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Bolsonaro diz que Araújo vai a Israel avaliar spray sem eficácia comprovada

Do UOL, em São Paulo

02/03/2021 22h16Atualizada em 03/03/2021 10h54

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou hoje que uma equipe de dez integrantes do governo, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, vai a Israel no próximo sábado (6) para conhecer o spray nasal EXO-CD24, medicamento que começou a ser testado contra a covid-19 apenas recentemente e ainda não tem dados de eficácia publicados.

Segundo Bolsonaro, "está tudo acertado" para dar entrada no pedido de autorização, a ser enviado à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), para a realização dos estudos de fase 3 no Brasil. "Mas não quer dizer que vai acontecer", acrescentou o presidente, que conversou com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.

Chefiada por Ernesto Araújo, a comitiva terá um encontro com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e deve visitar o hospital onde o spray é testado e o laboratório que faz as pesquisas. De acordo com Bolsonaro, "todas as tratativas foram feitas, todos os acordos, todos os memorandos".

"Como é para ser usado em quem está hospitalizado, quem está em UTI [Unidade de Terapia Intensiva], eu acho que não tem problema nenhum usar esse spray. O que é esse spray? Não sei. Parece que é um produto milagroso, parece. Nós vamos atrás disso", afirmou.

Isenção de culpa

Bolsonaro ainda voltou a se isentar da responsabilidade pelos números da pandemia — "200 e tantas mil mortes", como disse —, culpando estados e municípios e distorcendo o entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal) de que os entes federados têm autonomia para adotar medidas restritivas contra a covid-19, como o lockdown (confinamento total).

"A política de tratar do vírus não é minha. Segundo o STF, essa política cabe aos governadores e prefeitos", declarou, apesar de o Supremo nunca ter dispensado o governo federal da responsabilidade de atuar no combate à pandemia.

Pouco depois da fala do presidente, o Brasil confirmou 1.726 novas mortes pela covid-19 em 24 horas — o pior dia da pandemia, segundo o consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte. Já o número de casos saltou para 10,6 milhões, com o acréscimo de 58.237 diagnósticos positivos de ontem para hoje.

(Com Estadão Conteúdo)