Presidente da agência AP acusa EUA de violar liberdade de expressão


Em Miami (EUA)

A espionagem telefônica de repórteres da agência de notícias americana Associated Press (AP) em 2012 pelo Departamento de Justiça "foi uma das violações mais flagrantes da Primeira Emenda à Constituição", afirmou neste sábado (19) o presidente da agência na Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP).

Gary Pruitt fez um duro discurso contra o governo do presidente Barack Obama, ao afirmar que seu governo "processou fontes que filtram informações como nenhum outro governo", e comparar algumas de suas práticas as de regimes autoritários.

As declarações fizeram parte de sua apresentação "Liberdade de imprensa vs. segurança nacional: a opção falsa", durante a assembleia da SIP, que acontece em Denver, no estado americano do Colorado.

Alvos de espionagem

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"Os casos de espionagem telefônica de jornalistas da AP em 2012 foram uma das violações mais flagrantes da Primeira Emenda à Constituição dos Estados Unidos com as quais tivemos que lidar", criticou Pruitt, assinalando que os governos que tentam forçar os cidadãos a optar entre uma imprensa livre e a segurança nacional apenas "criam um dilema falso".

O governo Obama recebeu duras críticas de legisladores e grupos de defesa dos direitos civis por suas investigações dos vazamentos, após ter confiscado gravações telefônicas de repórteres da AP.

No começo do ano, o Departamento de Justiça revelou ter espionado conversas telefônicas de repórteres da AP nos Estados Unidos a fim de identificar a origem de um vazamento que se referia a uma operação da CIA que, em 2012, abortou um plano de um braço da Al-Qaeda no Iêmen para explodir uma bomba em um avião com destino aos Estados Unidos.

"Uma imprensa livre e independente diferencia democracias de ditaduras, separa uma sociedade livre de uma tirania", disse o presidente da AP, ao afirmar que a organização que preside continuará lutando para preservar estes valores.

Pruitt foi aplaudido longamente na assembleia da SIP, da qual participam mais de 300 jornalistas, editores e diretores de veículos de comunicação.

O encontro termina na próxima terça-feira, com a divulgação de um relatório sobre a liberdade de imprensa em vários países, entre eles alguns em que a entidade considera que há "problemas sérios de liberdade de expressão", como Brasil, Argentina, Cuba, Equador, México e Venezuela.

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