Após recordes de mortes, Opas recomenda medidas mais restritivas ao Brasil
A Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), braço da ONU nas Américas, destacou hoje ter grande preocupação com a situação da covid-19 no Brasil. Segundo os diretores, medidas mais restritivas são recomendadas para todo o território nacional a fim de conter a disseminação da doença.
"Temos recebido informes do Ministério da Saúde e dos estados do Brasil sobre a alta incidência de casos, aumento de ocupação de leitos de UTI e da mortalidade", afirmou o gerente de Incidentes, Sylvain Aldighieri. "Esse fenômeno tem sido observado na maioria das regiões do Brasil, incluindo Nordeste, Centro-Oeste e Sul."
Nesse contexto de aumento nacional da transmissão, a Opas recomenda medidas muito mais restritas de saúde pública"
Sylvain Aldighieri, gerente de Incidentes da Opas
Segundo ele, "essas medidas de saúde provaram ser eficazes em conter a transmissão em contextos similares"
Aldighieri afirma que ao menos 12 estados têm reportado aumento na ocupação de leitos de UTI para mais de 85%. "Há algumas exceções nesses números, como Amazonas e Roraima, porém esses estados foram altamente impactados pela segunda onda em janeiro e fevereiro e agora estão reportando queda em novos casos e mortes."
Já na abertura da conferência de imprensa, a diretora da Opas, Carissa F. Etienne, ressaltou a inquietação do órgão com a situação brasileira.
"Os casos estão em crescimento em quase todos os estados brasileiros. Na última semana, o país reportou a sua segunda maior taxa de infecções e seu dia mais letal desde o começo da pandemia, com 1.910 mortes reportadas em apenas 24 horas."
Esse número foi reportado no dia 3 de março pelo Ministério da Saúde, sendo até então o recorde no registro de mortes do país. Porém ontem, novos números do Ministério e também do consórcio de veículos de imprensa superaram essa marca: ontem foram registrados 1.954 óbitos em 24 horas.
Estamos preocupados com a situação no Brasil. É importante lembrar que áreas antes atingidas pela pandemia ainda são vulneráveis à doença. E por isso é importante continuar monitorando o vírus e fornecer dados atualizados"
Carissa F. Etienne, diretora da Opas
A diretora relembrou o colapso do sistema de saúde do Amazonas, que levou à falta de oxigênio tanto para paciente de covid-19 quanto para pacientes com outras enfermidades.
"Não podemos esperar que nosso sistema de saúde fique sobrecarregado para implementar medidas públicas de saúde", alertou a diretora. "Nós devemos implementar essas medidas cedo e rápido para proteger vidas e nosso sistema de saúde."
Hoje, o presidente do fórum de governadores, Wellington Dias (PT), governador do Piauí, afirmou que o Brasil já vive neste momento um colapso nacional em razão da pandemia de coronavírus.
Buscando conter a doença, 23 chefes de estados firmaram um pacto nacional para conter o avanço da covid-19 e exigem o fornecimento de mais leitos de UTI.
Sobre a variante P1 primeiro encontrado no Brasil, Sylvain Aldighieri diz haver várias equipes da Opas mobilizadas nos estados para ajudar nos estudos do vírus.
"Temos várias publicações de pesquisas brasileiras, incluindo da Fiocruz em Manaus que estão nos ajudando a entender melhor essa variante P1 nos aspectos genéticos", disse.
"Os dados preliminares parecem indicar maior transmissibilidade, mas isso também foi descrito na variante detectada no Reino Unido. Quanto à severidade, não temos estudos atualizados e preliminares que apoiam a hipótese."
Além do Brasil, os membros da OPAS ressaltaram que as Américas como um todo vivem uma situação dramática.
"Até esta semana a América já reportou mais de 52 milhões de casos e mais de 1.2 milhão de mortes por covid-19, sendo que mais de 1 milhão desses casos foram reportados somente na última semana", disse Etienne.
A diretora não descartou a possibilidade da região vivenciar uma terceira onda da doença a partir do feriado de páscoa e semana santa, também chamado de "spring break" nos países da América Central e Caribe.
Quanto à vacinação na região, o diretor assistente Jarbas Barbosa reforçou que ainda irá demorar para visualizar o impacto da imunização da região, como já pode ser visto preliminarmente em Israel.
"Vai demorar um tempo até termos as pessoas imunizadas contra a covid-19. É esperado que tenhamos ao menos 70% da população vacinada para controlar a transmissão. Por isso que muito países da Europa que já vacinaram 12% a 15% da população com a primeira dose estão implementando medidas muito restritas de contenção da doença".
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