Preços das vacinas contra a covid-19 no Brasil ainda não estão definidos
Centro da mais nova polêmica do governo Jair Bolsonaro (sem partido), as vacinas contra a covid-19 testadas no Brasil ainda não têm preço definido. O valor de US$ 10 oferecido pelo Ministério da Saúde em ofício enviado ao Instituto Butantan, no entanto, não desvia das previsões internacionais.
Hoje, o presidente desautorizou publicamente seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, após o anúncio de compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, vacina produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo. Entre as justificativas dadas por Bolsonaro para a rejeição foi o " bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem".
Em ofício enviado ao Instituto Butantan que mostra a intenção de comprar a CoronaVac, o Ministério da Saúde estimou o preço da dose em US$ 10,30 (cerca de R$ 56,60) — são necessárias duas doses, com intervalo de 14 dias. Esse valor é condizente com o preço estimado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) em seu consórcio para vacinar países pobres.
No Brasil, no entanto, o preço ainda não foi definido pelas fabricantes. Em acordo anunciado no final de setembro, o governo paulista adquiriu 60 milhões de doses, que serão entregues em duas levas, por US$ 90 milhões (cerca de R$ 505 milhões). Isso indica US$ 1,5 (R$ 8,25) por dose, quase sete vezes a menos do que o proposto pelo ministério.
Essa diferença se dá pelo tipo de acordo. O Instituto Butantan ressaltou que o negócio entre o governo paulista e a Sinovac é um acordo de cooperação que inclui transferência de tecnologia, não apenas uma compra — o que impacta diretamente no preço.
Da mesma forma, o governo federal editou uma medida provisória em agosto que liberou R$ 1,8 bilhão para um acordo com a AstraZeneca, que produz uma vacina junto à Universidade de Oxford, que incluía "transferência de tecnologia e produção de 100 milhões de vacinas" pela Fiocruz. Neste caso, prevê-se a aplicação de apenas uma dose por pessoa.
Em setembro, o governador baiano Rui Costa (PT) anunciou a compra de 50 milhões de doses da vacina Sputnik V, desenvolvida pela Rússia, sem divulgar valores. A imunização, neste caso, também requer duas doses por pessoa. Os lotes deveriam chegar em novembro e precisam ser aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A reportagem procurou a Secretaria de Saúde da Bahia para saber o valor pago pelas doses, mas não teve resposta até o fechamento da matéria.
As outras vacinas testadas no Brasil também não especificaram seus valores. Procurada pelo UOL, a Pfizer, que produz uma vacina junto à BioNTech, afirmou que o preço ainda não foi definido. A Janssen, que está com os testes em pausa, também disse estar definindo os próximos passos, sem ter estimativa de preços.
O UOL tentou entrar em contato ainda com a AstraZeneca, mas não teve sucesso até o fechamento da matéria.
Internacionalmente, os valores almejados pelos governos variam. Segundo matéria da revista Veja, a dose da AstraZeneca nos Estados Unidos custará cerca de US$ 4 (R$ 22) ao passo que, segundo o jornal britânico Daily Mail, ela custará 2,20 libras (R$ 16) na Europa.
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