Doria rebate governo federal: 'Brasil quer menos política e mais vacina'
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), rebateu hoje declarações feitas ontem pelo governo federal que envolvem o início da campanha de vacinação nacional contra a covid-19. O tucano voltou a cobrar uma definição do Ministério da Saúde sobre a data em que o governo pretende começar a imunizar a população.
Ontem, Elcio Franco, secretário executivo do ministério, afirmou, em vídeo oficial, que Doria estaria brincando com a esperança de milhares de brasileiros. Franco acusou o governador de "vender sonhos" sobre a CoronaVac, a vacina desenvolvida pela Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, porque ela ainda não tem a aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para ser distribuída no Brasil.
"O governo não tem sequer a data para começar [a vacinação]", disse hoje Doria durante entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. "O Brasil quer menos política e mais vacina. O governo federal precisa correr pela vida. Por que insistir no marasmo e na discussão política? A quem interessa essa lentidão? Por que não iniciar a vacinação em janeiro, ao invés de março?"
A resposta do governo é que no Brasil não há ainda nenhuma vacina aprovada pela Anvisa para distribuição. O Ministério da Saúde apresentou anteontem ao STF (Supremo Tribunal Federal) um plano nacional de vacinação contra a covid-19 que incluiu a CoronaVac entre as 13 vacinas consideradas para iniciar a imunização da população.
"Hoje os Estados Unidos começaram a vacinar. E o governo brasileiro não tem PNI [Programa Nacional de Imunização] com todas as vacinas disponíveis, incluindo a vacina do Butantan", criticou o governador paulista.
Por conta da falta de prazos, o STF acionou ontem o Ministério da Saúde e a pasta federal terá até 48 horas para responder sobre a demanda.
Briga pela vacina
Este é mais um capítulo de uma longa discussão pública entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e Doria. Enquanto o governador paulista segue pressionando o Planalto, o presidente já deu diversas declarações rechaçando o uso da CoronaVac.
Em outubro, Bolsonaro acabou desautorizando publicamente o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre a intenção de compra de 46 milhões de doses da CoronaVac. "O povo brasileiro não será "cobaia", disse o presidente, que chamou a CoronaVac de "vacina chinesa de João Doria".
O governador paulista tem respondido com cobranças públicas frequentes ao presidente. Após divulgar o plano estadual de vacinação para São Paulo, no início deste mês, Doria afirmou que Bolsonaro "abandonou o Brasil" e cobrou atitudes por parte do governo federal.
A divulgação do plano, com reserva de 4 milhões de doses para outros entes federativos, gerou um alvoroço entre estados e municípios. Ao todo, 11 estados e mais de 900 municípios, segundo Doria, decidiram não esperar pelo plano nacional e procuraram o governo paulista para declarar intenção de compra da CoronaVac.
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