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Coronavírus: Últimas notícias e o que sabemos até esta sexta-feira (03)

Presidente Jair Bolsonaro coloca máscara de proteção em Brasília - Adriano Machado/Reuters
Presidente Jair Bolsonaro coloca máscara de proteção em Brasília Imagem: Adriano Machado/Reuters

Do UOL, em São Paulo

03/07/2020 12h44Atualizada em 03/07/2020 20h12

O Brasil somou hoje mais 42.223 casos de coronavírus registrados nas últimas 24 horas no balanço oficial do Ministério da Saúde. O total agora chegou a 1.539.081 diagnósticos de covid-19 em todo o país desde o início da pandemia.

Segundo o ministério, foram registradas no mesmo período novas 1.290 mortes, o maior número diário desde 23 de junho. Hoje, um balanço divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) tinha apontado o Brasil com mais óbitos anunciados em 24 horas e causados pela doença no mundo.

O total de vítimas fatais nas contas do governo chegou hoje a 63.174. A letalidade do coronavírus no Brasil está em 4,1%. O Ministério da Saúde ainda registrou que o país tem 868.372 casos já recuperados da covid-19, enquanto 607 mil pacientes ainda estão em acompanhamento.

Consórcio de imprensa contabiliza 1.264 óbitos hoje

O levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte registrou um número menor que o do Ministério da Saúde em novas mortes confirmadas pelas secretarias estaduais nas últimas 24 horas. Foram 1.264 óbitos. Mas o total é maior do que aparece nos dados do governo federal. Desde o início da pandemia, foram 63.254 vítimas fatais da covid-19.

Já o número de casos chegou hoje a 1.543.341, também acima da conta do ministério. Foram 41.998 novos diagnósticos nas últimas 24 horas.

Em resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro (sem partido) de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de covid-19, os veículos de comunicação UOL, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo, G1 e Extra formaram um consórcio para trabalhar de forma colaborativa para buscar as informações necessárias diretamente nas secretarias estaduais de Saúde das 27 unidades da Federação.

O governo federal, por meio do Ministério da Saúde, deveria ser a fonte natural desses números, mas atitudes recentes de autoridades e do próprio presidente colocam em dúvida a disponibilidade dos dados e sua precisão.

Bolsonaro veta obrigatoriedade de máscaras em escolas e igrejas

Um dia após o Brasil ter seu segundo maior registro de casos confirmados do novo coronavírus em 24 horas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionou a lei de obrigatoriedade de uso de máscaras no país, mas com vetos que a suavizam e permitem que se fique sem em escolas e igrejas, por exemplo.

Entre os trechos com veto de Bolsonaro, fica desobrigado o uso de máscara em estabelecimentos comerciais, industriais e de ensino, templos religiosos e demais locais fechados em que haja reunião de pessoas. Esses estabelecimentos também não precisam fornecer máscara para seus funcionários. Especialistas ouvidos pelo UOL se mostraram contra os vetos de Bolsonaro, que contrariam as recomendações científicas.

Na justificativa, Bolsonaro afirmou que o trecho foi vetado por "incorrer em possível violação de domicílio". O presidente também vetou trecho que obrigava o Estado a fornecer gratuitamente máscaras para as populações de baixa renda. Ao justificar o veto, o presidente afirmou que tal medida poderia criar uma despesa obrigatória ao Poder Público sem que fosse indicada a fonte de custeio.

SP: Capital reabre restaurantes e salões na 2ª

Os restaurantes, bares, salões de beleza e barbearias poderão reabrir na cidade de São Paulo a partir da próxima segunda-feira (6). A prefeitura vai assinar amanhã, às 11 horas, os protocolos que permitem a retomada dos setores.

A capital do Estado avançou para a fase amarela do plano de retomada gradual das atividades econômicas na última semana, mas o prefeito Bruno Covas (PSDB) recebeu uma nota técnica do comitê de saúde pedindo para esperar uma semana para verificar se a pandemia permaneceria sob controle na região.

A consolidação dos dados mostra 55% de ocupação de leitos de UTI da rede municipal.

Os bares, restaurantes e similares podem funcionar por 6 horas diárias, com no máximo 40% da capacidade, uso obrigatório de máscaras e devem fechar às 17 horas (de Brasília). Uma atualização anunciada pelo governo permite que os estabelecimentos que tenham ambientes arejados possam oferecer a opção de consumo no local. Os salões podem reabrir com ocupação máxima de 40% da capacidade e funcionamento de 6 horas diárias.

Já o governo estadual colocou a região de Campinas na fase vermelha (mais grave) e atualizou seu plano de reabertura da economia e antecipou a volta de academias, atividades culturais, eventos e convenções para a fase amarela do plano de retomada gradual. Ainda não há data para isso.

Isolamento e máscaras diminuem contágio

O isolamento social combinado com o uso de máscaras de proteção facial diminuiu em 15% o contágio do vírus SARS-CoV-2 em São Paulo e 25% em Brasília no início da epidemia de covid-19 no país.

As constatações foram feitas por pesquisadores vinculados ao CeMEAI (Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria) em um estudo publicado na plataforma bioRxiv.

"Verificamos que a decretação de quarentena pelos estados combinada com a recomendação do uso de máscara pelo governo federal foram medidas de saúde pública eficazes, que contribuíram para a diminuição da transmissão do vírus na fase inicial da epidemia de covid-19 no país, em que as taxas de contágio cresciam exponencialmente", disse à Agência FAPESP Zhao Liang, professor da FFCLRP (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão) da USP (Universidade de São Paulo) e um dos autores do estudo.

Por outro lado, o Brasil é um dos países que menos realiza testes, o que ajuda na subnotificação de casos e mortes. Até a semana passada, segundo o Ministério da Saúde, o país realizou 13,7 testes para cada mil habitantes. O Chile, que tem dez vezes menos mortes, testou quatro vezes mais. A Eslováquia, que notificou 28 mortes até agora, testou quase três vezes que o Brasil.

Estudo: 3,8% dos brasileiros têm anticorpos

O estudo realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com a UFPel (Universidade Federal de Pelotas) para mapear a pandemia da covid-19 no Brasil apontou a presença de anticorpos do coronavírus em 3,8% da população na terceira fase da pesquisa, realizada com o apoio do Ibope Inteligência.

Segundo os organizadores do estudo, a prevalência de pessoas com anticorpos no país foi de 1,9% na primeira fase da pesquisa, realizada entre 14 e 21 de maio. Na segunda, de 4 a 7 de junho, o percentual subiu para 3,1%. O dado de 3,8% foi registrado na última rodada, entre 21 e 24 de junho. O aumento da primeira para a segunda rodada foi de 53%, e depois 23% entre a segunda e a terceira.

O estudo também apontou a região Norte com a maior prevalência de pessoas com anticorpos na terceira fase, chegando a 8%. O Nordeste vem em segundo lugar, com 5,1%. O Sudeste aparece com 1,1%. As menores taxas são registradas no Centro-Oeste (0,9%) e no Sul (0,4%), que apresentam tendência de crescimento.

A mesma pesquisa também indicou que 91% dos portadores do coronavírus apresentam sintomas, e apenas 9% são assintomáticos.

Bares e restaurantes no Rio reabrem; clientes se aglomeram

As ruas do Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro, ficaram lotadas na noite de ontem, dia em que bares e restaurantes foram autorizados a reabrir suas portas ao público após três meses de paralisação devido à pandemia do novo coronavírus.

Imagens que circulam nas redes sociais mostram pessoas aglomeradas, em desrespeito ao distanciamento social, e sem máscara. Segundo moradores, os estabelecimentos continuaram em funcionamento após as 23h, horário de fechamento estipulado pela prefeitura.

Na Rua Dias Ferreira, no Leblon, tradicional reduto boêmio, clientes tomaram as calçadas e não respeitaram as normas de distanciamento determinadas pela prefeitura.

Possível efeito bumerangue no NE

O novo boletim divulgado pelo comitê científico do Consórcio Nordeste, liderado pelos pesquisadores Miguel Nicolelis e Sergio Rezende, critica a reabertura econômica nos estados e alerta para a probabilidade disso causar um "efeito bumerangue" de casos de covid-19 nas capitais da região.

"Este Comitê continua vendo com extrema preocupação qualquer iniciativa de relaxamento social, tanto no Nordeste como no Brasil, que não se baseie nos critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS)", diz o texto, citando apenas Fortaleza como "possível exceção" nesse contexto.

Para os cientistas, seria necessário um "inequívoco controle efetivo da propagação do coronavírus por um período de pelo menos de duas a três semanas)", somado a taxas controladas de ocupação de leitos de terapia intensiva para se pensar em reaberturas.

Para início da reabertura com segurança, o comitê avalia que é necessária a combinação de pelo menos três fatores:

  • Rt sensivelmente abaixo de 1
  • Curvas de casos e óbitos com quedas consistentes e de grande monta por mais de 14 dias
  • Taxa de ocupação de leitos (enfermaria e/ou UTI) até 70%

O que esperar das vacinas

As vacinas em desenvolvimento no mundo contra o novo coronavírus, oficialmente denominado SARS-CoV-2, poderão controlar a doença causada por ele, a covid-19. No entanto, nenhuma delas será capaz de acabar com a circulação do coronavírus no planeta.

A declaração é do médico Ricardo Palacios, diretor de Pesquisa Clínica do Instituto Butantan, um dos centros de pesquisa do mundo que participam do desenvolvimento de vacinas contra o vírus.

Nós queremos gerar uma expectativa correta para a população. Nós não vamos acabar com o coronavírus com uma vacina. Qualquer uma que seja a vacina. O coronavírus veio e veio para ficar. Ele vai nos acompanhar. Durante todo o tempo de nossas vidas, nós teremos coronavírus circulando"

O pesquisador faz uma analogia entre a covid-19 (causada pelo coronavírus) e a gripe, causada pelo vírus influenza. Pessoas vacinadas contra o vírus influenza podem chegar a desenvolver a gripe, mas, na maioria das vezes, a doença não se desenvolve de forma grave, que poderia levar à morte.

Segundo ele, o mesmo deverá ocorrer com as vacinas contra o novo coronavírus. Elas serão pouco eficientes em impedir a infecção das pessoas com o novo coronavírus, mas deverão proteger as pessoas de desenvolver a covid-19 em sua forma grave.

Uma boa notícia é que a vacina contra a Covid-19 pesquisada pela Universidade de Oxford e pela empresa AstraZeneca, testada no Brasil, é hoje a que mais está avançada no que se refere ao seu desenvolvimento. Soumya Swaminathan, cientista da Organização Mundial da Saúde (OMS), revelou que 17 vacinas estão hoje em fase de testes clínicos e acompanhadas pela agência de saúde.

EUA batem recorde de casos

Os Estados Unidos registraram o recorde de 53.069 infecções por coronavírus em 24 horas, de acordo com a contagem de ontem da Universidade Johns Hopkins, quando o país enfrenta um rápido aumento de casos da doença.

O país contabiliza desde o início da pandemia 2.735.554 diagnósticos positivos da covid-19 e teve 80% de seus estados registrando aumento no número de novos casos.

É a terceira vez nesta semana que os Estados Unidos registram recorde de contágios diários, com mais de 42.000 na segunda-feira e mais de 52.000 na quarta.

Uma análise da CNN mostra que países que relaxaram medidas de isolamento sem queda representativa nos números de novos casos e mortes, como os próprios EUA e o Brasil, têm resultados mais mortais. A comparação é com os países liberados a viajar para a União Europeia, todos com isolamento forte e queda nos dados, antes da reabertura gradual e lenta.

Mutação do vírus

A variante do SARS-CoV-2 dominante infecta células com mais facilidade do que o que apareceu na China, o que provavelmente o torna mais contagioso entre os seres humanos, embora isso ainda deva ser confirmado. É o que revela um estudo publicado na revista Cell.

"Parece que o vírus se replica melhor e pode ser mais transmissível, mas ainda estamos na etapa de tentar confirmar isso. Existem geneticistas de vírus muito bons trabalhando nisso", disse Anthony Fauci, diretor do Instituto de Doenças Infecciosas dos Estados Unidos à revista Jama.

Depois de deixar a China e entrar na Europa, uma variante do novo coronavírus, que constantemente sofre mutações como qualquer vírus, tornou-se dominante e foi essa versão europeia que se estabeleceu nos Estados Unidos. A variante chamada D614G refere-se a uma única letra no RNA do vírus, em um local onde controla a entrada nas células humanas.

Norte-americanos buscam bunkers

A pandemia de covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, provocou uma explosão na procura por bunkers nos Estados Unidos. Geralmente associados a milionários ou aos chamados preppers, indivíduos que se preparam para o apocalipse, esses abrigos subterrâneos têm atraído uma clientela variada, assustada com a crise e temerosa de que a situação possa se agravar no futuro.

Empresas ao redor do país relatam que o número de pedidos aumentou tanto nos últimos meses que tem sido difícil atender à demanda. "Ao longo dos últimos dez anos, houve algumas catástrofes que geraram muita procura", diz à BBC News Brasil o proprietário da empresa Survival Condo, Larry Hall, citando como exemplos o terremoto e tsunami que atingiram o Japão em 2011.

Mas este é o maior aumento que já vimos. Com a covid-19, houve aumento de cerca de 800% na procura"

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O Vivos xPoint, em Dakota do Sul, é um complexo com 575 bunkers construídos durante a Segunda Guerra Mundial
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