo o país têm se organizado para distribuir comida a populações de periferias nas grandes cidades, pacientes de covid-19 em hospitais públicos superlotados, povos indígenas, pessoas em situação de rua, desempregados.
Esses produtores integram um setor do agronegócio que, embora dissociado da imagem pujante de país exportador, responde pela renda de 40% da população economicamente ativa do país e por mais de 70% da renda dos brasileiros ocupados no campo.
Para entender como vêm trabalhando, Ecoa foi ouvi-los. Eles são parte do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Cooperativa dos Agricultores Quilombolas do Vale do Ribeira (Cooperquivale), dois grupos que têm feito distribuições de alimentos orgânicos in natura, marmitas e leite a comunidades vulneráveis. Juntas, as ações já somam mais de 1.200 toneladas de alimentos. Se há "linha de frente", há também ação de base.
Mães solo com covid sofrem
Em 23 de abril, a babá Raphaela Gomes, 26, começou a sentir alguns sintomas da Covid-19. Mãe de Benjamin, 2, que já havia apresentado sintomas dias antes e melhorado. Sem conseguir falar direito e sentindo falta de ar, ela decidiu deixar o filho com o pai do garoto, de quem é separada, e buscar ajuda no hospital.
Voltou para casa com o diagnóstico de Covid-19 e uma lista de remédios que só conseguiu comprar com a ajuda de uma tia. Com o filho sob os cuidados do pai, decidiu se manter isolada para fazer o tratamento. Cinco dias depois porém, foi surpreendida ao ter que receber a criança de volta em casa, devolvida pelo pai.
"Foi muito cansativo. Mesmo ainda doente, tive que cuidar dele e da organização da casa, tirei forças de onde não sabia que tinha", conta. Ela é só uma das mães solo que sofrem com a falta de apoio e tem de equilibrar todos os pratos sozinhas, em meio à pandemia, como mostra a reportagem de Universa.
Rússia: casos sobem mas começa flexibilização
A capital da Rússia iniciou hoje uma nova etapa da flexibilização do confinamento, com a autorização de abertura de mais estabelecimentos comerciais e de passeios para os moradores, apesar do aumento do número de casos diários na semana passada.
O presidente Vladimir Putin espera que o governo apresente um plano de estímulo econômico até 2021, para enfrentar os danos provocados pela epidemia.
Depois de mais de dois meses fechados, muitos estabelecimentos comerciais foram autorizados a reabrir as portas, e os parques da capital estão novamente acessíveis aos moscovitas, que devem usar máscaras no espaço público. Cafés, restaurantes e cinemas continuam fechados, e as concentrações seguem proibidas até nova ordem.
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