Exército egípcio lança ataque aéreo contra posições islamitas no Sinai

Crise no Egito
Crise no Egito

Helicópteros do Exército egípcio bombardeavam nesta sexta-feira (13) supostas posições islamitas no norte do Sinai, dois dias após um grupo de insurgentes lançar um ataque contra soldados egípcios nesta instável península, informaram fontes de segurança.

O Exército egípcio destruiu posições e veículos utilizados por estes grupos armados, informaram estas fontes. A operação seguia em andamento nesta sexta-feira, acrescentaram.

Na última quarta-feira, seis soldados egípcios morreram na explosão de dois carros-bomba na península do Sinai, em plena operação militar contra grupos radicais.

Os ataques dos rebeldes jihadistas contra as forças de segurança se multiplicaram no Sinai desde que no dia 3 de julho o exército destituiu o presidente islamita Mohamed Mursi. A destituição foi seguida por uma sangrenta repressão contra as manifestações que pediam o retorno de Mursi.

O Exército reagiu lançando uma ofensiva de grande alcance há mais de uma semana, bombardeando quase diariamente os refúgios dos jihadistas, considerados terroristas.

Nesta sexta-feira, milhares de simpatizantes do presidente Mursi protestavam em Nasr City, um subúrbio do Cairo.

No dia 14 de agosto foram registrados nesta região confrontos sangrentos entre milhares de manifestantes pró-Mursi, o Exército e a polícia.

A destruição dos acampamentos dos manifestantes nas praças Rabaa al-Adaqiya, em Nasr City, e Nahda, em frente à Universidade do Cairo, deixou centenas de mortos na ocasião.

Os protestos desta sexta-feira têm como lema "Lealdade ao sangue dos mártires". Muitos manifestantes carregavam fotografias de manifestantes pró-Mursi mortos nos confrontos e gritavam slogans como "Vamos obter os seus direitos (pelos quais eles lutaram) ou morreremos como eles".

ENTENDA A CRISE NO EGITO


O que aconteceu?
O comandante-geral do Exército, o general Abdul Fattah al-Sisi, declarou na TV que a Constituição foi suspensa e que o presidente da Suprema Corte assumiria poderes presidenciais, na prática derrubando o presidente Mohammed Mursi. Com isso, Adli Mansour comanda o governo interino formado por tecnocratas até que eleições presidenciais e parlamentares sejam convocadas. No Twitter, Mursi chamou o pronunciamento de "golpe completo categoricamente rejeitado por todos os homens livres de nossa nação". Soldados e carros blindados rondam locais importantes do Cairo enquanto centenas de milhares de manifestantes protestam nas ruas.

O que motivou a crise?
O descontentamento começou em 2012, quando Mursi, 1º presidente democraticamente eleito do Egito, deu a si mesmo amplos poderes numa tentativa de garantir que a Assembleia Constituinte concluísse a nova Constituição. Desde então, houve uma cisão política no país. De um lado, Mursi e a Irmandade Muçulmana; de outro, movimentos revolucionários e liberais. Quando a nova Constituição, polêmica e escrita por um painel dominado por islamitas, foi aprovada às pressas, as manifestações em massa tomaram as ruas, e Mursi acionou o Exército. Mas enfrentamentos continuaram, deixando mais de 50 pessoas mortas. Diante da pressão, os militares deram um ultimato ao presidente, que tinha 48 horas para atender às demandas populares. Mursi insistiu que ele era o líder legítimo do Egito, e houve intervenção.

Qual o caminho traçado pelos militares?
Após encontro de líderes políticos, religiosos e jovens, o general Sisi disse que o povo clamava por "ajuda" e que os militares "não podiam permanecer em silêncio". Ele disse que o Exército fez "grandes esforços" para conter a situação, mas o presidente não atendeu "às demandas das massas" e era hora de por "fim ao estado de tensão e divisão". Como a nova Constituição era alvo de fortes críticas, ele suspendeu-a temporariamente. O general não especificou quanto tempo duraria o período transitório e o papel que será exercido pelos militares. Ele conclamou a Suprema Corte Constitucional a rapidamente ratificar a lei permitindo eleições para a Câmara Baixa do Parlamento, que está dissolvida, e para a Assembleia Popular. E afirmou que um novo código de ética será expedido.
  • Fonte: BBC Brasil

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